E&P

Petrobras e Repsol fecham parceria no gás

Valor Econômico
24/02/2005 03:00
Visualizações: 679 (0) (0) (0) (0)

A Petrobras está negociando a formação de uma parceria com a espanhola Repsol com o objetivo de compartilhar os investimentos necessários para o desenvolvimento da produção do campo de gás de Mexilhão, na bacia de Santos (SP), o maior do país, com reservas estimadas em 419 bilhões de metros cúbicos de gás natural, a maior descoberta já feita no país. O acordo para formar a parceria foi assinado em janeiro e vinha sendo guardado a sete chaves.
O Valor procurou a direção da Petrobras e da Repsol no Brasil, mas os executivos não quiseram se pronunciar. A possibilidade de uma multinacional no projeto está irritando a área mais nacionalista da estatal brasileira que considera um equívoco entregar agora a um parceiro estrangeiro um campo no qual estima-se que já foram investidos cerca de US$ 300 milhões e sobre o qual a Petrobras detém 100% dos direitos exploratórios.
Segundo avaliação de técnicos da Petrobras, somente com o aluguel de equipamentos de perfuração a estatal já gastou cerca de US$ 285 milhões na área. A previsão de investimentos é estimada entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões, dependendo da tecnologia a ser utilizada, e que segundo a área nacionalista poderiam ser perfeitamente financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou com recursos oriundos da securitização de recebíveis da estatal.
Uma fonte que defende a associação lembra que a Petrobras não tem dinheiro para desenvolver a produção de 4 bilhões de barris de óleo equivalente de gás descobertos nos últimos anos. Está prevista para hoje a realização de um seminário fechado na sede da Petrobras para a apresentação dos dados sobre o campo à Repsol. Só depois os espanhóis vão definir seu percentual de participação.
Nesse seminário seriam apresentados dados considerados estratégicos sobre a geologia dos reservatórios, mas devido às pressões essa parte ficará de fora do seminário, o que foi interpretado pelos nacionalistas como uma pequena vitória. A retirada teria ocorrido após conversas de parlamentares do PT com dirigentes da Petrobras sobre os riscos de abrir a uma empresa concorrente detalhes tecnológicos.
A ordem para que a área de exploração e produção da Petrobras apressasse o início da exploração do campo teria vindo de Brasília. A escolha da Repsol também. Isso porque uma ala do governo teria considerado como manifestação de desinteresse da estatal brasileira o fato desses investimentos não estarem previstos no Plano Estratégico quatro anos após o primeiro furo na área. Apenas em 2003 ela informou ao mercado a descoberta de um campo gigante na área. A formação de parceria para tornar mais ágil o desenvolvimento do campo gigante, objetiva corrigir uma falha política no planejamento anterior, que previa o início da produção de gás em Santos para 2009/2010. Mas até lá o mandato do presidente Lula estará no final, já considerando a hipótese de sua reeleição em 2006. Agora, o objetivo é antecipar para pelo menos 2008.
Além da Repsol outras multinacionais de petróleo teriam se oferecido para fazer parceria em Mexilhão, como a britânica BG e a norueguesa Statoil. Segundo informações obtidas pelo Valor, a opção pelos espanhóis teve dois motivos: primeiro, o fato de as duas empresas já terem parcerias importantes em outros projetos na América Latina, o que permitirá uma "complementaridade" de investimentos. Em segundo, porque as empresas que manifestaram interesse já teriam sinalizado com projetos de exportação de gás natural liquefeito (GNL). Além de exigir investimentos maiores, isso transformaria o Brasil em uma plataforma de exportação de gás, o que não interessa ao governo brasileiro, que ainda desenha um modelo para o setor de gás e planeja expandir a presença desse insumo na matriz energética do país.
O campo de Mexilhão, quando tiver sua produção contratada, irá triplicar as reservas brasileiras de gás natural e será uma opção complementar ao gás boliviano para o abastecimento da região Sudeste. O campo foi encontrado no bloco exploratório BS-400, no qual a Petrobras já perfurou quatro poços para avaliar as dimensões de reservatório. Outros quatro poços foram perfurados no bloco limítrofe (BS-500) para delimitar as descobertas de petróleo e de gás no local.
A Petrobras e a Repsol já são sócias no Brasil, Argentina e Bolívia, onde as duas empresas dividem com a francesa Total a propriedade dos campos de San Alberto e San Antonio. A parceria se fortaleceu em dezembro de 2000, com a conclusão de uma troca de ativos no Brasil e Argentina, no qual a Petrobras adquiriu a rede de postos Eg3 e cedeu, como contrapartida, 30% da Refap, 10% do campo de Albacora Leste e 243 postos da BR.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
PetroRecôncavo
PetroRecôncavo celebra 25 anos com investimentos robusto...
25/06/25
Biocombustíveis
Posicionamento IBP - Elevação do percentual de mistura d...
25/06/25
Etanol de milho
Abertura da China amplia parceria estratégica para copro...
25/06/25
Royalties
Valores referentes à produção de abril para contratos de...
25/06/25
Negócio
Copa Energia adquire parte da GNLink e avança em estraté...
25/06/25
Etanol
ORPLANA recebe apoio de associações em defesa do CONSECA...
25/06/25
Leilão
PPSA divulga Limite Mínimo de Preço para o 5º Leilão de ...
24/06/25
PD&I
Nexio apresenta soluções de inovação digital na SP Offshore
24/06/25
Evento
FIEE realizará 1º Congresso da Indústria Eletroeletrônic...
24/06/25
ANP
Manifesto pela revisão de cortes na ANP
24/06/25
Energia Elétrica
Selco economiza mais de R$ 110 mil em oito meses ao migr...
24/06/25
Bahia Investe
Bahia Investe destaca potencial de crescimento do setor ...
24/06/25
Brava Energia
Brava Energia aposta em eficiência e inovação tecnológic...
24/06/25
Comemoração
Porto de Niterói celebra 100 anos de história e destaque...
24/06/25
Evento
Repsol Sinopec Brasil discute inovação e descarbonização...
24/06/25
Gás Natural
Compagas, Necta e Sulgás abrem chamada pública conjunta ...
23/06/25
SLB
SLB aposta em crescimento no Nordeste e investe em digit...
23/06/25
Evento
Copa Energia participa do Energy Summit 2025 e destaca c...
23/06/25
Internacional
Conflito no Oriente Médio pode elevar os custos de produ...
23/06/25
COP30
IBP realiza segundo evento Pré-COP30 em Belém
23/06/25
Rio de Janeiro
Innovarpel 2025: especialista fala sobre nova era da cib...
23/06/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22