Pré-Sal

Decisão sobre exploração de petróleo só no próximo ano

Valor Econômico
10/07/2008 08:50
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou para 2009 a decisão sobre a exploração das jazidas de petróleo descobertas na camada pré-sal. Em linguagem leiga, o que Lula quer primeiro saber é se o que a Petrobras descobriu foram "vários lagos ou um mar contínuo de petróleo", antes de tomar a decisão, segundo contou um ministro ao Valor. Já se tem como certo que o pré-sal encerra uma megajazida. O que o governo quer conferir agora é se na realidade trata-se de uma "hipermegajazida", ou o "mar de petróleo", como é chamado no Palácio do Planalto. 


O governo ainda não tem uma opinião consensual sobre o assunto. O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, defendeu a criação de uma nova empresa estatal que seria dona das reservas, ditaria o ritmo de produção e supervisionaria a exploração dos novos campos, com capital integral da União. Já o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, advoga que a exploração fique a cargo da estatal que fez o investimento, pesquisou e identificou as jazidas a partir de uma teoria desenvolvida pelo corpo técnico da empresa. A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, analisa as várias opções que estão sendo discutidas, mas ainda não se decidiu por nenhuma delas. 


Além das propostas de Lobão e Gabrielli, está sendo considerada, também, a possibilidade do aumento da participação da União na Petrobras. Essa não seria uma operação simples, mas o governo acredita ser viável fazer um aporte de capital para elevar a participação da União, o que implicaria reduzir proporcionalmente a participação dos acionistas minoritários. Outra alternativa é a de prestação de serviços por empresas privadas. No Palácio do Planalto, a hipótese que parece causar menos entusiasmo é deixar a exploração do pré-sal para a Petrobras. Na realidade, até agora ninguém defendeu a passagem das jazidas simplesmente para a Petrobras. 


Opinião que mais importa, Lula, sempre que é questionado sobre o assunto, limita-se a responder: "O petróleo é da União e deve servir ao país." Nesse sentido, todo o debate sobre a distribuição dos royalties decorrentes da exploração dessa nova jazida, converge, no governo, para a criação de um fundo destinado a investir em educação. 


Lula quer decidir o assunto no próximo ano, antes da campanha sucessória, mas é possível que tenha de esperar até 2010, a depender das pesquisas complementares que estão sendo feitas pela Petrobras para ter a certeza sobre a existência de vários grandes lagos ou um mar de petróleo no pré-sal, uma área que se estende do litoral do Espírito Santo até os limites de Santa Catarina. Se houver "o mar", que é a melhor hipótese, inclusive os custos de exploração serão menores, quando os campos estiverem em operação. 


A segurança de que já dispõe de uma megajazida na área do pré-sal decorre da primeira fase do trabalho de pesquisa da Petrobras. Inicialmente, a estatal operou com cinco sondas, em regiões diversas. Em todas encontrou petróleo leve, de alta qualidade e grande quantidade de gás. A dúvida é se são vários grandes lagos intermitentes ou um mar contínuo de óleo. 


É essa certeza que levou o governo a discutir a forma de exploração das jazidas. "O risco de perfurar no pré-sal é zero", disse um ministro diretamente envolvido nas discussões. A Petrobras investiu US$ 2 bilhões na pesquisa do pré-sal. A "primeira sonda", como se refere o ministro, custou US$ 280 milhões. Hoje, a perfuração caiu para a faixa de US$ 40 milhões. 


Lula está convencido que o sucesso da empreitada da Petrobras é resultado da decisão política do governo federal de investir na pesquisa de petróleo, atividade que havia sido negligenciada pelo governo tucano nos dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O PSDB teria concluído que não havia condições políticas para privatizar a Petrobras, mas, em compensação, descurou na gerência da empresa. Atualmente, o sentimento entre os funcionários da empresa seria de euforia, em razão dos seus sucessos. Lula costuma dizer que "a Petrobrás é uma outra nação. Felizmente é uma nação amiga." 

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