Menor nível da principal matéria-prima da indústria petroquímica brasileira em 2014.
Valor Online
A forte desvalorização do preço internacional do petróleo, diante da lenta retomada das principais economias do mundo e da oferta abundante da commodity, e a crescente exportação de nafta de xisto a partir dos Estados Unidos levaram o preço da nafta, principal matéria-prima da indústria petroquímica brasileira, a atingir em outubro o menor nível de 2014.
Na média do ano, porém, o valor ainda é maior do que o praticado em 2013 e, apesar do viés de baixa para as cotações no curto prazo, a avaliação de especialistas é que indústrias que não forem competitivas serão perdedoras na disputa por um mercado que reduziu os níveis de consumo.
Segundo o relatório QuiMax, da consultoria MaxiQuim em parceria com a IHS, o preço médio da tonelada da matéria-prima neste mês no Brasil deve ficar em US$ 874, o mais baixo do ano - de dezembro de 2013 até agosto de 2014, a cotação esteve acima da casa de US$ 900 por tonelada. Na média dos dez meses do ano, porém, a tonelada da matéria-prima é de US$ 922, 3% acima do valor verificado no mesmo intervalo de 2013.
A conversão dos preços para o real revela uma conta ainda mais pesada para a petroquímica nacional. De janeiro a outubro, a tonelada da nafta custou em média R$ 2.115 - 11% acima do preço médio de R$ 1.902 verificado em igual período de 2013. "O ano de 2015 não será fácil para a petroquímica no mundo. Quem tiver custos competitivos, como as americanas, vai ficar melhor", diz o diretor e sócio da MaxiQuim, João Luiz Zuñeda. "Apesar do viés de baixa, o valor da matéria-prima no Brasil ainda é bastante elevado".
Segundo o especialista, por ora, as expectativas são ruins para o fim deste ano e início de 2015, em uma conjuntura que combina queda dos preços do petróleo, da nafta e das commodities agrícolas e incertezas quanto à evolução de importantes economias globais, como a alemã. "Nós temos mercado, mas é preciso ajustar nossos custos para que sejam competitivos, de forma a equilibrá-los com um mercado que não está consumindo tanto quanto antes", acrescenta Zuñeda.
Do lado do petróleo, o cenário sugere algum alívio para os preços globais da nafta, depois de a Agência Internacional de Energia (AIE) ter cortado a previsão para o crescimento da demanda em 2014 para o nível mais baixo em cinco anos, o que reforça a tendência de retração da commodity - na terça-feira, o barril tipo Brent, negociado em Londres, fechou a US$ 85,04, no menor valor desde novembro de 2010.
"A tendência é de queda dos preços da nafta, porque a economia europeia, que é base para a nafta ARA, não está se recuperando como era esperado, o que se reflete em preços menores do petróleo", explica Zuñeda. Além disso, os Estados Unidos, que há dois anos disputavam com o Brasil nafta no mercado internacional e eram, portanto, importadores da matéria-prima, passaram a exportar o insumo a partir da exploração do gás de xisto.
Conhecida nos Estados Unidos como gasolina natural, a nafta leve corresponde à fração líquida do gás de xisto, é mais barata que o derivado de petróleo e pode ser usada nas centrais petroquímicas base nafta. A Braskem, maior petroquímica das Américas, já teria importado o insumo americano.
Hoje, a Braskem importa 3 milhões das 10 milhões de toneladas de nafta que consome anualmente. As outras 7 milhões de toneladas são fornecidas pela Petrobras, dona de 36% do capital da petroquímica. Em agosto, diante do impasse de quase um ano na negociação dos termos do novo contrato de fornecimento da matéria-prima, Braskem e Petrobras acertaram um novo aditivo ao acordo - que venceu originalmente em fevereiro de 2014 -, que garante sua vigência até o encerramento de fevereiro de 2015.
A nova prorrogação garantiu a manutenção das condições do contrato de fornecimento, que vigorou nos últimos cinco anos.
Entre as quais está o volume fornecido, embora o preço estabelecido no acordo que deve ser desenhado até o começo do ano que vem vá ser ajustado retroativamente a 1º de setembro.
Fale Conosco
21