Redação TN / Portal UFRJ - Por Bárbara Abreu
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a China National Offshore Oil Corporation (Cnooc), uma das principais empresas de energia da China, vão unir forças para a criação de um importante centro de inovação, previsto para ser instalado em um dos prédios do Parque Tecnológico, na Cidade Universitária. O novo acordo, ainda em fase de negociação, acontece após a criação do Instituto China-Brasil de Engenheiros de Destaque e do Instituto Brasil-China de Inovação, Ciência e Tecnologia, em novembro de 2024.
As tratativas iniciais, fruto do estreitamento das relações entre a Universidade e o governo chinês, aconteceram nesta terça-feira, 4/2, em reunião realizada no prédio da Reitoria. Dela, participaram o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, a chefe de gabinete, Fabiana Valéria da Fonseca, o presidente da Cnooc Brasil, Huang Yehua, e o professor emérito da UFRJ Segen Estefen, diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (Inpo) e coordenador do Grupo de Energia Renovável no Oceano (Gero). Também acompanharam o encontro Lin Qingyi e Hu Xuefeng, representantes da Cnooc Brasil.
O objetivo é promover o intercâmbio científico entre os dois países, realizar pesquisas em conjunto e permitir o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. “Temos o firme propósito de estabelecer e aprofundar as parcerias com o oriente, incluindo também a África. Nós da UFRJ acreditamos que as nossas relações internacionais devem ter como mote a cooperação e não a dominação. A criação de um mundo que inclua a diversidade cultural, histórica e social das nações, com o devido respeito a todas as diferenças, contribuirá para um mundo mais pacífico. E nesse processo nós não temos dúvidas de que a China e os demais países do Brics têm essa mesma concepção”, declarou Roberto Medronho.
Enquanto a estatal chinesa será a financiadora do projeto, a UFRJ vai, além de sediá-lo, colaborar por meio da participação de seus institutos, professores, projetos e talentos. Integrarão o centro, ainda, a Petrobras e a Universidade do Petróleo da China (CUP, na sigla em inglês), na mesma lógica “2+2” de funcionamento do Instituto de Engenheiros, ou seja, duas universidades e duas empresas. A gestão do centro de inovação será feita conjuntamente, com a presença de representantes da UFRJ em seu comitê de administração. A ideia é, no futuro, ganhar a adesão de outras universidades e empresas para a ampliação da cooperação científica entre a China e o Brasil.
“Ficamos muito honrados em colaborar com a UFRJ para estabelecer este centro tão importante entre os dois países. Podemos considerá-lo um ponto estratégico para a nossa parceria. Empresas chinesas vão visitar o Brasil e empresas e institutos brasileiros vão visitar a China para fazer os intercâmbios acadêmicos e científicos, tudo por meio do centro de inovação, que servirá como ponte”, explicou Huang Yehua.
O foco inicial das pesquisas a serem desenvolvidas será a produção energética, em especial a de energia eólica offshore – fonte limpa e renovável que se obtém aproveitando a força do vento que sopra em alto-mar. Para isso, estuda-se a criação de um laboratório de aerodinâmica com um túnel de vento – instalação que tem por objetivo simular para estudos o efeito do movimento de ar sobre ou ao redor de objetos sólidos.
“A UFRJ seria pioneira no mundo com um túnel de vento ligado a um laboratório oceânico, o LabOceano, para fazer simulações de energia eólica offshore, com troca de informações aerodinâmicas e hidrodinâmicas. A ideia é que esse centro seja internacionalmente importante”, explicou o professor Segen Estefen.
Apesar de ter como ponto de partida um projeto de energia renovável, o centro de inovação pretende ir além do tema “energia”. “Neste centro de inovação, não focaremos somente em energia e petrolíferas. No futuro, precisamos ampliar as pesquisas para outras áreas importantes, como a medicina”, frisou o chinês Huang Yehua, ao final da reunião.
Em novembro de 2024, a UFRJ e o governo chinês criaram o Instituto China-Brasil de Engenheiros de Destaque, com o objetivo de produzir ensino e pesquisa de excelência na área de Engenharia. A UFRJ e a Petrobras participam em parceria com a CUP e a Cnooc. “É um passo concreto para a transformação de nossos países, tornando-os mais competitivos, sustentáveis e justos”, afirmou o gerente-geral de Gestão da Inovação Tecnológica da Petrobras, Júlio Cesar Costa Leite, na ocasião.
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