O Brasil tem, atualmente, a terceira maior carteira mundial de encomendas de petroleiros. É uma força e tanto para a indústria naval, garantida pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), criado há dez anos e realizado pela Transpetro, braço logístico da Petrobras. O investimento chega a R$ 11,2 bilhões se for considerado o pacote todo: 49 navios e 20 comboios hidroviários, do Promef Hidrovias, que representam R$ 432 milhões do total. Até agora, sete navios petroleiros foram entregues. O prazo final estimado é 2020, cerca de quatro anos além do previsto.
Segundo a Transpetro, existem 14 navios em construção, com cinco em fase de acabamento. A lista de 49 embarcações está distribuída em três estaleiros. O pernambucano Estaleiro Atlântico Sul (EAS) recebeu 22 encomendas. Seu conterrâneo Vard Promar, oito. Já com o estaleiro E isa Petro Um - Sociedade de Propósito Específico criada para fazer navios do Promef - que usa instalações do estaleiro Mauá (ambos do grupo Synergy) na Ponta d'Areia, em Niterói (RJ), há 12 navios contratados.
Outros três navios, do tipo bunker, serão repassados a outro construtor, porque o estaleiro carioca Superpesa, com problemas gerenciais, desistiu da empreitada. Segundo a Transpetro, o novo processo de licitação está em elaboração. E quatro navios de produtos que estavam a cargo do estaleiro Mauá estão entregues e operando - o último foi o José de Alencar, que entrou em atividade em janeiro. Este navio finaliza o lote inicial de encomendas, iniciada com o petroleiro Celso Furtado, entregue no fim de 2011.
A retomada da indústria de petroleiros não tem sido fácil. Mas depois de problemas gerenciais e falta de mão de obra qualificada que levaram a atrasos de mais de um ano nas primeiras entregas, algumas melhorias vem sendo observadas. "A indústria naval têm aprendido com o passar do tempo", ressalta o professor do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ, Floriano Pires Júnior. "Temos avançado devagar, mas poderíamos ir mais rápido."
Ele lembra que muitos estaleiros nacionais têm sócios estrangeiros e isso ajuda a reduzir riscos de descumprimento de cronogramas. Mas ele defende metas específicas para que os brasileiros consigam, de fato, se apropriar da tecnologia de fora. "A inteligência, o maior valor agregado, está com os estrangeiros. Precisamos de uma estratégia mais articulada para o setor", analisa.
O estaleiro pernambucano, que chegou a ser multado por retardar entregas, vive nova fase. Tendo como sócios a Camargo Correa e Queiroz Galvão em parceria com o grupo japonês IHI, o EAS vem aprimorando processos e acelerando a absorção da experiência dos asiáticos, como, por exemplo, melhorias nos sistemas de solda visando automatização, acabamento no nível de bloco, rigor no controle dimensional, entre outras.
A carteira de encomendas do EAS para o Promef soma cerca de R$ 7 bilhões. Até agora, entregou três petroleiros: o João Cândido, em maio de 2012, o Zumbi dos Palmares um ano depois, e o Dragão do Mar, em abril. Há previsão de entregar, no segundo semestre, seu quarto navio, o Henrique Dias, que está em fase de acabamento, de interligações de sistemas e de testes antes de ir ao mar.
"Além do Henrique Dias, o estaleiro trabalha de forma simultânea em mais quatro navios e três navios-sonda, cada um em uma etapa distinta do processo construtivo", diz o diretor executivo de operações integradas do EAS, José Roberto Mendes Freire. Ele conta que, do início das atividades no Complexo Portuário de Suape, em 2007, ao ano passado, foram aportados cerca de R$ 2,1 bilhões.
Outros cerca de R$ 540 milhões serão desembolsados até 2016 em modernização, expansão das instalações e infraestrutura, com a construção de um novo cais para acabamento dos navios-sonda, oficinas e escritórios de apoio. "Esses investimentos permitirão que, até 2019, o EAS possa ocupar um patamar técnico competitivo no mercado internacional", destaca.
O estaleiro, avalia Freire, tem equipamentos modernos, que permitem trabalhar com a tecnologia de megablocos, e uma linha de painelização totalmente automatizada, que serve para gerar maior eficiência e produtividade ao processo de construção dos blocos de embarcações. Dados da Transpetro mostram que os sete navios entregues não só concretizaram o primeiro objetivo do Promef - revitalizar a indústria naval brasileira - como atingiram sua segunda meta, ao obterem um índice de conteúdo nacional mínimo de 65%.
O Vard Promar, que assim como o EAS fica na região portuária de Suape e nasceu pela força das encomendas do setor offshore, vai investir, nos próximos dois anos, R$ 100 milhões para ampliar a capacidade. "Além da expansão de oficinas, o investimento prevê o treinamento dos funcionários em diversas especialidades", afirma o presidente do Vard Promar, Miro Arantes.
Este valor se soma aos investimentos de R$ 350 milhões aplicados no desenvolvimento da infraestrutura, prédios administrativos, oficinas de corte, montagem e pintura, áreas de edificação e cais, equipamentos - como o pórtico para içamento de blocos - e o dique flutuante, que foram concluídos no fim do ano passado.
Dois navios gaseiros da lista dos oito do Promef sob responsabilidade do Vard Promar foram construídos no Vard Niterói (RJ), outro estaleiro integrante do grupo Vard. As embarcações estão em fase de acabamento. Os estaleiros são do grupo italiano Fincantieri. Além das obras para a Transpetro, o Vard Promar também foi contratado para construir dois navios de lançamento de dutos (Pipelayers) para a Dofcon Navegação.
"Somos o único grupo no Brasil com experiência neste tipo de embarcação", frisa Arantes. O estaleiro tem ocupação até o final de 2016 e o valor total da carteira soma cerca de R$ 1,5 bilhão.
O Brasil tem, atualmente, a terceira maior carteira mundial de encomendas de petroleiros. É uma força e tanto para a indústria naval, garantida pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), criado há dez anos e realizado pela Transpetro, braço logístico da Petrobras.
O investimento chega a R$ 11,2 bilhões se for considerado o pacote todo: 49 navios e 20 comboios hidroviários, do Promef Hidrovias, que representam R$ 432 milhões do total.
Até agora, sete navios petroleiros foram entregues. O prazo final estimado é 2020, cerca de quatro anos além do previsto.
Segundo a Transpetro, existem 14 navios em construção, com cinco em fase de acabamento.
A lista de 49 embarcações está distribuída em três estaleiros. O pernambucano Estaleiro Atlântico Sul (EAS) recebeu 22 encomendas.
Seu conterrâneo Vard Promar, oito. Já com o estaleiro E isa Petro Um - Sociedade de Propósito Específico criada para fazer navios do Promef - que usa instalações do estaleiro Mauá (ambos do grupo Synergy) na Ponta d'Areia, em Niterói (RJ), há 12 navios contratados.
Outros três navios, do tipo bunker, serão repassados a outro construtor, porque o estaleiro carioca Superpesa, com problemas gerenciais, desistiu da empreitada. Segundo a Transpetro, o novo processo de licitação está em elaboração.
E quatro navios de produtos que estavam a cargo do estaleiro Mauá estão entregues e operando - o último foi o José de Alencar, que entrou em atividade em janeiro. Este navio finaliza o lote inicial de encomendas, iniciada com o petroleiro Celso Furtado, entregue no fim de 2011.
A retomada da indústria de petroleiros não tem sido fácil. Mas depois de problemas gerenciais e falta de mão de obra qualificada que levaram a atrasos de mais de um ano nas primeiras entregas, algumas melhorias vem sendo observadas.