Relatório

Merril Lynch analisa ativos da ArcelorMittal no Brasil

Valor Econômico
09/02/2009 02:01
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Em relatório que acaba de elaborar, o banco americano Merrill Lynch, avalia como pouco provável mas não impossível a venda das usinas de aço da ArcelorMittal no Brasil e não afasta a hipótese de a Usiminas ser uma das potenciais compradoras. Os rumores da saída da gigante siderúrgica do país voltaram novamente à mídia, o que a levou a divulgar na sexta-feira nota negando “categoricamente” tal intenção. Marcos Assumpção e Thiago Lofiego, analistas do banco, no entanto, apontam a venda de ativos como uma das três saídas para aliviar a delicada situação financeira da líder mundial da indústria do aço. As outras duas sugestões são a renegociação de dívidas com bancos ou uma operação de aumento de capital com injeção de recursos da família Mittal na empresa.

 

Nesta semana, a ArcelorMittal divulga balanço do quarto trimestre e o resultado de suas contas no acumulado de 2008. As expectativas do mercado não são boas em relação a estes números. No terceiro trimestre do ano passado a relação dívida líquida/Lajida (fluxo de caixa descontado) da ArcelorMittal era de 1,2 vezes, considerada “confortável”, levando em conta uma dívida total da companhia de US$ 32 bilhões a vencer até 2013. No terceiro trimestre, o Lajida da companhia somou US$ 8,6 bilhões. Mas os analistas projetam um Lajida entre US$ 2,5 bilhões a US$ 3 bilhões para o quarto trimestre, uma queda vigorosa entre 66% e 71%, devido a preços fracos e baixos volumes de venda do aço no final do ano.

 

A retração do mercado a partir de setembro levou a uma deterioração da relação dívida líquida sobre Lajida que, nos cálculos da Merrill Lynch, pode ter fechado o trimestre na proporção de 4 vezes. A Arcelor Mittal tem uma dívida líquida a vencer no curto prazo de US$ 17,7 bilhões, dos quais US$ 9,9 bilhões este ano e US$ 7,8 bilhões em 2010. A persistir o cenário de “urso” nos preços e volumes de venda do aço, a maior siderúrgica do mundo pode encarar constrangimentos de liquidação e solvência, alertam os analistas do banco americano.

 

O relatório aponta três opções para a ArcelorMittal reduzir sua alavancagem: renegociar débitos e contratos com bancos, aumentar seu capital ou vender ativos. Mas, o banco americano acha que a multinacional deve tentar evitar vender a ArcelorMittal Tubarão, no Brasil, pois a considera uma das usinas de aço mais lucrativas e de baixo custo de produção do grupo liderado Lakshmi Mittal. A ex-CST é apontada no relatório como uma plataforma para as operações da gigante na América Latina. Mas, destaca que na situação atual de mercado ruim, só os bons ativos são cobiçados e comprados.

 

O Merrill Lynch avalia a ex-CST mais sua controlada Vega, em Santa Catarina, produtora de galvanizados valem US$ 8 bilhões e crê que há várias razões para a Usiminas adquirir os ativos. O maior benefício seria o cancelamento de seu projeto de construção de uma nova usina que custaria aos cofres da empresa de Ipatinga (MG) R$ 11 bilhões com operação programada para 2011/2012. Outras vantagens seriam que a Usiminas passaria a ter 35% do mercado de aços planos no país e poderia combinar ativos de mineração das suas companhias, a J Mendes e a Serra Azul. Apesar do grupo contar com outras usinas brasileiras, como a ex-Belgo, de aços longos, e a ex-Acesita, de aço inox, elas não são foco da Usiminas, destaca o relatório.

 

Os analistas do banco consideram que haveria algumas dificuldades para concretizar esta transação, já que seria preciso alterar a atual estrutura societária da Usiminas para fazer a aquisição e acomodar a ex-CST e a Vega. Eles estimam que a Usiminas poderia assumir um débito de US$ 3 bilhões no negócio de US$ 8 bilhões, pois assim manteria uma relação dívida líquida/Lajida de 2 vezes, proporção máxima que não compromete seu status de grau de investimento. Os restantes US$ 5 bilhões seriam injetados via equity. Os atuais acionistas controladores da companhia - Nippon Steel, Votorantim e Camargo Corrêa - fariam um aumento de capital na Usiminas de US$ 5 bilhões em ações ordinárias (400 milhões de novos papéis). Os analistas consideram que 50% deste aumento de capital seriam subscritos pelos controladores da companhia e os demais 50% pelo BNDES e pelos fundos de pensão, no caso, a Previ, que já é detentora de 10% de ações ordinárias na Usiminas.

 

Com esta nova oferta de ações para viabilizar a compra da ex-CST e de Vega, a estrutura societária da Usiminas passaria a ser a seguinte: os controladores deteriam 55% do capital votante, 1% das preferenciais e 40% do capital total. Previ e BNDES, os novos sócios, entrariam com 34% das ordinárias, 5% das preferenciais e 26% do capital total. O mercado teria 11% de ordinárias, 95% de preferenciais e 34% do capital total da Usiminas.

 

O relatório da Merrill Lynch aponta ainda a chinesa Baosteel e a ítalo-argentina Techint como outros potenciais interessados nos ativos brasileiros da ArcelorMittal caso a gigante siderúrgica decida por se desfazer deles a persistir o “cenário de urso” no mercado de commodities.

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