A Petrobras poderá antecipar a entrada em produção de algumas refinarias para garantir que a autossuficiência de derivados de petróleo seja atingida em 2014. A expectativa atual, que projeta o fim da importação de derivados dentro de cerca de três anos, leva em consideração um crescimento médio do produto interno bruto (PIB) de 3,4%.
O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, admitiu que a projeção de demanda do mercado interno é conservadora, já que a previsão oficial do governo para este ano é de um PIB acima dos 7%. "Eu, particularmente, acho que o PIB tende a crescer mais, em média. Mas acho muito difícil que a autossuficiência não aconteça. É só eu antecipar as refinarias", disse.
Uma das possibilidades seria antecipar a segunda refinaria do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A primeira fase está prevista para entrar em operação em 2014 e a segunda refinaria, em 2018. "Se o mercado se realizar antes, quem sabe posso antecipar. Mas não estou falando que vai acontecer", frisou o diretor da estatal.
A autossuficiência em derivados leva em conta a entrada em operação das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Comperj, que devem estar operando plenamente por volta de 2014. "Aí o Brasil vai se tornar autossuficiente em derivados, que hoje não é, mas será. O Brasil é autossuficiente apenas em produção de petróleo", disse Costa.
A capacidade de refino da Petrobras, atualmente em 2 milhões de barris por dia, deverá ser de 2,4 milhões em 2014. Isso quer dizer que a estatal trabalha com estimativa de crescimento de 20% da produção de derivados, enquanto, com a previsão conservadora do PIB, trabalha com expansão acumulada de 14,3% da economia de 2010 a 2014.
Com os 7% estimados para 2010, o avanço do PIB já chegaria a 18,28% no acumulado, quase alcançando o aumento de oferta de derivados, e isso, considerando-se um crescimento de 3,4% do PIB para os próximos anos.
Atualmente, a importação de derivados da Petrobras é de 120 mil barris por dia, em média, sendo principalmente de GLP, diesel e querosene de aviação. Já a exportação da Petrobras é de 80 mil barris por dia, alavancada por gás e óleo combustível.
No primeiro semestre, o consumo de derivados no país cresceu 12%. A expectativa do diretor da estatal é de que deverá ser recorde na segunda metade do ano. A expectativa é de que haja, nos próximos meses, aumento de consumo de óleo diesel, devido à elevação da produção agrícola. O querosene de aviação (QAV) também deve ter seu consumo elevado, com maior movimentação nos aeroportos. No entanto, o diretor praticamente descartou a possibilidade de importar gasolina, como aconteceu no primeiro semestre.
A Petrobras teve este ano uma parada programada de grande porte na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. Agora, a refinaria já voltou a operar normalmente. Mas a Refinaria de Paulínea (Replan) teve sua capacidade de produção elevada em 33 mil barris por dia. Atualmente, a Refap, no Rio Grande do Sul, está parcialmente parada e, assim que voltar a funcionar, em outubro, a refinaria de Cubatão deverá ter uma parada de produção.