A Agência de Fomento Paulista, também conhecida por Nossa Caixa Desenvolvimento, está colocando à disposição de pequenas e médias empresas do Estado de São Paulo até R$ 800 milhões em crédito para a substituição de frotas movidas a combustíveis fósseis por outras que utilizem fontes renováveis de energia.
O programa financia até 100% do valor do projeto e é um apoio à Política de Mudanças Climáticas do Estado de São Paulo, que prevê o corte de 20% nas emissões de gases de efeito estufa até 2020. "Lançamos essa linha de crédito para ajudar as empresas com faturamento anual de até R$ 100 milhões a se inserir no conceito de sustentabilidade. Aos poucos, os empresários vão se conscientizando da importância do ambiente e percebendo que lá na frente esse investimento trará retorno", diz Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento.
Apesar das crescentes discussões sobre a importância da preservação ambiental, Santos afirma que ainda é baixo o interesse das pequenas e médias empresas pelo assunto. "As decisões das companhias continuam sendo baseadas no resultado econômico", ressalta.
Diante dessa realidade, a Agência de Fomento Paulista decidiu utilizar as condições do financiamento como um meio de chamar a atenção para o tema. "Ao se comprometer em reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a empresa poderá tomar crédito a juros menores e por um período mais longo", destaca Santos.
Os empréstimos pela "linha verde" contam com prazo de até 120 meses e juros de 6,04% ao ano, mais a variação do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que nos 12 meses encerrados em julho ficou em 6,60%. "Esse é o crédito mais barato que nós temos", diz Santos.
Foi o custo de financiamento abaixo da média de mercado que atraiu a empresa de equipamentos para movimentação e armazenagem de materiais Marcamp - a primeira a contratar a "linha verde" para substituição de frota. "Tomamos nossa decisão por uma questão financeira. Enquanto o custo do crédito pela Agência de Fomento Paulista girava em torno de 0,65% ao mês, pelos demais bancos não ficava abaixo de 1,50% ao mês", conta Luis Carlos Silva, gerente de frota, telefonia e manutenção predial da Marcamp.
Por contrato, a companhia deverá apresentar, a cada três meses, um relatório que comprove o uso mínimo de 95% de combustível renovável, no caso o etanol, em sua nova frota de 24 veículos de porte médio. A gestão dos veículos será feita pela Ecofrotas, e os relatórios serão auditados pela KPMG. "Mesmo que o etanol suba de preço e se torne menos vantajoso que a gasolina, o baixo custo do financiamento compensará a perda momentânea com o combustível", calcula Silva.
Segundo um estudo da Ecofrotas, com a troca dos veículos, a Marcamp baixará de 316,45 toneladas para 5,96 toneladas as emissões projetadas de gás carbônico para os próximos quatro anos, uma redução de 98% no período.