Etanol de milho

China quer milho do Brasil, mas preço da demanda irá para as carnes e pode chegar no etanol

Money Times, 27/07/2022
27/07/2022 09:03
Visualizações: 1250

Assim que o Brasil tiver caminho livre para exportar milho à China, os preços mais altos da nova demanda vão começar a chegar nas carnes, no etanol e em outras mercadorias que levam o cereal direta ou indiretamente em seus processos produtivos.

Se o governo que estiver em Brasília, a partir de 2023, estender a alíquota zero de importação, que o atual estendeu até dezembro -- após prorrogações desde a primeira iniciativa, de outubro de 2020 -- os compradores terão que torcer para o câmbio e as cotações de Chicago compensarem.

O ministro da Agricultura (Mapa), Marcos Montes, pensa que conseguirá fazer a China a importar já neste semestre, após anunciar protocolos de enquadramento fitossanitários e de qualidade exigidos pelos chineses.

Seja agora, seja o ano que vem, quando a cadeia de ração, por exemplo, sentir que o novo cenário de destino é certo, a precificação vai começar a existir, pensa o trader e analista Roberto Carlos Rafael, da Germinar Corretora.

É exatamente o que acontece com Chicago quando a China busca mais soja.

E é que aconteceu, também internamente, quando o dólar explodia e a demanda internacional correu para o milho brasileiro, fazendo os preços nas gôndolas pressionarem a inflação. Foi quando o governo decidiu oxigenar a oferta interno liberando as importações sem custo tarifário, atendendo às empresas frigoríficas.

Dados da autoridade alfandegária da China mostram importações de 28,5 milhões de toneladas em 2021, mais de 150% sobre 2020. Nos primeiros seis meses deste ano, chegou a quase 14 milhões, em leve queda.

Uma parte disso saindo do Brasil também, especialmente em caso de a demanda interna no processamento para rações, e outros subprodutos chineses aumentarem mais (e provavelmente fazendo crescer suas importações globais), tem poder de brilhar os olhos dos produtores e ofuscar os de proteína animal e de etanol.

Edson Wigger, presidente do Frigorífico Notable, de Santa Catarina, com exportações de cortes de suínos, não tem dúvida: "O encarecimento da [nossa] produção virá, com certeza".

No setor de etanol produzido com milho, na Unem, que reúne as destilarias, o presidente Guilherme Nolasco lembra que o milho para consumo doméstico "já é precificado por Chicago", daí que "competimos com o mercado internacional".

Mas o executivo diz esperar que essa nova janela para o Brasil não mexa com o mercado.

É difícil, na medida em que é tradicional que as compras chinesas estimulem a formação de preços.

Ou, por outro lado, a estratégica imaginada é que com mais milho disponível, Chicago não seria muito influenciado, porque os chineses estariam substituindo parte de suas importações dos Estados Unidos e Ucrânia pelo produto do Brasil, vê o analista Vlamir Brandalizze.

A menos que o houvesse uma explosão das necessidades do país, além das atuais -- que já o torna o maior comprador global do cereal -, e com problemas de safras como na atual, dos Estados Unidos, e dos ucranianos em guerra. Aí os preços internacionais teriam um baita fôlego.

Brandalizze vê a China trabalhando para ter altos estoques, não depender de Estados Unidos e da Ucrânia e evitar desequilíbrios futuros como pode ocorrer com os produtores da Ucrânia.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Firjan
PN 2026-2030 - Novo ciclo de oportunidades é apresentado...
08/12/25
Prêmio ANP de Inovação Tecnológica
Projeto da Petrobras em parceria com a CERTI é vencedor ...
08/12/25
Margem Equatorial
Ineep apresenta recomendações estratégicas para início d...
08/12/25
Energia Elétrica
Primeiro complexo híbrido de energia da Equinor inicia o...
08/12/25
Prêmio ANP de Inovação Tecnológica
Parceria premiada - Petrobras participa de quatro dos se...
05/12/25
Evento
Petrolíferas debatem produção mais limpa e tecnologias d...
04/12/25
Leilão
PPSA arrecada cerca de R$ 8,8 bilhões com a alienação da...
04/12/25
Firjan
Novo Manual de Licenciamento Ambiental da Firjan ressalt...
04/12/25
Transição Energética
Óleo & gás continuará essencial até 2050, dizem especial...
04/12/25
PPSA
Leilão da PPSA oferecerá participação da União em áreas...
04/12/25
Asfalto
IBP debate sustentabilidade e novas tecnologias para o f...
03/12/25
Reconhecimento
Casa dos Ventos conquista Medalha Bronze em sua primeira...
03/12/25
Bacia de Santos
PPSA adia leilão de petróleo da União de Bacalhau para o...
03/12/25
Estudo
Firjan lança a 4ª edição do estudo Petroquímica e Fertil...
03/12/25
Biocombustíveis
Porto do Açu e Van Oord anunciam primeira dragagem com b...
02/12/25
Investimento
Indústria de O&> prioriza investimento em tecnologia de ...
02/12/25
Refino
Petrobras irá investir cerca de R$12 bilhões na ampliaçã...
02/12/25
Posicionamento
Proposta de elevação da alíquota do Fundo Orçamentário T...
01/12/25
Gás Natural
Distribuição de gás canalizado é crucial para a modicida...
01/12/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Centro de Formação Profissional da Universidade Tiradent...
01/12/25
Levantamento Sísmico
TGS inicia pesquisa na Bacia de Pelotas
01/12/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.