Artigo

A bioeletricidade e a Semana do Meio Ambiente, por Zilmar José de Souza

Redação TN Petróleo/Assessoria
08/06/2021 20:03
A bioeletricidade e a Semana do Meio Ambiente, por Zilmar José de Souza Imagem: Divulgação Visualizações: 804 (0) (0) (0) (0)

O Dia Mundial do Meio Ambiente, 05 de junho, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), durante a Conferência de Estocolmo, na Suécia, que aconteceu de 05 a 16 de junho de 1972, integrando o que acabamos chamando de Semana Mundial do Meio Ambiente.

No Brasil, a Semana Mundial do Meio Ambiente é também um momento interessante para uma reflexão com relação ao papel da bioeletricidade na matriz elétrica brasileira, sobretudo nesta escassez hídrica em que vivemos.

DivulgaçãoEstruturalmente, a biomassa da cana tem possibilidade de responder positivamente em momentos de escassez. Há capacidade de geração extra que costuma ir de 5% a 15% a mais do que o planejado inicialmente, com uma gestão sobre a biomassa própria e de terceiros, com a aquisição de cavaco de madeira, pó de serra, casca de arroz, de amendoim etc. Essa é uma avaliação sempre feita antes de começar a safra.

Assim, para isto acontecer é necessário um planejamento bem antecipado para organizar as operações de gestão da biomassa própria e, principalmente, de terceiros.

Como é uma geração extra, que pode superar a garantia física das usinas (o limite do que podem comercializar no mês), é interessante uma regulamentação inovadora e específica, flexibilizando as regras atuais e criar mecanismo para a efetiva comercialização dessa geração, com o fechamento de contratos que permitam “colocar de pé” essas operações na safra.

Em todo caso, para esse atributo da oferta de bioeletricidade, de responder positivamente e rapidamente em períodos de crise hídrica, como o que estamos vivenciando hoje, recomenda-se que seja reconhecido na regulamentação do setor elétrico brasileiro, de forma que, em toda safra, com previsibilidade, as usinas possam se organizar e ajudar ainda mais o setor elétrico sempre que necessário.

Segundo a EPE (2020), dentre as 366 usinas de açúcar e etanol em operação em 2019, 220 comercializaram eletricidade (60% do total de usinas), oito usinas a mais do que no ano anterior. Havia um total de 146 usinas que não ofertava excedentes de energia elétrica para a rede (40% do total em 2019), indicando grande potencial a expandir na geração para a rede com o retrofit das usinas existentes, além do aproveitamento da palha e do biogás na geração de bioeletricidade.

No mercado regulado, já estão programados os Leilões de Energia Nova A-3 e A-4, reagendados para 08 de julho. O cadastramento para os Leilões A-3 e A-4 terminou e a fonte biomassa cadastrou 30 projetos, totalizando 1.358 MW. Se os 30 projetos fossem comercializados nesses leilões, prevê-se que haveria a injeção de algo como R$ 8 bilhões em investimentos na cadeia produtiva da biomassa no país e um acréscimo de 9% em relação à potência total instalada atualmente pela biomassa.

Divulgação

Por outro lado, a fonte biomassa terá quase 50% de seus contratos vencendo no ACR, até 2024/25, entre leilões de energia nova, de fontes alternativas e de reserva. As usinas que têm contratos vencendo terão que investir significativamente na manutenção/reforma das termelétricas para continuar atendendo ao sistema nacional. É uma oportunidade única para estimular não somente a manutenção e contratação desses níveis de geração, como ampliá-los com mecanismos que permitam às usinas em questão investirem em retrofit do parque existente.

Nessa linha, as usinas poderiam já estar se organizando ou pensando em como aumentar a oferta extra de geração para 2022, numa visão estratégica mais de curto prazo, e participar do Leilão de Reserva de Capacidade, recém-divulgado, mesmo que buscando contratar potência flexível para 2026, alguns ajustes nas diretrizes poderiam permitir a participação da bioeletricidade e do biogás, com Custo Variável nulo ou não, numa visão mais de longo prazo.

Uma regulamentação mais adequada à biomassa, favorável à dinâmica dessa fonte de geração, deve estimular uma contratação mais robusta e regular da bioeletricidade, tanto no mercado regulado quanto livre, trazendo maiores volumes de uma energia renovável, sustentável, não intermitente e efetivamente complementar à fonte hidrelétrica, poupando água nos reservatórios, principalmente do Sudeste/Centro-Oeste, ao mesmo tempo que proporciona uma real modicidade nas contas do consumidor, sobretudo, em momentos semelhantes ao atual, de escassez hídrica.

Tudo isto alinhado com os critérios de sustentabilidade requeridos e potencializados em movimentos com a Semana Mundial do Meio Ambiente, fortalecendo o perfil renovável e sustentável da matriz elétrica brasileira.

Sobre o autor: Zilmar José de Souza, gerente de Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar

Mais Lidas De Hoje
veja Também
E&P
ABPIP leva agenda estratégica ao Congresso para fortalec...
14/08/25
Drilling
Constellation lança chamada para apoiar projetos inovado...
13/08/25
Fenasucro
Durante abertura de uma das maiores feiras de bioenergia...
13/08/25
Transição Energética
Sergipe elabora Plano de Transição Energética e se posic...
13/08/25
Fenasucro
UDOP, associadas e SENAI-SP firmam parceria para formaçã...
13/08/25
IBP
Decisão da Agenersa sobre migração de consumidores para ...
13/08/25
Oportunidade
Com cerca de 300 mil empregos, setor eletroeletrônico mi...
13/08/25
Fenasucro
Abertura da 31ª Fenasucro & Agrocana: setor quer o Brasi...
13/08/25
Fenasucro
Na Fenasucro, ORPLANA fala da importância de consenso en...
13/08/25
Fenasucro
Brasil terá que produzir 1,1 bilhão de litros de combust...
12/08/25
Fenasucro
Treesales estreia na Fenasucro & Agrocana e integra deba...
12/08/25
Curitiba
Setor energético será discutido durante a Smart Energy 2...
12/08/25
PD&I
Vórtices oceânicos em interação com correntes podem gera...
12/08/25
Combustíveis
ETANOL/CEPEA: Negócios caem, mas Indicadores continuam f...
12/08/25
ANP
Desafio iUP Innovation Connections + PRH-ANP (Descarboni...
12/08/25
Resultado
Vibra avança em market share e projeta crescimento
12/08/25
Transição Energética
Repsol Sinopec Brasil reforça compromisso com inovação e...
11/08/25
Fenasucro
Fenasucro & Agrocana começa nesta terça-feira, dia 12, c...
11/08/25
Fenasucro
Consolidada na área de Biogás, Mayekawa é presença confi...
11/08/25
Sergipe Oil & Gas 2025
“Descarbonização da matriz energética é o futuro”, diz g...
11/08/25
Pessoas
Novo presidente da PortosRio realiza visita ao Porto de ...
11/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22