Tecnologia e Inovação

Unicamp: inovação e desenvolvimento com Parque Tecnológico

Em 2015 serão concluídas as instalações do Laboratório Experimental para Risers de Produção em Águas Ultra-Profundas e Sistemas Marítimos de Produção (LabRiser), compostas por um tanque experimental único no mun

Agência Fapesp
17/04/2013 10:02
Visualizações: 610 (0) (0) (0) (0)
A missão da universidade como catalisadora da inovação e do desenvolvimento está ganhando novos contornos no país a partir de iniciativas como a construção do Parque Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), cujas obras de infraestrutura começaram a ser entregues no mês passado. Instalado numa área de 100 mil metros quadrados encravada na Cidade Universitária, o parque vai abrigar laboratórios de inovação em que trabalharão, num mesmo ambiente, pesquisadores das empresas e docentes e estudantes da Unicamp.

O modelo, que só recentemente começou a difundir-se no Brasil mas está presente em várias universidades do mundo, tem o condão de enriquecer a formação de estudantes e o trabalho dos cientistas com as demandas trazidas pelas empresas e multiplicar o investimento em pesquisa nas universidades.

“Os laboratórios na Unicamp produzirão desenvolvimento tecnológico, mas também darão uma contribuição importante para a pesquisa fundamental. Eles darão lastro a teses, dissertações, patentes e publicações de alunos desde a iniciação científica até o pós-doutorado”, diz o reitor da Unicamp, Fernando Ferreira Costa. “Não se trata apenas de prestar serviço ou de resolver problemas, mas de aprimorar a formação dos nossos estudantes, que depois poderão levar essa experiência para fora da universidade, contribuindo para a inovação, o desenvolvimento do país e a formação de empresas de base tecnológica”.

Do lado das empresas, a criação de laboratórios em universidades traz benefícios imediatos, como a possibilidade de usar a expertise de bons pesquisadores em temas sensíveis, e outros de longo prazo, como a chance de interagir com outras empresas e com pesquisadores atuantes no parque, além de recrutar jovens pesquisadores para seus quadros entre estudantes talentosos.

Empresas como a Tecnometal, do setor de mineração e energias renováveis, e a Cameron do Brasil, de tecnologia e serviços para o setor de petróleo e gás, já celebraram convênios para a implantação de laboratórios no campus. O parque também abrigará a Unidade Mista Embrapa Unicamp de Pesquisa em Genômica Aplicada a Mudanças Climáticas, um modelo de parceria inédito para a empresa de pesquisa, na qual pesquisadores das duas instituições trabalharão em busca de variedades agrícolas mais tolerantes aos efeitos do aquecimento global.

Já funciona nos limites do parque o Inovasoft, o Centro de Inovação em Software da Unicamp, que abriga empresas nascentes e laboratórios criados em parceria com a IBM, a Samsung e o Banco do Brasil. E está em construção o prédio do Laboratório de Inovação de Biocombustíveis (LIB), que funcionará num formato semelhante ao do Inovasoft, atraindo laboratórios de empresas.

“A Unicamp tem uma longa história de colaboração com o setor produtivo, e o Parque Científico e Tecnológico vai estabelecer um novo patamar dessa colaboração”, explica Ronaldo Pilli, pró-reitor de Pesquisa da universidade. Há uma regra restrita nas negociações para incorporar novos laboratórios no parque: só são admitidas iniciativas que contemplem convênios com grupos de pesquisa da Unicamp. “O objetivo é fazer pesquisa competitiva. A empresa precisa reconhecer que a Unicamp será um parceiro estratégico”, diz Pilli.

Segundo Roberto de Alencar Lotufo, diretor da Agência de Inovação Inova Unicamp, que articula a negociação com as empresas, o advento do parque permite que a universidade proponha e organize a construção de novos laboratórios colaborativos com empresas.

“Até agora, quando surgia uma oportunidade de se construir um novo laboratório, a sua localização não seguia um planejamento, resultando na instalação de vários prédios espalhados pelo campus”, diz Lotufo. “O Parque Científico e Tecnológico vem organizar e apresentar um planejamento de construção de novos laboratórios de pesquisa colaborativa criando um ambiente sinérgico multidisciplinar. O parque funcionará como um condomínio, no qual as empresas pagam pelo uso do espaço e rateiam despesas com segurança e infraestrutura”.

As empresas participantes do parque utilizam tipos variados de financiamento para construir seus laboratórios. No caso da Cameron do Brasil, isso será feito com recursos da própria empresa - a Unicamp ofereceu isenção de 10 anos da taxa de ocupação em troca da construção do prédio pela companhia.

O convênio foi assinado em 2011 e o laboratório da empresa já deveria estar em construção, mas a Cameron decidiu adiar em um ano sua implantação, por conta da recente retração de investimentos da Petrobras. A parceria envolve uma colaboração com a Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) e o Centro de Estudos de Petróleo (Cepetro) em projetos de pesquisa em equipamentos e processos submarinos para processamento e produção de petróleo, com ênfase na camada pré-sal.

O Cepetro, criado em 1987 em parceria com a Petrobras, ajudou a multiplicar a expertise da Unicamp nas pesquisas em engenharia de petróleo, que agora atraem a atenção de outras empresas. Em 2015, por exemplo, serão concluídas as instalações do Laboratório Experimental para Risers de Produção em Águas Ultra-Profundas e Sistemas Marítimos de Produção (LabRiser), compostas por um tanque experimental único no mundo capaz de simular as condições a que as estruturas submarinas são submetidas na produção de petróleo no oceano, como a força das correntes marinhas.

O tanque de 30 metros de profundidade e o prédio do laboratório custarão R$ 6 milhões e, além disso, haverá maquinário experimental, instrumentos laboratoriais e de análise e equipamentos de computação, patrocinados pela Petrobras.

“Como nosso petróleo se encontra no mar, a Petrobras sempre se preocupou em desenvolver pesquisas sobre a perfuração de poços e produção de petróleo no oceano - e encontrou essa capacitação na Unicamp”, diz Celso Morooka, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica e diretor do LabRiser.

Também há parcerias que utilizam mecanismos de financiamento não reembolsável do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no âmbito do Fundo Tecnológico (Funtec). Um exemplo é o laboratório de 500 metros quadrados que a Unicamp, em parceria com a Tecnometal, está construindo no parque. O projeto obteve R$ 12 milhões em recursos do Funtec para construção do prédio e compra de equipamentos.

A contrapartida da Tecnometal equivale a 10% do valor do projeto. A empresa tem uma fábrica de painéis fotovoltaicos em Campinas (SP) e já trabalha em conjunto com pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica e do Instituto de Física Gleb Wataghin, da Unicamp, em esforços de pesquisa relacionados ao processo de purificação do silício grau metalúrgico, a fabricação de lâminas de silício grau solar e a fabricação de células solares. A Agência Inova Unicamp mantém conversas adiantadas com pelo menos três empresas interessadas em participar do parque utilizando recursos do Funtec.
Mais Lidas De Hoje
veja Também
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

21