GNL

Trocar combustível de caminhões é insuficiente para evitar mortes por poluição, sugere estudo

Redação TN Petróleo/Assessoria Fapesp
06/08/2021 12:09
Trocar combustível de caminhões é insuficiente para evitar mortes por poluição, sugere estudo Imagem: Divulgação Visualizações: 1332 (0) (0) (0) (0)

A substituição completa do diesel usado como combustível nos caminhões de carga pesada por gás natural liquefeito (GNL) salvaria vidas, mas não seria o suficiente para evitar a maior parte das mortes hoje atribuídas aos efeitos da poluição do ar, indicou estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Imperial College London, no Reino Unido.

De acordo com a pesquisa, publicada na revista científica Atmospheric Environment, o GNL ajuda a reduzir as emissões de material particulado, mas não o suficiente para evitar todas as mortes atribuíveis à poluição nas cidades vizinhas às rodovias estudadas.

Divulgação

A pesquisa foi desenvolvida no âmbito de um projeto do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e Shell na Escola Politécnica da USP.

A proposta era avaliar a viabilidade de criar um “Corredor Azul” no Estado de São Paulo, conceito que prevê a implantação de uma infraestrutura para o uso do gás natural como combustível em veículos rodoviários.

Para chegar à conclusão do estudo, os pesquisadores levantaram o fluxo dos caminhões entre São Paulo e Campinas no sistema rodoviário Anhanguera-Bandeirantes e, em seguida, estimaram a emissão de poluentes proveniente dos veículos de carga, analisando a dispersão atmosférica, em especial as concentrações de material particulado.

InstitucionalAlém disso, foram levantadas estatísticas de mortes por câncer de pulmão e por doenças cardiovasculares e respiratórias em 12 cidades lindeiras às rodovias, utilizando o banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (Datasus). Utilizando a metodologia da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi estimada também as possíveis mortes que seriam evitadas com a troca de combustível.

Os pontos de maior concentração de poluentes, segundo o estudo, que observou apenas as emissões provenientes dos caminhões, estão em Jundiaí, próximo à rodovia dos Bandeirantes, e em Cajamar, nas proximidades da rodovia Anhanguera. A menor concentração foi registrada em Campinas, em um local distante de ambas as rodovias.

De acordo com os estudos analisados no artigo, os veículos movidos a gás natural produzem entre 70% e 85% menos poluentes que aqueles a gasolina ou a diesel. Além disso, promovem uma redução de 10% na emissão de gases de efeito estufa (GEE) em comparação com os caminhões a diesel. Portanto, era de se esperar uma correlação entre mortes e poluição do ar.

Mas o impacto da mudança no combustível, de acordo com os modelos usados no estudo, foi menor do que o esperado. “Achávamos que haveria uma redução maior nas mortes atribuíveis à poluição do ar proveniente dos veículos pesados”, afirmou Ana Carolina Rodrigues Teixeira (foto), pesquisadora do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP e bolsista da FAPESP, em entrevista à Assessoria de Comunicação do RCGI.

“No caso de mortes por doenças respiratórias em crianças, por exemplo, não haveria nenhuma redução nos óbitos após a substituição total do diesel por gás natural nos caminhões. Ou seja, precisamos avaliar outras fontes poluidoras, como veículos de passeio e indústria, para entender melhor como seria o impacto da redução de emissões de poluentes na saúde da população”, comenta Teixeira.

Pelos cálculos dos pesquisadores, as mortes anuais por doenças cardiovasculares atribuíveis à poluição atmosférica podem ter uma variação de 8 a 296 óbitos, com uma média aproximada de 188. Para doenças respiratórias em pessoas idosas a variação é de 52 a 190 mortes e para câncer de pulmão variou entre 18 e 62 mortes no ano de 2016.

Pela simulação, a mudança no combustível dos caminhões para gás natural liquefeito poderia evitar menos de cinco mortes por ano para câncer de pulmão. Com relação às doenças cardiovasculares, a redução máxima seria de 14 mortes, mas com 90% de chance de menos de cinco mortes serem evitadas. Para as doenças respiratórias em idosos, menos de dez mortes seriam evitadas anualmente.

“Consideramos esse estudo um pontapé inicial para a discussão de políticas públicas relacionadas ao tema”, disse a pesquisadora do IEE-USP.

O artigo PM emissions from heavy-duty trucks and their impacts on human health pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1352231020305483.

*Com informações da Assessoria de Comunicação do RCGI.

 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Posicionamento IBP
Lei Complementar nº 214/2024 - Regulamentação da Reforma...
21/01/25
Rio Grande do Sul
Petrobras irá comercializar bunker com conteúdo renováve...
21/01/25
Gás Natural
Compagas tem plano de investimentos de R$ 505 milhões pa...
21/01/25
Bahia Oil & Gas Energy
BOGE25 terá espaço para que bancos e fundos de investime...
20/01/25
Resultado
Com 3,5 bilhões de litros de gasolina produzidos, Repar ...
20/01/25
Brandend Content
Nova solução voltada a produtores de biometano impulsion...
17/01/25
Apoio Offshore
Posidonia Inicia o ano recebendo nova Embarcação e muita...
17/01/25
Comemoração
ExxonMobil celebra 113 anos de Brasil e anuncia projeto ...
17/01/25
Petrobras
Produção e processamento de petróleo do Pré-Sal nas refi...
17/01/25
Oportunidade
Foresea está com vagas abertas para atuação onshore e of...
17/01/25
Negócio
Vibra conclui aquisição da Comerc Energia e se consolida...
17/01/25
Mato Grosso do Sul
Cristiane Schimidt lidera reunião estratégica para defin...
17/01/25
Curso
Omni Escola de Aviação abre novas vagas para curso de Pi...
16/01/25
Oportunidade
Ocyan realiza feirão de empregos em funções como pintor ...
16/01/25
Estudo
Em 2025, indústria de petróleo e gás deve focar em efici...
16/01/25
ANP
Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis ...
16/01/25
Combustíveis
Gasolina inicia 2025 com alta de 0,16%, acompanhada do e...
16/01/25
Resultado
Atvos divulga Relatório Anual da safra 2023/2024
16/01/25
Oportunidade
Firjan promove edições do Rede de Oportunidades em parce...
15/01/25
Reconhecimento
ExxonMobil nomeia Tenaris como Fornecedora do Ano de 2024
15/01/25
GNV
Tarifas de gás natural sofrerão redução em fevereiro
15/01/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.