Valor Econômico
Prioridade da companhia é ganhar eficiência aproveitando a sinergia da Supergasbrás e da Minasgás.
A briga pela liderança no mercado nacional de GLP (gás liquefeito de petróleo, conhecido como gás de cozinha), está cada vez mais acirrada após o período de fusões e aquisições ocorrido ano passado. A holandesa SHV Gás, controladora da Minasgás - que assumiu a segunda posição no mercado há seis meses, quando comprou a Supergasbrás - , quer brigar pela liderança de mercado. Com as duas marcas juntas, a empresa está apenas 0.37 ponto percentual atrás da primeira colocada, a Ultragaz.
Segundo dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), a Ultragaz encerrou 2004 com 24,08% do mercado de GLP enquanto a SHV Gás teve participação de 23,71%.
O presidente da SHV Gás, Lauro Cotta, afirma que o objetivo é "ser líder em qualidade". Mas a prioridade da empresa neste período pós-fusão é ganhar eficiência aproveitando ao máximo a sinergia da Supergasbrás e da Minasgás, e partir para um aumento de 2% no seu mercado em 2005. Apesar da previsão otimista, Cotta relata que "teve um susto" em janeiro, quando as vendas retraíram 4%. " Mas esperamos uma retomada em março".
Uma das metas, segundo Cotta, é partir para a conquista do mercado nordestino. Hoje, a SHV é líder no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Distrito Federal, Goiás e no Paraná.
"A competição na área de GLP é enorme e trabalhamos com margens muito comprimidas. Além disto, não há nenhum instrumento que mantenha a fidelidade do cliente, já que ele pode trocar de fornecedor a qualquer momento com o mesmo botijão", lembra. Para Cotta, o único meio de manter a rentabilidade é se tornando mais eficiente e explorando a escala.
Nesta lógica, desde a aquisição do controle da Supergasbrás a SHV extinguiu 5 parques de engarrafamento de botijões de gás que eram próximos uns dos outros, e mais 9 bases de engarrafamento estão em processo de fusão. Foram demitidos até agora cerca de 290 empregados, segundo Cotta, de um total de 3,5 mil pessoas nas duas empresas.
Mas ele garante que serão feitas novas contratações e que o quadro deverá se manter estável. "Foi necessária uma redução de pessoal nas áreas de produção e administração das duas marcas, mas deveremos contratar mais gente para atuação nos segmentos de distribuição, comercialização e relação com investidores".
Segundo Cotta, a empresa está em franco processo de revisão de sua rede de revenda, da sua estrutura de pessoal e de custos. "Queremos ganhar fôlego e partir para novas áreas de atuação".
O presidente da SHV diz que a empresa investirá neste ano R$ 100 milhões. Deste total, R$ 55 milhões serão destinados para a modernização dos equipamentos. Serão compradas novas balanças eletrônicas e todo o sistema de produção será automatizado. Recentemente, a empresa fez uma captação de R$ 200 milhões no mercado, mas a maior parte deste dinheiro foi utilizada no alongamento do endividamento do grupo.
A SHV vai manter as duas marcas operando de forma independente no mercado brasileiro. Mas a Supergasbrás teve uma nova estilização de seu logotipo e 54 caminhões com a nova marca começam a circular pelas cidades. Juntas, as duas empresas comercializam 1,5 milhão de toneladas de GLP por ano.
No mês passado, a empresa montou um conselho consultivo composto por nomes de calibre no cenário econômico nacional como o do ex-ministro Pedro Parente e do presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), Eduardo Eugênio Gouveia Vieira.
A consolidação da SHV chegou ao país em 1995, com a compra da Minasgás e de 49% da Supergasbrás. Em julho de 2004, a empresa comprou a fatia que faltava para obter o controle da Supergasbrás, que estava nas mãos da família Lemos de Moraes, e passou a ser a vice-campeã em vendas no país.
Também no ano passado outros grandes grupos aumentaram suas participações por meio de aquisições: a Shell Gás foi vendida para o Ultra por US$ 170 milhões; e as empresas do grupo Eni, vendidas para a BR por US$ 450 milhões.
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