Com mais de 53 milhões de lares atendidos e um total de 33 milhões de botijões comercializados por mês, o setor nacional de gás liquefeito de petróleo (GLP) experimentou, no primeiro semestre deste ano, crescimento de 4%, em comparação ao mesmo período do ano passado. A informação é do presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP, Sergio Bandeira de Mello, que participa a partir de ontem (18) do 1º Encontro Nacional do Setor de GLP (Enagás 2010), em Campinas (SP). O evento debate as estratégias para o futuro.
Bandeira de Mello estima que o setor fechará o ano com expansão de 3%. ”É um cenário otimista.” A participação do GLP na matriz energética brasileira é, atualmente, de 3,4%. A meta é alcançar até 4,2% em 2020. O setor de GLP movimenta por ano R$ 19 bilhões e está presente em 100% dos municípios brasileiros.
Ele destacou o desenvolvimento de novas formas de abastecimento do GLP a granel, “em que se vende o gás encanado dentro das edificações, levando-o de apartamento a apartamento, com um faturamento individualizado, além de indústrias”. O GLP é muito associada ao gás de cozinha. Bandeira de Mello afirmou que o produto é muito versátil e serve também, por exemplo, para aquecimento de água, apresentando outros usos nas residências, comércio e indústrias. Na sua avaliação, o baixo nível de emissões de partículas e gás carbônico (CO2) ampliará a demanda pelo GLP no país.
Outra questão importante, segundo o presidente do Sindigás, são as novas descobertas de gás natural nos poços que trazem associados o butano e propano, elementos componentes do GLP. “Quanto mais se anunciam descobertas de gás natural, que é o nosso maior competidor, mais oferta do produto nós temos e mais competitivo o nosso produto se torna.”.
O principal desafio para o setor é o combate à informalidade. “Isso é muito destrutivo para o nosso produto e para os nossos revendedores”. A meta é acabar com as revendas clandestinas em todo o país. Bandeira de Mello disse que, embora se trate de um produto seguro, o armazenamento inadequado, “principalmente em quantidade, é extremamente perigoso”. O trabalho exige a conscientização da população e colaboração das autoridades, especialmente das prefeituras e órgãos de defesa do consumidor. “De forma que a gente possa fazer um choque de ordem nacional e eliminar a informalidade”.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o setor de GLP poderá alcançar a autossuficiência em 2015. Para o Sindigás, entretanto, isso será possível já em 2012, a partir das novas descobertas de gás natural e da ampliação e construção de refinarias no país. O nível de dependência atual do setor ao mercado externo é de 10%. Bandeira de Mello estimou que se as distribuidoras e revendedoras não conquistarem mais espaço na matriz energética haverá um excedente até 15% da produção que terá de ser exportada.
“Seria um pecado você exportar um produto tão nobre quando a gente pode desenvolver outros. A gente acredita que vai ter competência de transformar esse excedente em algo utilizado no Brasil”, disse Bandeira de Mello. Para que isso ocorra, é preciso aumentar a demanda interna, por meio, por exemplo, da substituição da lenha, principalmente nas regiões Sul, Norte e Nordeste, por gás natural ou GLP, com a inclusão de usuários de baixa renda.
De acordo com dados do Sindigás, a lenha participa com 35% na matriz energética doméstica nacional, enquanto o GLP tem participação de 26%, a energia elétrica 36% e o gás natural 1%. O 1º Enagás se estenderá até amanhã (20).