Combustível

Petróleo é alternativa ao dólar fraco

Valor Econômico
29/10/2009 11:51
Visualizações: 1014

O petróleo voltou a assumir o papel que tinha antes do colapso dos preços no ano passado - um santuário para os investidores que fogem do dólar. Pelo menos no momento, ele é exatamente isso.

 

Na última semana, o preço do petróleo bruto superou a barreira dos US$ 80 o barril pela primeira vez desde setembro de 2008 (o preço referencial do barril de óleo bruto terminou a sexta-feira a US$ 80,50). Isso acontece depois de um período de grande volatilidade que durou um ano. Desde o terceiro trimestre do ano passado o preço do petróleo disparou para US$ 147, caiu para US$ 32 e apenas uma semana atrás era negociado a menos de US$ 70 o barril.

 

Mesmo assim, analistas afirmam que os fundamentos do mercado de petróleo estão tão fracos que os preços não irão subir muito mais, podendo na verdade recuar. "Esta é uma recuperação liderada pelo dólar e não tem sustentação", diz Phil Flynn, analista da PFGBest Research, uma corretora de futuros.

 

O dólar é o principal motivo por trás do aumento de 15% nos preços do petróleo na última semana, segundo analistas. Desde março o dólar se desvalorizou 15% (ajustado à inflação), em comparação a uma cesta de moedas de grandes parceiros comerciais dos Estados Unidos. Operadores vêm tentando amortecer a queda no valor dos dólares que têm em carteira, comprando contratos futuros em portos seguros tradicionais. Num reflexo da alta do petróleo bruto, o preço do ouro disparou este ano para mais de US$ 1.000 a onça troy, uma alta de cerca de 20%. "O aumento contínuo dos preços do petróleo significa que os operadores querem manter ativos fortes", disse Lawrence Goldstein, diretor da Energy Policy Research Foundation de Washington.

 

Poucos especialista estão prevendo um fortalecimento súbito do dólar, de modo que os preços do petróleo poderão ficar onde estão. Mas os fundamentos estão tão fracos, segundo analistas, que os preços poderão cair rapidamente abaixo dos US$ 80 e até mais.

 

Quando os preços do petróleo passaram dos US$ 140, em 2008, as causas estavam mais ligadas ao equilíbrio da oferta e da demanda: não havia praticamente capacidade sobressalente de produção em nenhuma parte do mundo, de modo que todas as interrupções no fornecimento, como a ocorrência de furacões no Golfo do México e ataques rotineiros de rebeldes a instalações petrolíferas na Nigéria, provocaram altas nos preços.

 

Observadores que estão prevendo um repique nos preços, vêm apontando para uma queda na exploração mundial de petróleo e na produção, alegando que quando a economia mundial se recuperar, haverá falta de petróleo. Nos EUA, por exemplo, a exploração caiu 27,8% em relação há um ano, com 309 plataformas perfurando ativamente, comparado a 428 a esta altura do ano passado, segundo a Baker Hughes Rig Count. Fora dos EUA, há 8% menos plataformas produzindo do que há um ano - 764 contra 831. Grandes companhias de petróleo como a ExxonMobil, Chevron e BP continuam investindo em exploração, enquanto companhias menores reduziram substancialmente esses gastos.

 

Mas isso é apenas parte do quadro, segundo analistas. Para começar, a capacidade sobressalente de produção está atualmente em cerca de 6,7 milhões de barris/dia, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), com a Arábia Saudita respondendo por 3,8 milhões de barris, ou 56% do total.

 

Além disso, tanques de armazenamento de petróleo de todas as partes do mundo estão cheios e teriam que ser esvaziados antes de qualquer grande repique nos preços. Os estoques de petróleo bruto dos EUA estão em 339 milhões de barris, um aumento de 27,7% sobre o ano passado, segundo a U.S. Energy Information Administration. Além disso, desde a metade de setembro a Reserva Estratégica de Petróleo supera os 725 milhões de barris, um recorde de 27 anos. Na verdade, o excesso da produção mundial é tamanho que quase não há lugar para armazenar todo o petróleo produzido. Estimados 125 milhões de barris estão flutuando pelo mundo em navios petroleiros, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Normalmente, um volume desprezível de petróleo é armazenado em navios.

 

As refinarias também podem aumentar a produção de produtos derivados do petróleo, segundo analistas. As refinarias americanas estão operando com cerca de 80% da capacidade, uma das taxas mais baixas em duas décadas. "Os estoques elevados e os fundamentos de mercado fracos poderão pesar sobre os mercados em algum momento" e derrubar os preços, afirma Edward Morse, diretor-gerente da Louis Capital Markets, uma corretora de Londres. Portanto, é possível que o petróleo bruto não seja um porto seguro afinal.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
OTC Brasil 2025
OTC Brasil 2025 abre com foco em transição energética, i...
24/10/25
Pessoas
Luiz Carvalho é o novo CFO da Brava Energia
24/10/25
Oferta Permanente
Petrobras informa sobre resultado de leilão da ANP
24/10/25
Firjan
No horizonte 2035+, potencial energético do estado do Ri...
23/10/25
Pré-Sal
PPSA irá leiloar, em dezembro, primeira produção de petr...
23/10/25
OTC Brasil 2025
SLB Brasil marca presença na OTC 2025 com foco em inovaç...
23/10/25
Recursos Humanos
ANP publica novas informações sobre seu Programa de Form...
23/10/25
Leilão
Petrobras vence leilão e arrenda terminal RDJ07 no Porto...
23/10/25
Financiamento
Banco do Nordeste investirá R$ 360 milhões para reforçar...
23/10/25
Oferta Permanente
Equinor arremata dois novos blocos na Bacia de Campos du...
23/10/25
Oferta Permanente
Firjan comemora resultado do Leilão de Partilha da ANP, ...
23/10/25
OTC Brasil 2025
Evento reúne lideranças globais da indústria offshore e ...
22/10/25
Oferta Permanente
3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha da ANP tem cin...
22/10/25
Posicionamento IBP
3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha de Produção
22/10/25
Margem Equatorial
Foresea estende contratos das sondas ODN II e Norbe IX c...
22/10/25
OTC Brasil 2025
Masterclass OTC Brasil 2025: Inovação, Liderança e Tecno...
22/10/25
Etanol
ORPLANA propõe criação de índice de ATR negociado em bol...
22/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil 2025 começa em uma semana com programação int...
21/10/25
Combustíveis
Postos Petrobras mantêm liderança em confiança com progr...
21/10/25
Petrobras
Perfuração é liberada na Margem Equatorial
21/10/25
Etanol
Setor naval busca no etanol brasileiro uma alternativa a...
21/10/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.