Energia

País terá de escolher entre térmicas a carvão e usinas com reservatórios

Tema fez parte de debate ontem em SP.

Valor Econômico
12/06/2013 12:23
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País terá de escolher entre térmicas a carvão e usinas com reservatórios
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Energias alternativas
QUA, 12 DE JUNHO DE 2013 09:24
O aumento na matriz energética brasileira das usinas térmicas, incluindo unidades movidas a gás natural, carvão e até mesmo as usinas nucleares no futuro, é uma escolha que precisa ser discutida amplamente pelo governo com a sociedade, já que as gerações futuras herdarão as consequências das políticas implementadas neste momento, afirmaram os participantes do painel "Os principais indutores para alavancar a sustentabilidade no setor elétrico", realizado ontem pelo Valor, em São Paulo.
O debate, intermediado pela jornalista Daniela Chiaretti, trouxe à tona a polêmica em torno da exploração do potencial hidrelétrico do país. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff sinalizou pela primeira vez que o governo pode rever a opção feita pelas hidrelétricas sem reservatórios. Nos últimos dez anos, só foram licitadas usinas a fio d'água para reduzir os impactos socioambientais dos projetos, localizados em áreas de florestas e reservas indígenas. Mas essa alternativa tem levado o país a depender mais de outras fontes de energia, sobretudo de térmicas movidas a combustíveis fósseis, que são mais caras e poluentes.
"O Brasil só utilizou um terço de seu potencial de geração de energia elétrica até agora, mas 70% do que faltam ser explorados estão na Amazônia, onde está uma das maiores riquezas naturais do mundo. Há os que acham que não devemos mexer, e há os que acham, como eu, que é possível conciliar as duas coisas", disse Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pela formulação do planejamento energético do país.
"Qual a energia mais cara? A que está sendo gerada ou a que deixou de ser produzida [e que faz falta ao país]?", questionou Britaldo Soares, presidente do grupo AES, que controla no Brasil a distribuidora Eletropaulo e a geradora de energia Tietê. "As térmicas vão custar ao país entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões este ano. Em algum momento, essa conta vai chegar para o consumidor final", disse o executivo. Segundo ele, o país precisaria discutir se quer hidrelétricas com ou sem reservatórios de uma forma "menos apaixonada". "É preciso ser realista, o país necessita desses recursos [hídricos]".
Na avaliação do diretor do Instituto Nacional de Eficiência Energética, Pietro Erber, as reservas indígenas não levaram em consideração o potencial hídrico existente quando foram demarcadas. Os custos para o país, que é obrigado a renunciar a esses recursos energéticos, são "muitos grandes", diz o executivo, para quem o governo também foi tímido na defesa dos empreendimentos.
"Os reservatórios foram demonizados no país. Mas os custos de não ter reservatórios podem ser muito maiores", afirmou Márcia Leal, chefe do departamento de energia elétrica do BNDES. O banco, afirma, possui um portfólio diversificado de financiamento, incluindo eólicas e linhas de transmissão. Atualmente, o BNDES trabalha no desenvolvimento de projetos de geração solar, mas é necessário que os fabricantes se instalem no país, porque o banco não financia importações.
Philippe Joubert, diretor do Energy and Climate World Business Council of Sustainable Development, criticou a retomada da construção de térmicas a carvão pelo governo, que fará um leilão no segundo semestre. "Mandar CO2 para atmosfera ainda é grátis. Não estão sendo considerados os custos ambientais. Está errado", disse Joubert. "Quando esses senhores tomam uma decisão é para 60 anos, não para seis meses. O dióxido de carbono é grátis hoje, não significa que será para sempre", afirmou.
Gilberto Schaefer, diretor da Siemens, contou a experiência da Alemanha, que hoje revê as metas que haviam traçadas para ampliação de fontes renováveis em sua matriz energética. A energia ficou mais cara e a emissão de CO2 no país, em vez de cair, cresceu em 2012. Isso porque a eólica e solar são fontes intermitentes e usam como apoio usinas a carvão. "O questão das hidrelétricas no Brasil merece um debate nacional", afirma Schaefer, para quem as fontes intermitentes não são a única solução dos problemas.

O aumento na matriz energética brasileira das usinas térmicas, incluindo unidades movidas a gás natural, carvão e até mesmo as usinas nucleares no futuro, é uma escolha que precisa ser discutida amplamente pelo governo com a sociedade, já que as gerações futuras herdarão as consequências das políticas implementadas neste momento, afirmaram os participantes do painel "Os principais indutores para alavancar a sustentabilidade no setor elétrico", realizado ontem pelo Valor, em São Paulo.

 


O debate, intermediado pela jornalista Daniela Chiaretti, trouxe à tona a polêmica em torno da exploração do potencial hidrelétrico do país. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff sinalizou pela primeira vez que o governo pode rever a opção feita pelas hidrelétricas sem reservatórios. Nos últimos dez anos, só foram licitadas usinas a fio d'água para reduzir os impactos socioambientais dos projetos, localizados em áreas de florestas e reservas indígenas. Mas essa alternativa tem levado o país a depender mais de outras fontes de energia, sobretudo de térmicas movidas a combustíveis fósseis, que são mais caras e poluentes.

 

"O Brasil só utilizou um terço de seu potencial de geração de energia elétrica até agora, mas 70% do que faltam ser explorados estão na Amazônia, onde está uma das maiores riquezas naturais do mundo. Há os que acham que não devemos mexer, e há os que acham, como eu, que é possível conciliar as duas coisas", disse Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pela formulação do planejamento energético do país.

 

"Qual a energia mais cara? A que está sendo gerada ou a que deixou de ser produzida [e que faz falta ao país]?", questionou Britaldo Soares, presidente do grupo AES, que controla no Brasil a distribuidora Eletropaulo e a geradora de energia Tietê. "As térmicas vão custar ao país entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões este ano. Em algum momento, essa conta vai chegar para o consumidor final", disse o executivo. Segundo ele, o país precisaria discutir se quer hidrelétricas com ou sem reservatórios de uma forma "menos apaixonada". "É preciso ser realista, o país necessita desses recursos [hídricos]".

 

Na avaliação do diretor do Instituto Nacional de Eficiência Energética, Pietro Erber, as reservas indígenas não levaram em consideração o potencial hídrico existente quando foram demarcadas. Os custos para o país, que é obrigado a renunciar a esses recursos energéticos, são "muitos grandes", diz o executivo, para quem o governo também foi tímido na defesa dos empreendimentos.

 

"Os reservatórios foram demonizados no país. Mas os custos de não ter reservatórios podem ser muito maiores", afirmou Márcia Leal, chefe do departamento de energia elétrica do BNDES. O banco, afirma, possui um portfólio diversificado de financiamento, incluindo eólicas e linhas de transmissão. Atualmente, o BNDES trabalha no desenvolvimento de projetos de geração solar, mas é necessário que os fabricantes se instalem no país, porque o banco não financia importações.

 

Philippe Joubert, diretor do Energy and Climate World Business Council of Sustainable Development, criticou a retomada da construção de térmicas a carvão pelo governo, que fará um leilão no segundo semestre. "Mandar CO2 para atmosfera ainda é grátis. Não estão sendo considerados os custos ambientais. Está errado", disse Joubert. "Quando esses senhores tomam uma decisão é para 60 anos, não para seis meses. O dióxido de carbono é grátis hoje, não significa que será para sempre", afirmou.

 

Gilberto Schaefer, diretor da Siemens, contou a experiência da Alemanha, que hoje revê as metas que haviam traçadas para ampliação de fontes renováveis em sua matriz energética. A energia ficou mais cara e a emissão de CO2 no país, em vez de cair, cresceu em 2012. Isso porque a eólica e solar são fontes intermitentes e usam como apoio usinas a carvão. "O questão das hidrelétricas no Brasil merece um debate nacional", afirma Schaefer, para quem as fontes intermitentes não são a única solução dos problemas.

 

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