O Porto de Santos tem recebido navios cada vez maiores e com mais frequência. De acordo com a Praticagem de São Paulo, embarcações de mais de 335 metros de comprimento, que antes atracavam com uma frequência mensal no cais santista, agora chegam, pelo menos, a cada dez dias. As consequências são a redução de custos no transporte de mercadorias e, em contrapartida, manobras cada vez mais delicadas no canal de navegação.
Os práticos são os profissionais que melhor percebem a evolução das embarcações que escalam na região. Especialistas em trafegar pelo canal de navegação do Porto, eles são os profissionais que orientam os oficiais dos navios para entrar e sair do complexo.
Segundo dados catalogados pela Praticagem, o aumento no tamanho dos navios que atracam no complexo santista começou a ser sentido em 2011. Neste ano, as embarcações com mais de 300 metros começaram a operar na Cidade.
Foi neste mesmo período que a tonelagem dos navios também aumentou. Cerca de 40% da frota era capaz de transportar mais de 40 mil toneladas. Hoje, 46% dos cargueiros têm esse perfil.
De acordo com o assessor-executivo da Praticagem do Porto de Santos, Marcos Jorge Matusevicius, este é um reflexo exclusivo do desempenho da indústria de navegação, que produz, cada vez mais, grandes embarcações com o objetivo de reduzir custos operacionais nas trocas comerciais.
Com o aumento do tamanho dos navios, mais cargas podem ser transportadas de uma só vez. Este é o lado positivo do transporte de grandes embarcações. No entanto, as manobras de atracação precisam ser feitas com mais cuidado para evitar acidentes.
“As características geográficas não mudaram, mas as margens de segurança estão reduzidas em Santos. É preciso mais atenção e especialização para realizar as manobras em segurança”, afirma o assessor.
Matusevicius explicou que, quando entrou na Praticagem de Santos, em 2006, o maior navio que atracava no complexo era o Aliança Mauá, da Aliança Navegação (Grupo Hamburg Süd), que tem 270 metros de comprimento.
Agora, o Cosco Vietnan, da Cosco Line, segue imbatível quando o quesito é comprimento. São 335 metros de extensão e uma capacidade para transportar 8,5 il TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).
Em volume de transporte, a bola da vez é o Cap San Nicolas, da Hamburg Sud. Ele esteve em Santos pela primeira vez em julho e é capaz de receber até 9,6 mil TEUs em seus 333 metros de comprimento.
“Essas características fazem com que as manobras sejam mais lentas e feitas quando a maré para de encher, sempre com dois práticos a bordo”, afirmou.
A vinda de navios maiores também é um reflexo do crescimento da movimentação de cargas do Porto de Santos. Em 2006, passaram pelos terminais santistas 2,44 milhões de TEUs. No ano passado, esse total chegou a 3,17 milhões de TEUs. No mesmo período, obras realizadas na infraestrutura aquaviária do complexo ampliaram a profundidade média de seu canal de navegação. Em seus trechos iniciais (da Barra até a região das torres de energia, no Armazém 25), essa medida era de 13 metros. E agora, chega a 14,9 metros.