Dona da única usina solar em operação comercial no país - a Solar Tauá, localizada a 360 quilômetros de Fortaleza (CE) -, a MPX se prepara para instalar fazendas solares em novos Estados dos Nordeste. Estudos em fase avançada estão em andamento em regiões de Pernambuco e Paraíba. A expectativa é de que novos empreendimentos sejam iniciados neste ano. "Estamos analisando essas oportunidades. Queremos estar prontos quando a tecnologia solar decolar", diz Marcus Temke, diretor de Implantação e Operação da MPX.
Para o empresário Eike Batista, controlador da MPX, investir em energia solar não se restringe apenas à promessa de um negócio que pode se tornar promissor no futuro, mas também porque pode trazer o benefício de ter sua imagem associada à geração de uma energia limpa, com baixa emissão de carbono, muito diferente daquela associada ao carvão. A MPX controla usinas térmicas alimentadas a carvão e neste mês anunciou que irá produzir na Colômbia 5 milhões de toneladas de carvão por ano a partir de 2013
Por enquanto, reconhece Temke, a usina de Tauá é uma geradora de gastos. "Realmente hoje a operação não cobre nossos custos, mas é uma linha de desenvolvimento. Queremos aprender com isso. Estamos pagando o preço do pioneirismo."
O projeto de Tauá, que custou R$ 11,5 milhões, terá a sua capacidade duplicada neste ano. A estrutura atual conta com 4.680 painéis instalados numa área de 12 mil metros quadrados. Em operação desde abril do ano passado, a usina gera 1 megawatt (MW) de energia elétrica, o suficiente para abastecer 1,5 mil residências.
Neste ano serão investidos mais R$ 7 milhões em Tauá. Cerca de 7 mil painéis fotovoltaicos serão instalados numa nova área de aproximadamente 12 mil metros. Espaço para crescer não falta. "Temos até 600 mil metros de área disponível na região", comenta Temke.
Conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), Tauá recebeu autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para aumentar sua capacidade até 5 MW. No longo prazo, o plano é alcançar 50 MW.
A energia elétrica gerada por painéis solares nunca teve um projeto habilitado para participar de leilões de compra de energia. A ambição do governo é fazer com que essa fonte alternativa tenha o mesmo destino trilhado pela eólica, que até cinco anos atrás não passava de mera experiência e hoje já é a segunda fonte mais barata do país, só atrás das hidrelétricas. Hoje o MW/hora da fonte solar custa entre R$ 300 e R$ 500, enquanto as turbinas de vento geram por cerca de 100.
Neste mês, a Aneel publicou uma lista de 17 projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) que serão implementados no país nos próximos três anos. Estão previstos investimentos de R$ 395,9 milhões. O maior investimento será feito pela Tractebel Energia, com R$ 60,8 milhões; seguido de Copel, com R$ 58,6 milhões; Furnas, com R$ 48 milhões; e Chesf, com R$ 44 milhões.
Em fevereiro, como adiantou o Valor na semana passada, a Aneel quer definir as regras para liberar a microgeração de energia solar. A regulamentação, que também vai permitir a instalação de minitorres eólicas, permite que o cidadão instale um painel solar em sua casa e passe a contabilizar a potência gerada pelos seus painéis solares.