A implantação do projeto Marina Porto de Santos, recém-lançado pela Prefeitura e que tem como objetivo a revitalização do Cais do Valongo, já atrai o interesse de pelo menos seis investidores estrangeiros, conforme declarou o navegador Amyr Klink durante a cerimônia de lançamento do projeto, no último dia 15 .

Segundo ele, os players estão na expectativa da abertura da concorrência do empreendimento para apresentarem suas propostas.

Segundo revelou o navegador, ele foi procurado recentemente por investidores internacionais que conhecem o perfil da região e já obtiveram informações preliminares sobre as intenções da Prefeitura para a área. “Posso dizer que essas pessoas estão muito animadas com a possibilidade de investir nesse tipo de negócio em Santos”, afirmou.

Um dos motivos de Klink ter sido procurado é a proximidade dele com o prefeito de Santos, João Paulo Papa. O navegador acompanhou o processo conceitual de elaboração do Marina Porto de Santos.

“Se ninguém quiser investir, pode ter certeza que os players vêm para isso. Lá fora (no exterior) tem 5 mil investidores desse tipo de projeto”, destacou Klink, ao descrever que seus contatos já desenvolveram obras semelhantes à proposta do Cais do Valongo.

Ele analisou, no entanto, que para o fato se concretizar, a Prefeitura precisa acelerar o processo de cessão dos galpões com o Governo Federal. “Agora o maior desafio é político. Depois disso tudo, vai caminhar bem e rápido”.

Projeto  - O Marina Porto de Santos deverá ocupar a área dos armazéns 1 ao 8 do Porto de Santos, cuja transferência ao Poder Municipal está em negociação com o Governo Federal, proprietário dos imóveis e que os administra através da Codesp.

Lançado oficialmente na quinta-feira, o projeto prevê a construção de espaços para feiras e eventos, estaleiros, instalações para o Centro Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), uma escola de navegação, um terminal de passageiros e uma marina pública.

Fora da área portuária, a Prefeitura quer agregar ao empreendimento um pólo tecnológico ao lado da Estação Ferroviária do Valongo; o Memorial José Bonifácio, em homenagem ao patriarca da Independência, nas ruínas dos casarões do Largo Marquês de Monte Alegre; e um centro empresarial atrás da Estação.

Na avaliação de Amyr Klink, o Marina Porto de Santos será o principal modelo do gênero no Brasil. Um das causas é a localização do empreendimento, em águas abrigadas, na parte interna do Canal do Estuário.

Além do aspecto geográfico, Klink avaliou que as questões turísticas e comerciais são fortes indícios de que o complexo será bem-sucedido. O projeto será desenvolvido nas imediações do Centro Histórico.

“Se o projeto da marina tiver uma capacidade superior a 600 barcos, com certeza será o maior do Brasil. E com o entorno da forma como está projetado, será o melhor do Brasil”, disse o velejador. E ele foi além: “Vai superar Porto Madero, na Argentina. Primeiro porque lá é um porto desativado e aqui é um porto ativo, um incremento a mais”.

No campo de geração de empregos, Klink comparou ao complexo náutico de Palma de Mallorca, na Espanha. Segundo ele, a cidade tem cerca de 600 mil habitantes, ao passo que Santos se aproxima dos 450 mil. “Só de empregos, a marina de Palma de Mallorca tem 180 mil. Se Santos conseguir fazer o seu projeto, São Paulo (a Capital) vai ser dormitório do setor náutico”, brincou.

Já sobre o impacto na economia, o navegador calcula que cada embarcação, de 90 pés em média, deixará na região da marina entre US$ 400 mil e US$ 500 mil por ano.

Mansur promete pedir agilidade ao Governo - A fim de agilizar o processo de transferência dos armazéns 1 ao 8 do Porto de Santos, o deputado federal Beto Mansur (PP-SP) anunciou na última quinta-feira, durante o lançamento do Marina Porto Asturias, que pretende levar o assunto ao presidente Luiz Ignácio Lula da Silva. O parlamentar também quer que Lula retome a discussão para a construção de um mergulhão viário na região portuária do Valongo.

O complexo idealizado prevê a ocupação dos antigos galpões com atividades culturais e de lazer, um novo terminal de passageiros e uma marina pública.

Ex-prefeito de Santos, Mansur afirmou que irá procurar Lula e o atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, para pedir a transferência dos galpões abandonados do cais. “Estarei lá, em Brasília, batendo na porto do Lula para querer a cessão dos armazéns”, revelou.

O deputado destacou que a Administração Municipal já demonstrou que há um projeto viável para a exploração do trecho portuário. “Isso é fantástico. Inclusive, estou levando duas cópias do projeto Marina Porto de Santos para entregar ao ministro e ao presidente. É importante para que eles vejam que Santos tem uma proposta, tem um conceito para utilizar aquele trecho em benefício da sua população”.

Há cerca de um mês, Passos determinou a criação de uma comissão mista, formada por Prefeitura, Codesp e Governo Federal, a fim de estudar as formas burocráticas para a transferência dos imóveis.

Mergulhão - O ex-prefeito disse ainda que falará ao presidente da República sobre a necessidade de construir um mergulhão viário para desviar o tráfego de caminhões do entorno do complexo turístico. A proposta, idealizada há cerca de dez anos, prevê a construção de um túnel subterrâneo sobre a atual avenida portuária, às margens dos armazéns 1 ao 8. Além disso, ela irá fazer com que os visitantes do futuro complexo não dividam espaço com os caminhões nas vias de acesso.

“É uma obra que foi suspensa, mas que vai precisar ser retomada porque é importante para a segurança daquela região”, concluiu Mansur.

Há dois anos, o projeto do mergulhão foi suspenso pelo Governo Federal como estratégia para agilizar a construção da avenida perimetral da Margem Direita (Santos). Havia o receio, por ser tratar de uma obra de impactos ambientais revelantes, do licenciamento da obra demorar demais para ocorrer.

Além da questão ambiental, o mergulhão tornou-se inviável, à época, por seu orçamento. As estimativas da Codesp davam conta de que o empreendimento custaria cerca de R$ 700 milhões.

Papa pretende trazer eventos náuticos - O prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, quer aproveitar a implantação do projeto Marina Porto de Santos, nos armazéns 1 ao 8 do Cais do Valongo, para trazer grandes eventos náuticos ao Município. Nos planos de Papa estão o São Paulo Boat Show, a maior feira do setor do País, e a Regata Volta ao Mundo, a principal do planeta.

As intenções do prefeito foram conhecidas na última quinta-feira, durante o lançamento do projeto da marina pública, na Estação Ferroviária do Valongo. Na ocasião, Papa deixou clara a frustração pelos principais eventos do setor não incluirem Santos.

De acordo com o chefe do Executivo, eventos náuticos precisam ser realizados próximos ao mar, assim como acontece com o Rio Boat Show, o segundo maior do País, organizado na Marina da Glória, na capital fluminense.

“O São Paulo Boat Show é realizado dentro de um pavilhão em São Paulo. Quem vai até lá comprar um barco não vê (o veículo) na água. Só pode olhar o barco dentro de um estande. Com este projeto Marina Porto de Santos, teremos todas as condições para trazer este evento para cá”, vislumbrou o prefeito.

Assim como o desejo de ter o SP Boat Show na Cidade, Papa apontou um outro evento que, segundo ele, teria destaque garantido no Município: a Regata Volta ao Mundo. “Já tivemos a oportunidade de ter a Regata Volta ao Mundo em Santos. Fomos procurados pelo pessoal da Volvo (montadora que organiza o evento), mas não tínhamos como atender”, lembrou.

Papa lamentou que a população santista não tenha tido a oportunidade de se beneficiar da realização daquela atividade náutica. “Tudo que poderia acontecer de impacto positivo com a Regata foi para São Sebastião (no Litoral Norte). Mas, de qualquer modo, é um tipo de evento, de atividade, que teremos total condição de receber”, garantiu.

Fonte: A Tribuna - SP