Tecnologia e Inovação

Indústria busca novos materiais

Valor Econômico
07/05/2012 14:17
Visualizações: 569 (0) (0) (0) (0)
O desenvolvimento de produtos cada vez mais leves e resistentes está estimulando o surgimento de novas cadeias de materiais no país. Em diversos processos produtivos, insumos derivados de plásticos especiais, fibras de vidro, polímeros e alumínio ganham espaço como substitutos de materiais convencionais - como madeira, borracha e ferro-fundido.

Paralelamente, na construção civil, estruturas pré-fabricadas de aço passam a substituir cada vez mais métodos tradicionais de alvenaria e madeira.

Inovações antes aplicadas na fabricação de equipamentos aeroespaciais se expandiram para a indústria automobilística e começam a ser utilizadas na construção de casas e obras de infraestrutura. O movimento tem como pano de fundo a evolução nos projetos de engenharia, com vista a exigências - sejam regulatórias, sejam do próprio consumidor - por produtos mais econômicos e menos poluentes.

Aos poucos, o Brasil vai encontrando soluções domésticas para fazer frente às novas demandas. A evolução tem sido mais rápida na indústria automobilística, onde diversos fabricantes estão desenvolvendo novos materiais - entre plásticos de alta performance e insumos de alumínio - para uma vasta quantidade de peças. As inovações vão desde componentes de motor - como pistões, válvulas, cárter e bombas d'água - até o revestimento dos automóveis.

Se o custo dos novos materiais ainda não representa um diferencial em relação às matérias-primas tradicionais, a evolução na demanda começa a tornar o processo de substituição economicamente viável. "É preciso ter escala para fazer essa modificação. Para um volume de cinco mil peças, não vale a pena fazer. Mas isso começa a fazer sentido quando a produção supera 50 mil ou 70 mil unidades", diz Adriano Rishi, diretor de engenharia da fabricante de motores Cummins, que utiliza componentes de plástico especial e alumínio no processo de produção.

O grupo de fabricantes que também estão acompanhando a onda de substituição inclui a Eaton - que tem adicionado componentes de alumínio em seus sistemas de transmissão - e a Vetore, que utiliza plásticos especiais na produção de bombas d'água em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba.

Além de ganhos com a redução de peso, fatores como durabilidade e diminuição de ruídos, no caso dos plásticos de engenharia, são citados entre as vantagens na troca de materiais metálicos. Em novas linhas da fabricante de carretas Noma, por exemplo, o compensado de madeira deu lugar a placas de alumínio e polímero. Um dos objetivos é melhorar a resistência à corrosão do produto, sujeito a alterações climáticas nas estradas. Fora isso, a redução de peso - dando espaço para maior carga de produtos - é sempre bem-vinda pelas transportadoras.

Na esteira do consumo das montadoras, a MVC - empresa do grupo Artecola e da Marcopolo - espera mais do que triplicar seu faturamento em quatro anos: de R$ 121 milhões, em 2011, para R$ 400 milhões em 2015. A companhia fornece compósitos de polipropileno reforçados por fibras de vidro - usados em componentes de automóveis, caminhões, ônibus e vagões de trens.

O insumo será empregado pela Suzuki no revestimento do teto do Jimny, o utilitário que, até o fim do ano, começará a ser produzido pela montadora em Itumbiara (GO). A redução de peso em relação aos materiais tradicionais é de aproximadamente 50%.

Paralelamente, a MVC começa uma investida no mercado de construção civil, onde firmou uma joint venture com a mexicana Stabilit. A nova empresa - na qual a MVC tem 51% e a Stabilit, 49% - vai usar os compósitos de alta resistência na produção de perfis, em substituição a estruturas de aço. O início da produção está previsto para outubro na fábrica da MVC em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

Nos últimos anos, fabricantes de aço viram aumentar a concorrência de materiais alternativos, mas eles próprios passaram a desenvolver novas aplicações para seus produtos na construção civil. Isso ajuda a explicar como as estruturas siderúrgicas pré-fabricadas - sistemas conhecidos como "steel frame" - estão ocupando o espaço dos métodos tradicionais de alvenaria.

"A tecnologia (steel frame) demorou a chegar ao Brasil e entrou no mercado há cerca de dez anos. Agora, esse segmento apresenta crescimento de 50% ao ano", afirma Bernardo Sondermann, diretor comercial da Steel Frame, criada há 12 anos para atender a demanda pelas construções de aço. Hoje, entre os clientes da empresa estão a Petrobras e o governo do estado de São Paulo. "Nos últimos cinco anos duplicamos de tamanho", afirma o executivo, sem informar o faturamento da companhia.

Dentre as vantagens do sistema está a redução do impacto ambiental nos locais de obras, já que a tecnologia permite economia de água e canteiros mais limpos. Há também uma economia de recursos naturais, porque o sistema não exige fundações tão profundas.

A tecnologia é mais cara do que a construção de alvenaria comum, com a diferença podendo alcançar 8%. Mesmo assim, o aço tem entrado em novas etapas da construção. Segundo a Gypsteel - empresa do grupo Brasgips que elabora e realiza projetos de construção - as paredes de gesso (chamadas de drywall) têm perdido espaço para estruturas de produtos siderúrgicos.

"Antes de 2008, o drywall representava 80% dos nossos negócios, enquanto o steel frame ficava com 20%. Hoje, o aço já representa 50% e deve encerrar este ano na proporção de 60% das nossas operações", afirma Josélio Rodrigues, diretor da Brasgips.

Apesar do grande potencial de crescimento, o sistema de construção de aço ainda é pouco utilizado no país. Segundo a Steel Frame do Brasil, o país abriga apenas de 250 a 300 mil metros quadrados de construções em steel frame. Nos Estados Unidos - onde a tecnologia é utilizada há décadas -, mais da metade dos escritórios e prédios de bancos, hospitais, edifícios públicos e moradias populares são feitos de estruturas de aço.

Por outro lado, há um esforço para ampliar no Brasil a aplicação da tecnologia para as construções mais simples, voltadas para as classes de baixa renda.
Mais Lidas De Hoje
veja Também
Evento
Bahia sediará Encontro Internacional do Setor de Energia
15/11/24
Pré-Sal
Fórum Técnico PPSA 2024 vai debater o futuro do pré-sal
14/11/24
Firjan
Redução da jornada de trabalho pode custar R$ 115,9 bilh...
14/11/24
Resultado
BRAVA Energia registra EBTIDA ajustado de R$ 727 milhões...
14/11/24
Combustíveis
Preço médio da gasolina se mantém estável desde setembro...
14/11/24
Internacional
Na COP29 Brasil lança roteiro para impulsionar investime...
14/11/24
Espírito Santo
Pesquisa com empresas capixabas mapeará necessidades de ...
14/11/24
Rio de Janeiro
Petrobras participa do G20 Social
14/11/24
Meio Ambiente
Petrobras e BNDES fazem nova parceria para restauração e...
14/11/24
Parceria
Atvos e Dabi Business Park firmam parceria para fomentar...
13/11/24
PD&I
Shell e FAPESP investem em pesquisa para acelerar a tran...
13/11/24
ANP
Participação Especial: valores referentes à produção do ...
13/11/24
Internacional
Na COP 29, MME debate a importância de ampliar investime...
13/11/24
Resultado
Eneva registra fluxo de caixa operacional recorde de R$ ...
13/11/24
PPSA
Produção de petróleo da União atinge 99 mil bpd em setembro
13/11/24
Biometano
Biometano na rede de gás natural busca impulsionar econo...
13/11/24
Logística
Omni Taxi Aéreo operará o primeiro Airbus H160 no setor ...
12/11/24
Etanol
Moagem de cana em Minas Gerais atinge 73,8 milhões de to...
12/11/24
Gás Natural
Origem Energia assina seu primeiro contrato no mercado l...
12/11/24
Gás Natural
Petrobras, Gerdau e Sulgás assinam primeiro contrato par...
11/11/24
Pré-Sal
Equinor investe R$ 12,5 milhões em laboratório no CEPETR...
11/11/24
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

21