Pesquisa

Impactos socioambientais de Belo Monte serão avaliados

Professor cubano comandará os trabalhos.

Agência Fapesp
10/02/2014 12:30
Visualizações: 1028 (0) (0) (0) (0)

 

A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, próxima à cidade de Altamira, no Pará, terá uma pesquisa científica sobre os impactos sociais e ambientais da obra. O trabalho é coordenado pelo cubano Emilio Federico Moran, professor da Michigan State University, nos Estados Unidos.
A pesquisa, intitulada “Processos sociais e ambientais que acompanham a construção da hidroelétrica de Belo Monte, Altamira, PA”, tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio do Special Program Excellence Chairs (SPEC), que visa propiciar a vinda ao Brasil de pesquisadores de primeira linha do exterior para criar núcleos de pesquisa em universidades paulistas.
Com uma longa experiência no Brasil, resultante de quatro décadas de pesquisa sobre as transformações em curso no setor rural brasileiro, em especial na Amazônia, Moran coordena uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, de várias universidades brasileiras, centralizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O trabalho de campo está em fase inicial de implantação em Altamira. A pesquisa deverá se estender até agosto de 2018. Participam da equipe cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina, da Universidade Federal do Pará e da Universidade Estadual do Pará.
“Começaremos com o levantamento dos impactos sobre a população urbana”, disse Moran, desde Altamira, à Agência Fapesp. “Elaborei junto com meus colaboradores um questionário para entender como a construção da hidrelétrica está afetando os moradores antigos, o pessoal que já estava aqui. Depois, enfocaremos os moradores novos, aqueles que vieram atraídos pela obra: operários, comerciantes, engenheiros, profissionais de vários tipos”.
“Também queremos determinar o efeito da usina sobre o setor agrícola, que é um setor muito produtivo nesta região da Amazônia”, prosseguiu o pesquisador. “Tenho feito estudos na área desde os anos 1970, quando, para realizar minha pesquisa de doutorado, visitei a região pela primeira vez. No setor rural, parece que temos duas possibilidades. Pode ser que o crescimento da população urbana em função da hidrelétrica, fazendo aumentar a demanda de alimentos, promova uma intensificação agrícola na região. Mas pode ser também que as obras atraiam trabalhadores do campo, levando a um enfraquecimento da agricultura familiar por falta de mão de obra no setor agrícola. As primeiras observações apontam nesse sentido, mas estamos só começando os estudos”, disse.
Uma terceira linha de pesquisa vai acompanhar a população ribeirinha. Um contingente de 20 mil pessoas deverá ser reassentado em razão da barragem.
“Vamos acompanhar de perto essa população nativa, que será a mais diretamente afetada. Porque os indígenas conseguiram que a companhia mudasse o plano da barragem, de forma a não terem efeitos diretos. Terão, sim, efeitos indiretos. Já os ribeirinhos vivenciarão um reassentamento enorme: muitos povoados ribeirinhos vão ter de mudar e, de fato, vários já estão sendo removidos na área”, disse Moran.
Segundo o pesquisador, o termo “ribeirinho” pode se aplicar também a uma parte da população urbana, uma vez que há bairros constituídos por palafitas, na beira do rio Xingu, que serão alagados com a construção da barragem. Esses bairros são habitados por ribeirinhos que estão em processo de transição de uma existência isolada no meio do mato para uma vida com acesso a saúde, educação e outros serviços disponíveis na área urbana.
Uma das ocupações da equipe do projeto de pesquisa, em seus primeiros meses de atividade, será fazer um estudo exaustivo da literatura internacional sobre impactos socioambientais de hidrelétricas. Há obras de grande porte na China, na Índia, no Laos e em outros países emergentes que podem servir de parâmetro para o estudo de Belo Monte.
De acordo com Moran, as observações preliminares na área permitem perceber que alguns problemas que ocorreram no exterior já se manifestam também no Pará.
“A população de Altamira dobrou nos últimos dois anos. Já alcançou 150 mil pessoas. E vários preparativos para receber essa população foram prometidos, mas não realizados a tempo”, comentou. “De modo que Altamira está agora com sua capacidade esgotada em termos de leitos hospitalares, vagas escolares, efetivos de segurança etc., criando-se uma situação caótica para todos na cidade”.
“O supercrescimento deveria ter sido acompanhado por um superinvestimento em equipamentos para atender a essa nova população. A pesquisa poderá mostrar como deveremos agir em futuras hidrelétricas para reduzir os custos sociais e ambientais de grandes projetos como Belo Monte”, disse Moran.
“Esperamos poder subsidiar propostas para um planejamento que considere as pessoas tão importantes como a produção de energia”, disse o pesquisador.

A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, próxima à cidade de Altamira, no Pará, terá uma pesquisa científica sobre os impactos sociais e ambientais da obra. O trabalho é coordenado pelo cubano Emilio Federico Moran, professor da Michigan State University, nos Estados Unidos.

A pesquisa, intitulada “Processos sociais e ambientais que acompanham a construção da hidroelétrica de Belo Monte, Altamira, PA”, tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio do Special Program Excellence Chairs (SPEC), que visa propiciar a vinda ao Brasil de pesquisadores de primeira linha do exterior para criar núcleos de pesquisa em universidades paulistas.

Com uma longa experiência no Brasil, resultante de quatro décadas de pesquisa sobre as transformações em curso no setor rural brasileiro, em especial na Amazônia, Moran coordena uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, de várias universidades brasileiras, centralizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O trabalho de campo está em fase inicial de implantação em Altamira. A pesquisa deverá se estender até agosto de 2018. Participam da equipe cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina, da Universidade Federal do Pará e da Universidade Estadual do Pará.

“Começaremos com o levantamento dos impactos sobre a população urbana”, disse Moran, desde Altamira, à Agência Fapesp. “Elaborei junto com meus colaboradores um questionário para entender como a construção da hidrelétrica está afetando os moradores antigos, o pessoal que já estava aqui. Depois, enfocaremos os moradores novos, aqueles que vieram atraídos pela obra: operários, comerciantes, engenheiros, profissionais de vários tipos”.

“Também queremos determinar o efeito da usina sobre o setor agrícola, que é um setor muito produtivo nesta região da Amazônia”, prosseguiu o pesquisador. “Tenho feito estudos na área desde os anos 1970, quando, para realizar minha pesquisa de doutorado, visitei a região pela primeira vez. No setor rural, parece que temos duas possibilidades. Pode ser que o crescimento da população urbana em função da hidrelétrica, fazendo aumentar a demanda de alimentos, promova uma intensificação agrícola na região. Mas pode ser também que as obras atraiam trabalhadores do campo, levando a um enfraquecimento da agricultura familiar por falta de mão de obra no setor agrícola. As primeiras observações apontam nesse sentido, mas estamos só começando os estudos”, disse.

Uma terceira linha de pesquisa vai acompanhar a população ribeirinha. Um contingente de 20 mil pessoas deverá ser reassentado em razão da barragem.

“Vamos acompanhar de perto essa população nativa, que será a mais diretamente afetada. Porque os indígenas conseguiram que a companhia mudasse o plano da barragem, de forma a não terem efeitos diretos. Terão, sim, efeitos indiretos. Já os ribeirinhos vivenciarão um reassentamento enorme: muitos povoados ribeirinhos vão ter de mudar e, de fato, vários já estão sendo removidos na área”, disse Moran.

Segundo o pesquisador, o termo “ribeirinho” pode se aplicar também a uma parte da população urbana, uma vez que há bairros constituídos por palafitas, na beira do rio Xingu, que serão alagados com a construção da barragem. Esses bairros são habitados por ribeirinhos que estão em processo de transição de uma existência isolada no meio do mato para uma vida com acesso a saúde, educação e outros serviços disponíveis na área urbana.

Uma das ocupações da equipe do projeto de pesquisa, em seus primeiros meses de atividade, será fazer um estudo exaustivo da literatura internacional sobre impactos socioambientais de hidrelétricas. Há obras de grande porte na China, na Índia, no Laos e em outros países emergentes que podem servir de parâmetro para o estudo de Belo Monte.

De acordo com Moran, as observações preliminares na área permitem perceber que alguns problemas que ocorreram no exterior já se manifestam também no Pará.

“A população de Altamira dobrou nos últimos dois anos. Já alcançou 150 mil pessoas. E vários preparativos para receber essa população foram prometidos, mas não realizados a tempo”, comentou. “De modo que Altamira está agora com sua capacidade esgotada em termos de leitos hospitalares, vagas escolares, efetivos de segurança etc., criando-se uma situação caótica para todos na cidade”.

“O supercrescimento deveria ter sido acompanhado por um superinvestimento em equipamentos para atender a essa nova população. A pesquisa poderá mostrar como deveremos agir em futuras hidrelétricas para reduzir os custos sociais e ambientais de grandes projetos como Belo Monte”, disse Moran.

“Esperamos poder subsidiar propostas para um planejamento que considere as pessoas tão importantes como a produção de energia”, disse o pesquisador.

 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Etanol
Anidro cai 2,48% e hidratado fecha em alta pela 2ª seman...
14/04/25
Vitória PetroShow 2025
Vitória Petroshow 2025 consolida-se como o maior evento ...
13/04/25
Rio de Janeiro
Promoção Firjan e Infis, 3º Seminário Tributação em óleo...
11/04/25
Apoio Marítimo
Abastecimento inédito de HVO é realizado por efen e Wils...
11/04/25
Oportunidade
Presidente do IBP defende formação profissional para 400...
10/04/25
Vitória PetroShow 2025
Noite dos Âncoras celebra o sucesso do Vitória Petroshow...
10/04/25
Energia Solar
Parque Solar da Acelen está com 50% das obras concluídas
10/04/25
Etanol
Enersugar estabelece meta de 1,7 milhão de toneladas par...
10/04/25
Bahia Oil & Gas Energy 2025
Bahia Oil & Gas Energy 2025 está com inscrições abertas
10/04/25
Internacional
Atvos fecha parceria com startup japonesa Tsubame BHB pa...
10/04/25
Vitória PetroShow 2025
Vitória Petroshow movimenta quase R$ 1 bilhão em negócio...
09/04/25
Vitória PetroShow 2025
Primeiro Dia do Vitória PetroShow 2025: Petrobras anunci...
09/04/25
Negócio
SBM Offshore assina contrato de Sale and Leaseback de US...
09/04/25
Gasoduto
Cabedelo: João Azevêdo entrega gasoduto e prepara municí...
09/04/25
Resultado
BRAVA Energia registra aumento de 80% na produção do pri...
09/04/25
Gás Natural
Naturgy debate perspectivas e desafios do setor de gás n...
09/04/25
Vitória PetroShow 2025
Vitória PetroShow 2025 reforça protagonismo do Espírito ...
09/04/25
Biocombustíveis
MME participa de semana de reuniões técnicas sobre combu...
09/04/25
Combustíveis
ETANOL/CEPEA: Preços iniciam nova safra em recuperação
09/04/25
Meio Ambiente
"Mercado de carbono precisa ser mais transparente e aces...
09/04/25
Combustíveis
Entenda por que o preço dos combustíveis está variando c...
09/04/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22