Internacional

Guatemala é a nova fronteira para o etanol

País centro-americano planeja misturar etanol na gasolina, medida que contribuirá para a redução das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera

Redação TN Petróleo/Assessoria UNICA
04/05/2022 12:06
Guatemala é a nova fronteira para o etanol Imagem: Divulgação Visualizações: 1733 (0) (0) (0) (0)

"A Guatemala está pronta para aderir a um programa de etanol e se juntar a mais de 60 países no mundo que já utilizam o biocombustível em sua matriz de transportes. Criaremos, assim, um mercado mundial para o etanol e transformarmos o biocombustível em commodity com valor global", destacou a embaixadora do Brasil na Guatemala, Vera Cíntia Álvarez, na abertura da primeira edição do Sustainable Mobility: Ethanol Talks Guatemala.

O evento, promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA) e ApexBrasil, reuniu nessa terça-feira (03), na Cidade da Guatemala, especialistas, autoridades e pesquisadores, do Brasil e da Guatemala, para discutir os benefícios e os desafios relacionados à implementação de uma mistura de 10% de etanol na gasolina pelo país da América Central.

Durante a abertura, o ministro de Energia e Minas da Guatemala, Alberto Pimentel, destacou que o Ethanol Talks possibilita uma oportunidade de aprendizado com a experiência brasileira e contribui para o desenho de uma política de utilização e mistura de etanol na Guatemala. "Produzimos etanol, mas não o utilizamos. Deveríamos tirar mais proveito dos benefícios do biocombustível, mas acredito que o futuro na Guatemala será muito mais verde num curto espaço de tempo", reforçou o ministro.

A Guatemala discute atualmente a implementação de um nível de mistura de 10% de etanol na gasolina. A realização dos seminários Ethanol Talks no país tem como objetivo contribuir com a experiência brasileira na produção, distribuição e uso do etanol nas mais diversas áreas, como política pública, tecnologia, meio ambiente e saúde pública.

"Estamos vendo que, mais uma vez, esse formato do Ethanol Talks traz ganhos impressionantes. Para nós brasileiros, fica reforçado o grande ativo que temos no país, que é a produção, o consumo e o incremento desses parques de bioenergia que nossas usinas estão se transformando. Por outro lado, é fantástico ver como a gente pode contribuir com os países que desejam elevar ou implementar a participação do etanol na sua matriz de transportes", ressaltou o presidente da UNICA, Evandro Gussi.

EMISSÕES EVITADAS
Atualmente, mais de 60 países no mundo já possuem mandatos que estabelecem algum nível de mistura de etanol na gasolina. No Brasil, o uso de etanol por quase 50% dos carros do Ciclo Otto (veículos leves) evitou a emissão de 600 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.

Na Guatemala, com uma política efetiva que implemente a mistura de 10% de etanol na gasolina é possível evitar a emissão de aproximadamente 250 mil toneladas de CO2 anualmente. A medida contribuiria para o país centro-americano atingir os compromissos assumidos no Acordo de Paris. A meta dos guatemaltecos é diminuir 11% de suas emissões globais de CO2 até 2030.

"A Guatemala é uma país que está pronto para iniciar um programa de etanol. Há muito interesse do governo em ter uma matriz energética, uma matriz de transportes mais limpa. Este evento que estamos organizando aqui tem tido um resultado muito positivo e deve redundar em um processo contínuo de colaboração entre os dois países, de estreitamento e fortalecimento da nossa relação. Hoje é o início de uma longa caminhada, que esperamos que será muito bem-sucedida", ressaltou Eduardo Leão de Sousa, diretor-executivo da UNICA.

De acordo com a diretora-executiva da Associação de Combustíveis Renováveis da Guatemala (ACR), Aída Lorenzo de Juaréz, o potencial para implementação de mistura é evidente, e o Brasil pode contribuir para tornar essa política uma realidade. "Acredito que esse evento é muito importante para nosso país porque abre os olhos de muitas pessoas que não conhecem o tema, abre os olhos para todos os benefícios que poderíamos ter e que hoje em dia não estamos tendo", disse Juaréz.

PRODUÇÃO
O cultivo de cana-de-açúcar é um dos principais motores da economia guatemalteca, com exportação de 70% da produção de açúcar -- o país é o sexto maior exportador do produto. A capacidade instalada para etanol é de 246 milhões de litros por ano. Para misturar 10% de etanol na gasolina do país, são necessários 238 milhões de litros por ano. Há um excedente de melaço que atualmente não é transformado no biocombustível.

CONVERSAS PELO MUNDO
Os seminários Sustainable Mobility: Ethanol Talks tiveram início em 2020, na Ásia. Foram realizadas edições em Nova Déli (Índia), Bangkok (Tailândia) e Islamabad (Paquistão). Os eventos reuniram especialistas brasileiros para oferecer cooperação e transferir conhecimentos acumulados ao longo dos mais de 40 anos de uso do etanol como combustível em larga escala no Brasil.

Um dos resultados desse intercâmbio é o Memorando de Entendimento, assinado no dia 21 de abril deste ano, pela UNICA e a Associação dos Fabricantes dos Automóveis Indianos (SIAM). O documento prevê uma série de iniciativas focadas em políticas para reduzir os níveis de emissão de gases de efeito estufa a partir do uso de etanol. Também estabelece o intercâmbio de informações sobre biomassa e acesso ao mercado e sustentabilidade dos biocombustíveis, além da criação do Centro Virtual de Excelência em bioenergia.

PROJETO
A ApexBrasil e a UNICA tornaram pública em fevereiro de 2008 uma estratégia para promover a imagem dos produtos sucroenergéticos no exterior, em especial do etanol brasileiro como uma energia limpa e renovável. As duas entidades assinaram um convênio que prevê investimentos compartilhados. O projeto pretende influenciar o processo de construção de imagem do etanol e demais derivados da cana-de-açúcar junto aos principais formadores de opinião mundial -- governos e meios de comunicação, bem como empresas de trading, potenciais investidores e importadores, ONGs e consumidores.

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