Gazeta Mercantil
O atual patamar de preços no mercado internacional de petróleo, em torno de US$ 40 o barril, é insustentável, porque as cotações obrigatoriamente terão de subir para garantir uma produção que atenda a atual demanda global pela commodity, disse ontem o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
"Se ficar baixo, alguns países vão deixar de investir, não é o caso do Brasil. Mas isso acontecerá nas (áreas de produção das) areias do Canadá, no Ártico, na Faixa do Orenoco (Venezuela). Investimentos não vão ser feitos", declarou Costa a jornalistas.
Segundo o executivo da Petrobras, se os países deixarem de investir em novas áreas de produção, "o preço vai subir". "Então, esse preço de US$ 30 a US$ 40 não tem sustentação", destacou, observando que o pico acima de US$ 147 também não se sustentava, sendo fruto de especulação.
Costa lembrou que a produção em todos os campos de petróleo cai cerca de 10% ao ano, e que se a demanda mundial, em meio à crise, apenas se mantiver em 85 milhões de barris/dia, haverá problemas para atender ao consumo, no caso de redução de investimentos. "As companhias de petróleo têm que investir, para manter um mercado mesmo estagnado, aumentando em 8,5 milhões de barris por dia a produção anual (por causa da queda natural nos campos de petróleo)", disse o executivo.
"Se não tiver atratividade, as empresas não vão investir. Se não colocarem (dinheiro), não vai ter oferta, e aí o preço sobe", afirmou Costa.
O diretor avalia que "a crise é o melhor" momento para investir, ressaltando que a demanda pode se reduzir agora, mas a empresa estará mais bem preparada quando o consumo for retomado.
Ele não quis adiantar questões relativas ao plano de negócio 2009-13, que deve ser apreciado pelo conselho da companhia no final deste mês. O diretor reafirmou que a política de repasse de preços do petróleo para o consumidor de combustíveis no país é de longo prazo e que a empresa não repassa a volatilidade dos mercados futuros para o valor da bomba.
Mas ele admitiu que a Petrobras poderá ajustar o preço quando os mercados ficarem mais estáveis. "Quando a Petrobras entender que vamos ter um pata-mar adequado, pode ter um ajuste de preço", declarou Costa.
Ele não especificou se os preços dos combustíveis seriam ajustados para baixo, apesar de as cotações atuais estarem em valores de cerca de US$ 100 abaixo dos recordes registrados em meados no ano passado.
Costa disse ainda que a empresa não concluiu a avaliação sobre o volume de combustíveis consumidos no país no ano passado, mas observou que o crescimento do mercado deve ter ficado "próximo de 3%, talvez um pouco abaixo".
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