Bloomberg News, 13/09/2019
O CEO da BP planeja vender alguns projetos de petróleo e limitar o desenvolvimento de outros para alinhar seus negócios com o Acordo de Paris. O anúncio é mais um sinal de que as preocupações com a mudança climática começam a impactar as decisões de investimento dos maiores produtores mundiais de combustíveis fósseis.
Os executivos do alto escalão da BP se reuniram nos últimos dias para discutir como reduzir as emissões de carbono, depois que uma resolução dos acionistas exigiu que a empresa explique como seus gastos estão alinhados com o Acordo de Paris, disse o presidente da BP, Bob Dudley, em teleconferência organizada pelo JPMorgan Chase na quarta-feira.
Uma proposta avaliada pelo comando da BP é sair de projetos mais intensivos em carbono, embora Dudley não tenha identificado os ativos porque existem "governos e parceiros envolvidos".
"Temos certeza de que temos um caminho, que pode não ser linear, para ser consistente com os objetivos de Paris", disse Dudley em conversa com o chefe de pesquisa de petróleo do JPMorgan na Europa, Christyan Malek. "Haverá projetos que não faremos; coisas que podemos ter feito no passado. Certos tipos de petróleo, por exemplo, que têm uma pegada de carbono diferente."
Os comentários do executivo oferecem uma resposta às crescentes críticas sobre o papel do setor de petróleo nas mudanças climáticas provocadas por humanos. Acionistas da BP entraram em conflito com os gerentes da empresa durante a assembleia geral anual em maio, antes de votarem quase por unanimidade para que a empresa publique um relatório sobre como cada novo investimento está alinhado com o Acordo de Paris. O relatório será publicado antes da próxima assembleia geral em maio de 2020.
Ainda assim, o plano pode gerar questionamentos sobre como a venda de ativos para outro produtor pode ajudar a reduzir as emissões globais. Por exemplo: Dudley disse na teleconferência que a venda no mês passado dos campos de petróleo e gás da BP no Alasca ajudaram a reduzir sua pegada de carbono. Mas o comprador planeja investir mais nos campos do que a BP investiria, potencialmente aumentando a produção e as emissões no processo.
Dudley afirmou que enfrenta o desafio de investir em negócios de fontes renováveis de retorno relativamente baixo e, ao mesmo tempo, manter o alto dividendo da empresa. Ele destacou a necessidade do reconhecimento dos benefícios de investimentos da BP em tecnologia de baixo carbono, dizendo que qualquer avaliação de sua pegada de carbono deveria incluir as emissões evitadas.
Embora tenha reafirmado que o modelo de negócios da empresa já se alinha com o Acordo de Paris, Dudley disse que a necessidade de divulgar um relatório para avaliar seus avanços fez com que a BP analisasse seus gastos mais detalhadamente.
Rastreador de carbono
Um relatório do think-tank Carbon Tracker publicado na semana passada destacou que os investimentos mais poluentes da BP são o projeto Zinia 2, em Angola, e o desenvolvimento do complexo Azeri-Chirag-Gunashli, no Azerbaijão, e que não são compatíveis com os objetivos de Paris.
"Nossa estratégia é produzir barris vantajosos, o que envolve considerar fatores como se são econômicos para produção e de baixo risco para serem comercializados e com menos carbono do ponto de vista das emissões", disse uma porta-voz da BP em resposta à avaliação do Carbon Tracker.
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