Energia Elétrica

Após atrasos, Jirau vira trunfo contra crise de energia

Principal munição do governo para atenuar riscos de falta de energia em 2015.

Estado de São Paulo
07/01/2015 11:39
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A hidrelétrica de Jirau, que nos últimos anos protagonizou uma série de capítulos de vandalismo, quebradeiras e greves, o que gerou um longo atraso nas operações da usina, acabou convertida na principal munição do governo para atenuar riscos de falta de energia em 2015.

A avaliação é do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável pelo gerenciamento do suprimento de energia no País. “O grande reforço desse ano virá do Rio Madeira, onde as usinas estão entrando em operação. É a principal contribuição de geração para o sistema interligado nacional”, disse ao Estado o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp.

Das 50 turbinas previstas para Jirau, que fica a cerca de 120 km de Porto Velho (RO), 22 entraram em operação até dezem-

bro. No cronograma previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mais 23 unidades devem ser acionadas neste ano. Como cada máquina tem 75 megawatts de potência, são 1.725 MW a mais no sistema. Isso significa quase 20% de toda energia adicional prevista para o País em 2015.

A influência do Rio Madeira só não será maior por causa de revisões de cronograma na hidrelétrica Santo Antônio. A usina, que até outubro de 2014 tinha 32 máquinas liberadas para operação comercial, responsáveis pela geração de 2.286 MW, tem previsão de adicionar apenas mais duas unidades em 2015 – ou 139 MW. Ao todo, Santo Antônio terá 44 turbinas.

Atrasos. Nas contas da Aneel, Jirau acumula atrasos de até 24 meses em relação ao cronograma original. No caso de Santo Antônio, o período chega a 11 meses. “Apesar dos atrasos, o importante é que as máquinas estão entrando efetivamente em operação, sem problemas, e seguirão assim ao longo do ano”, disse Hermes Chipp. O escoamento da energia gerada por Jirau e Santo Antônio é feita pela linha de transmissão do Madeira, malha de 2.375 km que liga Porto Velho a Araraqua-ra (SP). A aposta na geração dessas hidrelétricas apoia-se, basicamente, no regime de chuvas. O maior volume de água do Madeira ocorre, justamente, nos picos de seca da região Sudeste.

Com o acréscimo da geração hidrelétrica, segundo Hermes Chipp, não será necessário ampliar a capacidade de geração das usinas térmicas do País. “Não dependeremos de térmicas adicionais. Se tivéssemos essas usinas novas, seria bom, claro, mas tudo indica que não será necessário.”

Térmicas. O planejamento da Aneel aponta que, em 2015, cerca de 10 mil MW devem ser adicionados à matriz elétrica nacional. Desse total, 4 mil MW virão de usinas eólicas. Outros 3,8 mil MW sairão das turbinas de hidrelétricas. O resto se divide entre novos projetos térmicos. O dilema do governo atual é saber se as térmicas sairão mesmo do papel. Apesar de usinas térmicas com 3.455 MW de capacidade estarem em obras, outros projetos de 2.814MW estão parados ou nem tiveram as obras iniciadas.

Nos últimos dez anos, a média anual de crescimento na geração foi de 3,9%. Entre 2004 e 2014, aponta a Aneel, a potência instalada nacional saltou 46%, de 90 mil MW para 132 mil MW.

Chuvas de verão não vão desligar usinas térmicas

As chuvas de verão dentro da média histórica e a retomada gradativa dos níveis nos principais reservatórios da Região Sudeste do País não mudaram em nada a estratégia da cúpula do setor elétrico, de manter o acionamento máximo das usinas térmicas.

A ordem do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é seguir com a utilização plena da capacidade de geração das térmicas a gás, biomassa e a óleo, mesmo durante o período de chuvas, para preservar os reservatórios.

Nesta semana, as usinas termoelétricas têm entregue mais de 14 mil megawatts (MW) diários para atender à demanda nacional. Isso equivale a cerca de 23% de toda a energia consumida diariamente.

A orientação dada pelo ONS fica mais evidente quando os dados atuais são comparados ao cenário de um ano atrás. Na primeira semana de 2014, a geração entregue pelas térmicas foi de 7 mil MW médios, o correspondente a apenas 14% da demanda nacional e metade do volume atualmente acionado.

Ressalta-se o fato de que, entre janeiro de 2014 e janeiro de 2015, a capacidade total das térmicas não mudou, saltando de 21,3 mil MW para 22,1 MW. Como cerca de 5 mil MW de geração térmica sempre estão indisponíveis, por conta de processos de manutenção e restrições operacionais, o que sobra mesmo para o governo são cerca de 15 mil MW. “Temos trabalhado com medidas operativas para preservar os reservatórios das usinas de cabeceira. Essa medida vai prosseguir”, disse Hermes Chipp, diretor-geral do ONS, ao Estado.

Chipp voltou a garantir que, apesar da situação precária dos principais reservatórios do Su-deste/Centro-Oeste (regiões tratadas de forma integrada pelo setor), há indicações de que eles chegarão ao início de abril com 33% da capacidade máxima de armazenamento de água. Hoje, o volume é de 20%.

“Estamos contando com um volume de chuvas de 70% em relação à média histórica, o que não é uma previsão alta para o período úmido. Por isso, acreditamos que é perspectiva favorável e suficiente para garantir o abastecimento”, afirmou.

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