Etanol

Anidro é aposta de usinas para garantir mistura de 27%

Redação TN Petróleo/Assessoria
27/07/2021 12:50
Anidro é aposta de usinas para garantir mistura de 27% Imagem: Ricardo Busato Carvalho, da BP Bunge Visualizações: 945 (0) (0) (0) (0)

O etanol anidro, que é misturado à gasolina, vem ganhando espaço na produção das usinas brasileiras. Nos três primeiros meses da safra 2021/22 de cana-de-açúcar, abril a junho, 35,54% do total fabricado no Centro-Sul foi anidro. E essa participação deve crescer, segundo o diretor Comercial da BP Bunge Bioenergia, Ricardo Busato Carvalho (foto). "Nossa inteligência de mercado prevê que, até o final da safra, quase 40% da produção de etanol no Centro-Sul seja anidro", disse. Os dados mostram que, nesta temporada, a fatia desse tipo de etanol no total produzido é a maior para o período desde 2017/18, quando o País ainda passava por uma mudança na política de preços da gasolina, que começava a ter reajustes mais frequentes, com base na paridade internacional.

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Hoje, o anidro tem se mostrado mais vantajoso economicamente do que o hidratado - que é adicionado diretamente aos veículos, sem mistura. "Nesta safra o preço do anidro subiu muito", afirma o consultor de açúcar e etanol da Stonex, Bruno Lima. "Em meados de maio, (a cotação) chegou a 14% acima do hidratado."

Além disso, as usinas não querem pôr em risco a política que prevê a mistura de 27% do biocombustível na gasolina C - entidades representantes de distribuidoras pediram redução desse porcentual, alegando quebra de safra de cana-de-açúcar e o alto preço do biocombustível. "Ninguém quer colocar isso em risco", disse o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio Padua Rodrigues. Ele lembra que o mercado de etanol anidro é regulado e já está contratado junto às distribuidoras. O anidro costuma ser negociado em contratos anuais junto às distribuidoras. O hidratado, por outro lado, é vendido principalmente no mercado "spot", ou à vista.

Ricardo Carvalho, da BP Bunge Bioenergia, vê o mercado capaz de atender a demanda por combustíveis. "Nenhum país do mundo pode mudar o mix como o Brasil, que também tem boa flexibilidade entre anidro e hidratado", ressaltou. A visão reflete a da maior parte do setor sucroenergético brasileiro, que considera pequena a chance de a oferta não atender à demanda. Alguns suspeitam que os pedidos das distribuidoras estejam mais relacionados a preço do que à disponibilidade.

DivulgaçãoO etanol alcançou cotações recordes ao longo do ano, em decorrência da expectativa de quebra da safra de cana no Brasil, da alta de preços do açúcar e de uma reação do petróleo após retomada parcial do consumo, com o início da vacinação contra a covid-19. A importação de etanol também tem sido menor este ano, já que dólar e o preço do milho (matéria-prima do biocombustível nos Estados Unidos, onde o Brasil vai buscar o que falta) desestimulam a compra do exterior. Com isso, o biocombustível ajuda a impulsionar também o preço da gasolina.

Com o alto volume de açúcar já fixado pelas usinas em um ano de produção de cana menor, devido ao clima, as cotações do anidro e do hidratado devem se manter sustentadas. Lima, da StoneX, diz que as usinas "estão bem comprometidas em fixação de açúcar, então o espaço para troca de mix é menor". As vendas antecipadas do adoçante estão em níveis altos. O preço do açúcar em reais alcançou recordes nominais ao longo do ano. "Várias usinas pensam em trocar mix, mas poucas executam", diz o analista. "Vemos mais cancelamento de contrato por performance em decorrência da quebra de safra do que para trocar para etanol."

Carvalho, da BP Bunge Bioenergia, afirma que, com preços remuneradores tanto do açúcar quanto do etanol, as usinas adaptam o mix toda semana. "Algumas usinas mais longe do Porto de Santos, como as em Mato Grosso do Sul e Goiás, têm o etanol como melhor produto do mix. Mas isso ainda não vale para o Centro-Sul como um todo", afirma. Outra aspecto que pesa é o clima, diz o executivo. As geadas nas últimas semanas reduziram a expectativa de produção de cana no Centro-Sul, então as empresas temem ampliar a fabricação de etanol e depois não conseguir garantir os contratos de açúcar já vendidos.

No mês passado, em teleconferência para apresentação de resultados, o diretor financeiro e de relações com investidores da São Martinho, Felipe Vicchiato, disse que o anidro era negociado na ocasião com prêmio sobre o hidratado. Ele estimou que nesta safra a produção de anidro represente quase 40% do total de etanol da São Martinho. Citou ainda o fato de outras empresas produzirem mais etanol para exportar. "O mercado de exportação de etanol está forte, o que traz um cenário mais apertado para a oferta", previu.

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