Artigo

Liberdade econômica aumenta no mundo enquanto cai no Brasil, por Lucas Grassi Freire

Lucas Grassi Freire
23/05/2018 14:35
Visualizações: 577 (0) (0) (0) (0)

O Índice de Liberdade Econômica 2018, fruto de uma pesquisa robusta promovida pela Heritage Foundation dos EUA, acaba de ser publicado. As variáveis do índice traduzem, em números, as qualidades de instituições consideradas necessárias à operação de uma economia de mercado, como, por exemplo, a solidez do sistema monetário nacional ou um ambiente regulatório onde a mão do governo não seja obstáculo ao empreendedorismo, ao comércio e ao mercado de trabalho.

Em termos gerais, pode-se afirmar que a liberdade econômica mundial tem aumentado, se compararmos a situação atual com a de anos anteriores. Isso é celebrado pelos autores do relatório que divulga o índice, pois há uma relação fundamental entre liberdade econômica e desenvolvimento.

O que pode surpreender a muitos é que os EUA, país que via de regra é visto na cultura popular como o baluarte do capitalismo moderno, tem caído de posição no índice, ocupando apenas o décimo oitavo lugar atrás da Holanda e à frente da Lituânia.

Os únicos países considerados economicamente "livres" segundo os critérios do índice são Hong Kong, Cingapura, Nova Zelândia, Suíça, Austrália e Irlanda — uma quantidade ainda pequena de países livres, porém, maior que em 2017.

A posição do Brasil no Índice de Liberdade Econômica só tem caído desde 2012. O país é classificado como "majoritariamente não-livre". O fato de o período Dilma ter sido pior que o anterior para a liberdade econômica segundo o índice é uma informação curiosa, mas é preciso ter cuidado nessas comparações, pois a metodologia da Fundação que mede o índice tem sido ajustada para incluir outras variáveis ao longo dos anos. É mais útil, por exemplo, comparar o Brasil a outros países no mesmo período de tempo, especialmente países na mesma região.

O país mais economicamente livre na América Latina é o Chile, praticamente empatado com os EUA no índice mundial. O relatório destaca o progresso da Argentina que, apesar de estar na categoria "majoritariamente não-livre", tem apresentado melhorias devido a algumas mudanças implantadas pelo governo atual daquele país.

O Brasil, pelo contrário, tem piorado nos seus resultados. Ocupa, atualmente, a posição 153, logo abaixo da Serra Leoa e do Uzbequistão e logo à frente do Afeganistão.

Segundo o relatório, a queda no desempenho do Brasil em termos de liberdade econômica se deve principalmente ao "crescimento insustentável dos gastos do governo" que acabaram levando a dívida pública a 78% do PIB em 2016. O relatório ainda aponta que, por conta disso, o maior desafio do presidente em exercício Michel Temer é "consolidar as finanças públicas".

Em relação a 2017, o país também piorou nos quesitos "liberdade trabalhista", "liberdade empresarial" e "integridade do governo" mais do que as melhorias que obteve em "efetividade judiciária" e "direitos de propriedade". A nota geral do Brasil nesse índice é pior que a média regional nas Américas e a média generalizada no mundo.

É preciso lembrar que o índice utiliza dados com defasagem em relação à época de sua publicação. Pode-se prever uma reversão em algumas variáveis para o próximo ano como, por exemplo, a "liberdade trabalhista" que parece ter aumentado ligeiramente com as mudanças legislativas propostas já no governo Temer.

No entanto, para uma verdadeira guinada rumo a um ambiente mais economicamente livre, será preciso promover uma mudança mais substantiva em diversas outras variáveis, principalmente na "integridade do governo" e na "liberdade empresarial". Essas questões farão parte, sem dúvida dos debates e das plataformas eleitorais em 2018.

Sobre o autor: Lucas Grassi Freire é doutor em Política pela Universidade de Exeter (Reino Unido), professor do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, colaborador do Instituto Monte Castelo, pesquisador pós-doutor na North-West University (África do Sul), e investigador Integrado ao Observare - Universidade Autónoma de Lisboa (Portugal), com pesquisas sobre as relações exteriores no antigo Oriente Próximo. Docente Temporário na Universidade de Plymouth (Reino Unido) e Docente na Un

Mais Lidas De Hoje
veja Também
PPSA
Produção de petróleo da União bate novo recorde e alcanç...
14/08/25
Fenasucro
FenaBio estreia com debates sobre etanol, biodiesel, IA,...
14/08/25
E&P
ABPIP leva agenda estratégica ao Congresso para fortalec...
14/08/25
Drilling
Constellation lança chamada para apoiar projetos inovado...
13/08/25
Fenasucro
Durante abertura de uma das maiores feiras de bioenergia...
13/08/25
Transição Energética
Sergipe elabora Plano de Transição Energética e se posic...
13/08/25
Fenasucro
UDOP, associadas e SENAI-SP firmam parceria para formaçã...
13/08/25
IBP
Decisão da Agenersa sobre migração de consumidores para ...
13/08/25
Oportunidade
Com cerca de 300 mil empregos, setor eletroeletrônico mi...
13/08/25
Fenasucro
Abertura da 31ª Fenasucro & Agrocana: setor quer o Brasi...
13/08/25
Fenasucro
Na Fenasucro, ORPLANA fala da importância de consenso en...
13/08/25
Fenasucro
Brasil terá que produzir 1,1 bilhão de litros de combust...
12/08/25
Fenasucro
Treesales estreia na Fenasucro & Agrocana e integra deba...
12/08/25
Curitiba
Setor energético será discutido durante a Smart Energy 2...
12/08/25
PD&I
Vórtices oceânicos em interação com correntes podem gera...
12/08/25
Combustíveis
ETANOL/CEPEA: Negócios caem, mas Indicadores continuam f...
12/08/25
ANP
Desafio iUP Innovation Connections + PRH-ANP (Descarboni...
12/08/25
Resultado
Vibra avança em market share e projeta crescimento
12/08/25
Transição Energética
Repsol Sinopec Brasil reforça compromisso com inovação e...
11/08/25
Fenasucro
Fenasucro & Agrocana começa nesta terça-feira, dia 12, c...
11/08/25
Fenasucro
Consolidada na área de Biogás, Mayekawa é presença confi...
11/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.