Artigo

2024 será o ano da regulamentação do carbono no Brasil, mas ainda são necessárias melhorias, por Fernando Beltrame

Redação TN Petróleo/Assessoria
12/01/2024 10:20
2024 será o ano da regulamentação do carbono no Brasil, mas ainda são necessárias melhorias, por Fernando Beltrame Imagem: Divulgação Visualizações: 2505 (0) (0) (0) (0)

Nos últimos meses, temos acompanhado o andamento da regulamentação do mercado de carbono no país, aprovada pela Câmara dos Deputados e que, ainda este ano, será avaliada novamente pelo Senado para que a lei entre em vigor. Sabemos que os muitos processos que envolvem a votação da PL 2.148/2015 podem estar gerando dúvidas se devemos nos preparar para a regulamentação ainda em 2024. Mas, afirmo que a urgência da necessidade da criação de um mecanismo para incentivar projetos ambientais já não faz parte de apenas um ou outro setor. Por isso, estamos prestes a ver o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) acontecer.

Atualmente, este é o interesse não apenas de personalidades políticas, mas também de empresas e sociedade civil. Diversos estados também têm se movimentado para criar os seus mecanismos de créditos de carbono porque a necessidade de regulamentar o mercado, não somente no Brasil, mas em todos os países, está relacionada à urgência de enfrentar as mudanças climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa a níveis sustentáveis.

No Projeto de Lei apresentado, os valores serão definidos pelo Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa em dois ambientes de compensação: regulado e voluntário, e, apesar de atualmente termos praticamente 100% das compensações de carbono brasileiras no formato voluntário, é essencial um mercado regulado (obrigatório) para contemplar mais e mais setores.

Mesmo que estejamos avançando nesta pauta, acredito que há regras que podem ser revistas. No texto proposto, as empresas que diminuírem suas emissões gradativamente terão uma fonte extra de recursos. Já as companhias que ultrapassarem os limites de emissões, terão despesas adicionais cobradas.

Concordo que a taxação sobre emissões de CO2 é uma forma das empresas internalizarem parte dos custos dos impactos ambientais das suas operações. Isso só tende a crescer, pois o planeta já não comporta a pressão atual por uso de recursos naturais. Porém, o crédito de carbono como fonte extra de recurso deveria ser destinado a projetos ambientais e sociais que promovam efetivamente a redução das emissões de CO2. Auxiliando, assim, o desenvolvimento de novas tecnologias e ações que precisam destes fundos para se viabilizarem financeiramente.

Entre os exemplos de ação do tipo estão projetos de substituição de combustível não renovável por biomassa renovável em fábricas; implementação de tecnologias limpas, como parques eólicos e painéis solares; preservação florestal de grandes áreas; e tantos outros. Este recurso extra não deveria ir para projetos que já seriam lucrativos ou exigidos por lei.

A regulamentação do mercado de carbono em nível global é vista como uma ferramenta essencial para enfrentar as mudanças climáticas, mas acredito que podemos aprimorar, ainda mais, o novo Projeto de Lei. O Brasil pode conseguir reduzir as emissões em 48% até 2025 e em 53% até 2030, conforme informado na COP28. Seguiremos para um novo ano promovendo a eficiência, inovação e a equidade na redução das emissões de gases de efeito estufa.
 

Sobre o autor: Fernando Beltrame é mestre em compostagem pela USP, engenheiro pela Unicamp e CEO da Eccaplan. Com mais de 20 anos de experiência em projetos de consultoria, sustentabilidade e estratégia Net Zero, já atuou em diferentes eventos e iniciativas como a COP18, Rio+20 e fóruns mundiais.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Etanol
Nordeste mostra protagonismo em inovação tecnológica na ...
04/09/25
Copel
Presidente da EPE apresenta visão de futuro do setor elé...
03/09/25
Brasil
ETANOL/CEPEA: Menor oferta sustenta preços em agosto pel...
02/09/25
Meio Ambiente
Brasol reduz emissões de GEEs em 72% e atinge marca de 7...
01/09/25
Combustíveis
IBP e FIESP debatem descarbonização da indústria rumo à ...
29/08/25
Etanol
Asprovac, afiliada da ORPLANA, passa a ter representação...
29/08/25
Energia Elétrica
Bandeira vermelha eleva custo da energia, mas associados...
27/08/25
PD&I
Projeto Embrapii transforma algas de usinas hidrelétrica...
26/08/25
Internacional
UNICA participa de encontro internacional na Coreia de S...
25/08/25
Comunicação e Inclusão
MDHC lança manual nacional de acessibilidade para evento...
25/08/25
Combustíveis
Etanol anidro recua e hidratado sobe na semana de 18 a 2...
25/08/25
Mobilidade Sustentável
Shell Eco-marathon Brasil 2025 desafia os limites da mob...
22/08/25
Evento
Diretor da ANEEL discutirá futuro da indústria elétrica ...
22/08/25
RenovaBio
ANP aprova primeiro certificado da produção eficiente de...
22/08/25
Comunicação
Leve Saúde lança "Cidade Leve", nova campanha publicitár...
21/08/25
Energia Solar
Thopen inaugura 6 usinas solares e amplia atuação no Par...
21/08/25
Meio ambiente
15 anos depois, artigo técnico sobre emissões fugitivas ...
21/08/25
Certificação
Transpetro recebe certificação inédita por programa de t...
19/08/25
Etanol
Biocombustível impulsiona uso do milho e amplia fronteir...
15/08/25
Comunicação Corporativa
Shell lança nova campanha Shell V-Power com foco em inov...
15/08/25
Fenasucro
Biodiesel avança como pilar da transição energética e ga...
14/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23