Valor Econômico
O maior desafio da AES, que administra a holding Brasiliana, é solucionar o problema de suprimento de gás para a térmica Uruguaiana, uma das três empresas sob o guarda-chuva da holding, disse o presidente da companhia, Britaldo Soares. O gás natural liquefeito (GNL) que abastece a térmica gaúcha vem da Argentina, país que está em crise de energia e por isso está reajustando o imposto de exportação sobre o insumo. Em consequência desta escassez energética, o preço do GNL argentino subiu de US$ 3,40 por milhão de BTU em 2005 para US$ 11, em 2007. Agora o GNL poderá subir para US$ 16,00.
Em 31 de dezembro, a AES lançou o investimento da térmica como prejuízo na contabilidade da Brasiliana, contou Britaldo. As razões da empresa estar no vermelho remontam à sua privatização. Em 1997, a elétrica americana ganhou a licitação com duas condições: suprimento de gás da Argentina e venda de energia para as distribuidoras do Rio Grande do Sul, que são a AES Sul, a CEEE e a RGE. A dependência do gás argentino tem levado a empresa a receber suprimento apenas no verão do Hemisfério Sul, entre outubro e março. De abril a setembro o fornecimento é interrompido e a térmica pára. "Hoje, Uruguaiana não tem uma gota de gás. Está parada".
Com uma capacidade de produção de 640 megawatts (MW), a térmica está ociosa. "Temos feito um esforço financeiro enorme comprando energia no mercado brasileiro para suprir nossas obrigações com as distribuidoras gaúchas, independente dos problemas com o gás argentino. Mas a situação da empresa (Uruguaiana) é de desequilíbrio financeiro". A tarifa paga hoje pelas distribuidoras é de R$ 67 por MW/h, mas com o novo aumento do gás argentino este preço poderá ir para até R$ 190 e o limite de alta tarifária a ser pago à térmica é de R$ 134,00. "Temo que tenhamos de bancar esta diferença", disse o presidente da AES.
O executivo contou que a empresa já procurou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) numa tentativa de encontrar uma solução para Uruguaiana, inclusive denunciando o não cumprimento dos termos de um acordo de fornecimento de gás feito à época da privatização com os argentinos. "Queremos inserir Uruguaiana no sistema elétrico brasileiro, mas esta solução passa inclusive pela logística de uma alternativa de fornecimento de GNL no Brasil, pois hoje ela é abastecida por gasoduto argentino."
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