Valor Econômico
A Ultragaz, líder do mercado de gás liquefeito de petróleo no Brasil, está disputando os ativos de GLP colocados à venda pela Royal Dutch Shell no exterior.
A empresa que faz parte do grupo Ultra é uma das finalistas para adquirir os ativos de produção do conhecido botijão de gás na Grã-Bretanha, França e Países Baixos associado a um grupo de investidores de private equity, formados pela PAI Partners e Bain Capital.
A informação foi divulgada, na sexta-feira, pela agência "Reuters" citando uma fonte próxima as negociações. Procurado pelo Valor, nenhum diretor do Ultra, comandado pelo empresário Paulo Cunha, quis comentar o assunto.
Além do Ultra, a petrolífera francesa Total e a companhia holandesa SHV também brigam pela unidade da Shell. De acordo com a fonte da "Reuters", os finalistas devem ser anunciados nesta semana. Segundo analistas, os ativos poderiam valer mais de US$ 2 bilhões.
Caso seja vencedor, seria o primeiro passo da Ultragaz em busca de crescimento no exterior. A empresa lidera o mercado brasileiro, com 23,6% de participação, segundo dados de janeiro do Sindigás.
Mas enfrenta o desafio de elevar sua rentabilidade numa economia com baixo crescimento, ao mesmo tempo em que é afetada por clientes industriais que trocam o GLP pelo gás natural.
Segundo analistas ouvidos pelo Valor, a associação com os fundos de investimentos fortalece a posição financeira do Ultra. Isso daria favoritismo à proposta apresentada pelo consórcio. O Ultra seria o operador estratégico do negócio.
Nos últimos tempos, o mercado doméstico de GLP passou por um processo de consolidação, conduzido por uma empresa privada nacional, outra estrangeira e uma última estatal. O primeiro movimento foi dado pelo Ultra ao comprar os ativos de GLP da Shell no Brasil por R$ 170 milhões, em 2003.
A holandesa SHV, maior distribuidora de GLP do mundo e segunda colocada no Brasil, com 22,3% do mercado, passou a ser dona de todo o capital da Supergasbras, concentrando seus negócios na SHV Gás Brasil. É também dona da Minasgas. A Petrobras, que tinha uma pequena fatia de mercado, saltou para a terceira posição ao adquirir a divisão de GLP da italiana Agip e tem 21,8%.
A Shell não comentou a venda dos ativos no exterior. Faz mais de um ano que a empresa anglo-holandesa planeja vender a unidade de GLP. Mas não conseguiu atrair propostas com preço atraente. Por conta disso, decidiu vender a divisão em duas partes.
A Total teria problemas com agências regulatórias caso adquirisse os ativos franceses, ao passo que as operações da SHV no Reino Unido e nos Países Baixos também criariam problemas de competição. A cisão facilitaria a apresentação de propostas mais atraentes.
Fale Conosco
20