Depois da tentativa frustrada da Promar Ceará de viabilizar a instalação de uma planta de fabricação de navios no litoral de Fortaleza, especificamente na Praia do Titanzinho, a Transpetro inicia, na próxima segunda-feira, a licitação para a escolha da empresa que fará um estudo de viabilidade para a implantação do equipamento no Ceará. O resultado da concorrência deverá ser anunciado em 30 dias. Após este prazo, a empresa escolhida terá 90 dias para concluir o levantamento.
Em nota, a Transpetro diz que "só vai se pronunciar novamente a respeito do estudo após o resultado da licitação, previsto para daqui a 30 dias". O levantamento abrangerá todo o litoral do Estado, à exceção da Capital, cuja inviabilidade para receber um estaleiro já foi demonstrada por estudos encomendados pela Prefeitura, e apresentados ao presidente Lula da Silva.
Segundo a chefe do Executivo municipal, já há um projeto de reurbanização para a área do Titanzinho, apontada pelos investidores como a única de interesse para o empreendimento dentro de Fortaleza. Outras opções foram cogitadas no Pirambu e Poço da Draga, além da Praia do Portão, no Mucuripe.
Embora tenha manifestado o desejo de ver no Estado um equipamento desta natureza no litoral cearense, o presidente Lula recebeu as argumentações técnicas apresentadas pela prefeita Luizianne Lins (PT), em Brasília, e garantiu que um novo projeto pode ser viabilizado para o Ceará, atendendo às encomendas da Transpetro.
Segundo a subsidiária de transporte da Petrobras, as conclusões servirão para balizar potenciais investimentos privados na construção naval, que resultem em projetos no Ceará, tendo em vista o crescimento previsto da demanda por navios petroleiros e gaseiros, através do desenvolvimento da produção de petróleo e gás na camada pré-sal. A empresa segue, assim, a diretriz do Governo Federal, de viabilizar novos investimentos no setor naval, através do Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), cumprindo seu papel de indutora maior do desenvolvimento desta indústria no País, geradora de emprego, renda e cidadania a milhares de trabalhadores brasileiros.
Contrato assinado
Dando mais um passo na consolidação da indústria naval no Brasil, o estaleiro Promar assinou, ontem, contrato no valor de R$ 536 milhões com a Transpetro para a construção de oito navios gaseiros do Promef. A fábrica, que planejava se instalar em Fortaleza, construirá, agora, as embarcações em Pernambuco, em uma área de 80 hectares no Complexo Industrial e Portuário de Suape, próxima ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS), na Ilha de Tatuoca. Desta forma, o estado vizinho vai consolidando seu novo potencial para a indústria naval, possuindo ainda outros projetos de estaleiros a serem erguidos em seu território.
De acordo com a assessoria de imprensa da Transpetro, os investidores da PJMR - que lidera o projeto do novo estaleiro - entregaram a documentação necessária (licença ambiental prévia e posse do terreno) no último dia 29, sendo aprovada pela estatal. "Este prazo levou em conta o cronograma de construção e entrega das embarcações do Promef e também a validade da proposta comercial do equipamento, que expiraria amanhã (hoje), dia 10", informou ontem a assessoria. A estimativa, de acordo com a Transpetro, é de que o Promar esteja concluído em 18 meses, mas já comece a fazer as embarcações em um ano, processo realizado à semelhança do que ocorreu no EAS.
Apenas na construção do estaleiro, que deverá demandar investimentos de R$ 300 milhões, está prevista a geração de 1.200 empregos diretos. Outros 1.500 estarão envolvidos na produção dos navios. Somando estes aos empregos indiretos que estão projetados, o total somará 10 mil postos. Somente com estas encomendas, haverá trabalho no estaleiro até 2014. Entretanto, a empresa deverá concorrer a novas licitações que devem ocorrer nesse período. O primeiro navio desta série será entregue em 2013. "Dentro da nossa política de buscar a competitividade em nível internacional, este é mais um estaleiro a ser criado com tecnologia e processos produtivos de última geração", afirmou o presidente da Transpetro, Sergio Machado. Como consolo para o Ceará, a Transpetro prometeu lançar uma licitação para identificar uma área no território cearense que poderia abrigar um novo empreendimento desses.