Sustentabilidade

Sustentável 2013 encerra o dia de debates com foco no Ação 2020

Movimento visa estruturar a agenda empresarial.

Redação TN/ Ascom CEBDS
25/09/2013 12:47
Visualizações: 524 (0) (0) (0) (0)

 

Sustentável 2013 encerra o dia de debates com foco no Ação 2020
 
Rio de Janeiro, 24 de setembro de 2013 - O VI Congresso Internacional Sustentável 2013 - da Visão 2050 à Ação 2020, promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), foi realizado nesta terça-feira (24), no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, Rio do Janeiro. O movimento Ação 2020 é inédito e visa estruturar a agenda empresarial necessária para responder às exigências de áreas prioritárias da sociedade, definidas por especialistas e ancoradas na ciência, pelos próximos sete anos.
Com a participação de 450 pessoas, entre empresários, representantes do governo e da sociedade civil e especialistas em sustentabilidade, o evento abordou questões relacionadas à governança global, aos financiamentos e investimentos voltados para empresas que promovem a sustentabilidade e os desafios das cidades como catalisadoras para essa transformação.
 
Painel 1 – Desenvolvimento e Sustentabilidade: os desafios da governança até 2020
 
O papel do governo, bem como os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), foram as questões centrais apresentadas no primeiro painel do Sustentável 2013. Durante o debate “Desenvolvimento e Sustentabilidade: os desafios da governança até 2020”, moderado pelo jornalista William Waack, Denise Hamú, representante no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, destacou a importância do papel do Brasil em questões da sustentabilidade em termos mundiais. “Por causa da riqueza natural temos possibilidade de dar escala aos projetos, que muitas vezes não acontece com outros países. Para alcançar, porém, um equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental não há um caminho único, mas uma necessidade extrema: o Brasil precisa erradicar a pobreza. É um preceito básico”, ponderou Denise.
A fala de Denise Hamú foi contestada por Sérgio Margulis, subsecretário de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da Republica. “Nos últimos 10 anos o Brasil foi um dos países que mais rápido minimizou a questão da pobreza. Em 2003 tínhamos 17% da população em situação de pobreza extrema. Em 2009, esse número caiu para 8%. Isso é o que podemos chamar de Objetivo de Desenvolvimento Sustentável”, afirmou Margulis. Os chamados ODS, que deverão substituir os Objetivos do Milênio até 2015, foram alvo de críticas e elogios. Marcos Bicudo, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Masisa, foi enfático: “Não só na esfera mundial, mas na nacional é preciso compromissos claros dos governos, com planejamento de longo prazo. Por exemplo, no Brasil a adoção de termoelétricas está crescendo, o que é o pior dos mundos”, considerou Bicudo.
José Eli da Veiga, professor do programa de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI/USP), criticou em parte o governo brasileiro, mas elogiou os ODS. “Não é errado dar foco ao pré-Sal, nenhum governo agiria diferente. É preciso, porém, definir como o recurso proveniente dele será usado, pois deveria ser utilizado para desenvolver as renováveis, que, aliás, eram prioridades do atual governo no início, mas foram praticamente abandonados. Já os ODS vejo como um dos poucos avanços obtidos na Rio+20. Eles forçam que o desenvolvimento econômico mundial abranja também o desenvolvimento ambiental. Hoje ainda são assuntos descolados”,afirmou Eli da Veiga.
Ao final do debate, Franklin Feder – presidente da Alcoa – preferiu salientar o papel das empresas que, particularmente em momentos de crise, têm posição de vanguarda. “O setor empresarial precisa externar suas ações não só no âmbito financeiro, mas também nas medidas sustentáveis adotadas. Estabelecendo uma parceria com os outros atores conseguiremos dar escala à sustentabilidade. Não podemos ser descrentes. Temos que ser otimistas no futuro, mesmo no futuro que está próximo”, finalizou.
Painel 2 – Financiamento e Investimento: a sustentabilidade como critério para a gestão de riscos e tomada de decisão
Questões como financiamentos de projetos sociais e de iniciativas que envolvam riscos socioambientais foram debatidos no segundo painel do dia no Sustentável 2013, “Financiamentos e Investimentos: a sustentabilidade como critério para a gestão de riscos e tomada de decisão”. Durante o debate, moderado pelo jornalista William Waack, ficou evidente a falta de critérios claros de sustentabilidade exigidos para repasse ou não de financiamento. “Basta um agricultor ou mesmo uma empresa me informar que não causa danos ambientais que, em tese, ele está apto. A falta desses critérios dificulta o trabalho dos agentes financeiros”, ressaltou Hugo Penteado, economista chefe do Santander Asset Management. Da falta de definições também reclamou o diretor geral da Construtora CRV, Claudio Carvalho. “Quando apresento um projeto para obtenção de recursos de uma instituição financeira sempre me perguntam, por exemplo, sobre questões de solo. Nunca fui questionado, porém, se irei fazer uma sala de aula no meu canteiro de obras para tentar minimizar o problema do analfabetismo. Na avaliação, entretanto, a sustentabilidade engloba tanto um problema quanto o outro”, enfatizou Carvalho.
Roberto Dumas Damas, Head de Risco Socioambiental do Banco Itaú BBA, salientou que apenas regulamentação não basta. “Na verdade todo projeto causa dano. O que é preciso observar é se o dano é aceitável. Metas claras ajudam, mas não são suficientes, pois bancos e financeiras lidam com riscos de diferentes esferas. É preciso analisá-lo para decidir pelo repasse do recurso ou não”, concluiu o executivo do Itaú BBA. Gustavo Pimentel, diretorResearch&Advisory da SITAWI – Finanças do Bem, mostrou preocupação com o não-avanço do assunto. “Tivemos algum progresso em finanças sustentáveis, mas estamos atrasados. Na parte de investimentos sustentáveis até avançamos, mas hoje estamos estagnados”, ponderou o executivo.
Ao final, a assessora da Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Vania Borgerth, defendeu que, para dar mais transparência para investimentos e financiamentos, a adoção de relatórios integrados é uma boa medida. “Hoje o lucro ou o prejuízo de uma empresa, por exemplo, não pode ser o único critério para mensurar uma posição favorável. Há que se integrar os ativos sociais e ambientais. Uma companhia, seja ela pública ou privada, é composta pelos três fatores”, concluiu Vania Borgerth.
 
Painel 3 – Cidades Sustentáveis: os principais catalisadores dessa transformação
Com o tema Cidade Sustentáveis, o terceiro painel do Sustentável 2013 buscou discutir opções de transformações no cotidiano das grandes metrópoles, que podem impactar positivamente o meio ambiente e a sociedade.
Joaquim Monteiro de Carvalho, fundador do Movimento Rio Eu Amo Eu Cuido, defendeu a ideia de que as mudanças estão ao alcance de cada cidadão. “A grande maioria dos cariocas diz que ama o Rio, mas não cuida. O objetivo desse projeto é mudar coisas básicas no nosso comportamento, como não jogar guimba de cigarro no chão e não ultrapassar os sinais de trânsito, para que assim possamos viver em uma cidade mais sustentável”, afirmou.
Construções Sustentáveis também foi um dos temas abordados. De acordo com Manoel Luiz Simões Gameiro, presidente do Green Building Council Brasil (GBC Brasil), a prática mais sustentável não é reconstruir, mas sim reformular os prédios que já existem, transformando-os em construções verdes. “Temos uma quantidade de prédios muito grande, que não devem ser demolidos, o que causaria ainda mais impacto ambiental, e nem reconstruídos, mas sim reformulados. Pensar nessas alternativas para o que já existe é nossa missão”, mencionou.
Mas a questão vai além das edificações. O transporte atualmente é um dos grandes vilões das grandes cidades. André Ferreira, presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), disse que, no Brasil, não existe benchmark no uso de transporte público, mas existem iniciativas isoladas que são interessantes. “Temos no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, e outras cidades, exemplos de investimento, como os corredores de ônibus, BRS, plano cicloviário, revisão de planos urbanísticos, sendo implementados. Tudo isso com o objetivo de minimizar a emissão de CO2 e reduzir o trânsito”, declarou.
André Vilhena, diretor executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), e Aris Vrettos, diretor de Negócios e Sustentabilidade da Universidade de Cambridge, também participaram do debate.
 
Painel 4 – Da visão 2050 à ação 2020: soluções empresariais para o novo cenário
Fechando o Sustentável 2013, o último painel do evento abordou soluções empresariais que visam nortear o trabalho pelo menos pelos próximos sete anos – o Ação 2020. O movimento é inédito e visa estruturar a agenda empresarial necessária para responder às exigências de áreas prioritárias da sociedade, definidas por especialistas e ancoradas na ciência. “As ações se traduzem como soluções empresariais com foco claro, capazes de promover escala e que sejam mensuráveis”,afirmou Marina Grossi, Presidente do CEBDS.
Se antes a preocupação das empresas era estritamente o lucro, essa realidade mudou. Foi o que representantes das empresas Vale, Shell e Brasken evidenciaram no debate. O presidente da Shell, André Araújo, disse que há dez anos o modo de fazer negócio era muito diferente. “No setor de exploração de petróleo o processo de autorizações e licenças era totalmente diferente. Então o que vejo hoje como solução para enfrentar esse novo cenário que se desenhou a nossa frente são parcerias, tanto com o setor público, quanto com instituições do terceiro setor. E além disso, nossa missão é estender essas ações para toda nossa cadeia produtiva”, disse.
Vânia Somavilla, diretora executiva de Recursos Humanos, Saúde e Segurança, Sustentabilidade e Energia da Vale, corroborou essa ideia. “Hoje, vindo para o evento, recebi uma notícia dizendo que o governo da Austrália voltou atrás nas suas normas de redução de emissão de CO2. Os nossos maiores concorrentes estão na Austrália e posso receber a cobrança de investidores, pelo fato de que nós, da Vale, lutamos para reduzir nossas emissões. O meu argumento nesse caso é que temos que sair na frente e, o mais importante, ter coerências nas nossas ações”, afirmou.
Coerência das ações foi justamente um dos pontos mais criticados durante o painel. Para o consultor senior do World Business Council for Sustainable Develepoment (WBCSD), Philippe Joubert, o governo deve ter políticas públicas constantes que recompensem empresas sustentáveis. “As empresas já estão à frente, pois entenderam que não é possível ter sucesso a longo prazo em um mundo que está desmoronando”, disse. O importante agora são políticas públicas que impulsionem as idéias inovadoras das companhias, como reiterou Jorge Soto, diretor de Sustentabilidade da Braskem. “Tive acesso a uma pesquisa que aponta que 76% dos empresários acreditam que projetos de sustentabilidade sejam importantes, porém 67% dessa classe entendem que já promoveram muitas ações e que agora precisam de ajuda. Os primeiros a investir em sustentabilidade deveriam ter incentivo do governo, como forma de minimizar riscos que fazem parte do processo”, destacou .
Marina Grossi encerrou o painel dizendo que o esforço da entidade é justamente fazer com que as empresas busquem além do capital financeiro, o social e o natural. “Por meio de indicadores, exemplos replicáveis e parcerias, podemos promover empresas cada vez mais sustentáveis. Esse é nosso alvo”, concluiu.

O VI Congresso Internacional Sustentável 2013 - da Visão 2050 à Ação 2020, promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), foi realizado nesta terça-feira (24), no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, Rio do Janeiro. O movimento Ação 2020 é inédito e visa estruturar a agenda empresarial necessária para responder às exigências de áreas prioritárias da sociedade, definidas por especialistas e ancoradas na ciência, pelos próximos sete anos.


Com a participação de 450 pessoas, entre empresários, representantes do governo e da sociedade civil e especialistas em sustentabilidade, o evento abordou questões relacionadas à governança global, aos financiamentos e investimentos voltados para empresas que promovem a sustentabilidade e os desafios das cidades como catalisadoras para essa transformação.
 
 
O papel do governo, bem como os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), foram as questões centrais apresentadas no primeiro painel do Sustentável 2013. Durante o debate “Desenvolvimento e Sustentabilidade: os desafios da governança até 2020”, moderado pelo jornalista William Waack, Denise Hamú, representante no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, destacou a importância do papel do Brasil em questões da sustentabilidade em termos mundiais. “Por causa da riqueza natural temos possibilidade de dar escala aos projetos, que muitas vezes não acontece com outros países. Para alcançar, porém, um equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental não há um caminho único, mas uma necessidade extrema: o Brasil precisa erradicar a pobreza. É um preceito básico”, ponderou Denise.


A fala de Denise Hamú foi contestada por Sérgio Margulis, subsecretário de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da Republica. “Nos últimos 10 anos o Brasil foi um dos países que mais rápido minimizou a questão da pobreza. Em 2003 tínhamos 17% da população em situação de pobreza extrema. Em 2009, esse número caiu para 8%. Isso é o que podemos chamar de Objetivo de Desenvolvimento Sustentável”, afirmou Margulis. Os chamados ODS, que deverão substituir os Objetivos do Milênio até 2015, foram alvo de críticas e elogios. Marcos Bicudo, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Masisa, foi enfático: “Não só na esfera mundial, mas na nacional é preciso compromissos claros dos governos, com planejamento de longo prazo. Por exemplo, no Brasil a adoção de termoelétricas está crescendo, o que é o pior dos mundos”, considerou Bicudo.


José Eli da Veiga, professor do programa de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI/USP), criticou em parte o governo brasileiro, mas elogiou os ODS. “Não é errado dar foco ao pré-Sal, nenhum governo agiria diferente. É preciso, porém, definir como o recurso proveniente dele será usado, pois deveria ser utilizado para desenvolver as renováveis, que, aliás, eram prioridades do atual governo no início, mas foram praticamente abandonados. Já os ODS vejo como um dos poucos avanços obtidos na Rio+20. Eles forçam que o desenvolvimento econômico mundial abranja também o desenvolvimento ambiental. Hoje ainda são assuntos descolados”,afirmou Eli da Veiga.


Ao final do debate, Franklin Feder – presidente da Alcoa – preferiu salientar o papel das empresas que, particularmente em momentos de crise, têm posição de vanguarda. “O setor empresarial precisa externar suas ações não só no âmbito financeiro, mas também nas medidas sustentáveis adotadas. Estabelecendo uma parceria com os outros atores conseguiremos dar escala à sustentabilidade. Não podemos ser descrentes. Temos que ser otimistas no futuro, mesmo no futuro que está próximo”, finalizou.


Questões como financiamentos de projetos sociais e de iniciativas que envolvam riscos socioambientais foram debatidos no segundo painel do dia no Sustentável 2013, “Financiamentos e Investimentos: a sustentabilidade como critério para a gestão de riscos e tomada de decisão”. Durante o debate, moderado pelo jornalista William Waack, ficou evidente a falta de critérios claros de sustentabilidade exigidos para repasse ou não de financiamento. “Basta um agricultor ou mesmo uma empresa me informar que não causa danos ambientais que, em tese, ele está apto. A falta desses critérios dificulta o trabalho dos agentes financeiros”, ressaltou Hugo Penteado, economista chefe do Santander Asset Management. Da falta de definições também reclamou o diretor geral da Construtora CRV, Claudio Carvalho.

“Quando apresento um projeto para obtenção de recursos de uma instituição financeira sempre me perguntam, por exemplo, sobre questões de solo. Nunca fui questionado, porém, se irei fazer uma sala de aula no meu canteiro de obras para tentar minimizar o problema do analfabetismo. Na avaliação, entretanto, a sustentabilidade engloba tanto um problema quanto o outro”, enfatizou Carvalho.


Roberto Dumas Damas, Head de Risco Socioambiental do Banco Itaú BBA, salientou que apenas regulamentação não basta. “Na verdade todo projeto causa dano. O que é preciso observar é se o dano é aceitável. Metas claras ajudam, mas não são suficientes, pois bancos e financeiras lidam com riscos de diferentes esferas. É preciso analisá-lo para decidir pelo repasse do recurso ou não”, concluiu o executivo do Itaú BBA. Gustavo Pimentel, diretorResearch&Advisory da SITAWI – Finanças do Bem, mostrou preocupação com o não-avanço do assunto. “Tivemos algum progresso em finanças sustentáveis, mas estamos atrasados. Na parte de investimentos sustentáveis até avançamos, mas hoje estamos estagnados”, ponderou o executivo.


Ao final, a assessora da Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Vania Borgerth, defendeu que, para dar mais transparência para investimentos e financiamentos, a adoção de relatórios integrados é uma boa medida. “Hoje o lucro ou o prejuízo de uma empresa, por exemplo, não pode ser o único critério para mensurar uma posição favorável. Há que se integrar os ativos sociais e ambientais. Uma companhia, seja ela pública ou privada, é composta pelos três fatores”, concluiu Vania Borgerth.


Com o tema Cidade Sustentáveis, o terceiro painel do Sustentável 2013 buscou discutir opções de transformações no cotidiano das grandes metrópoles, que podem impactar positivamente o meio ambiente e a sociedade.


Joaquim Monteiro de Carvalho, fundador do Movimento Rio Eu Amo Eu Cuido, defendeu a ideia de que as mudanças estão ao alcance de cada cidadão. “A grande maioria dos cariocas diz que ama o Rio, mas não cuida. O objetivo desse projeto é mudar coisas básicas no nosso comportamento, como não jogar guimba de cigarro no chão e não ultrapassar os sinais de trânsito, para que assim possamos viver em uma cidade mais sustentável”, afirmou.


Construções Sustentáveis também foi um dos temas abordados. De acordo com Manoel Luiz Simões Gameiro, presidente do Green Building Council Brasil (GBC Brasil), a prática mais sustentável não é reconstruir, mas sim reformular os prédios que já existem, transformando-os em construções verdes. “Temos uma quantidade de prédios muito grande, que não devem ser demolidos, o que causaria ainda mais impacto ambiental, e nem reconstruídos, mas sim reformulados. Pensar nessas alternativas para o que já existe é nossa missão”, mencionou.


Mas a questão vai além das edificações. O transporte atualmente é um dos grandes vilões das grandes cidades. André Ferreira, presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), disse que, no Brasil, não existe benchmark no uso de transporte público, mas existem iniciativas isoladas que são interessantes. “Temos no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, e outras cidades, exemplos de investimento, como os corredores de ônibus, BRS, plano cicloviário, revisão de planos urbanísticos, sendo implementados. Tudo isso com o objetivo de minimizar a emissão de CO2 e reduzir o trânsito”, declarou.


André Vilhena, diretor executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), e Aris Vrettos, diretor de Negócios e Sustentabilidade da Universidade de Cambridge, também participaram do debate.
 

Fechando o Sustentável 2013, o último painel do evento abordou soluções empresariais que visam nortear o trabalho pelo menos pelos próximos sete anos – o Ação 2020. O movimento é inédito e visa estruturar a agenda empresarial necessária para responder às exigências de áreas prioritárias da sociedade, definidas por especialistas e ancoradas na ciência. “As ações se traduzem como soluções empresariais com foco claro, capazes de promover escala e que sejam mensuráveis”,afirmou Marina Grossi, Presidente do CEBDS.


Se antes a preocupação das empresas era estritamente o lucro, essa realidade mudou. Foi o que representantes das empresas Vale, Shell e Brasken evidenciaram no debate. O presidente da Shell, André Araújo, disse que há dez anos o modo de fazer negócio era muito diferente. “No setor de exploração de petróleo o processo de autorizações e licenças era totalmente diferente. Então o que vejo hoje como solução para enfrentar esse novo cenário que se desenhou a nossa frente são parcerias, tanto com o setor público, quanto com instituições do terceiro setor. E além disso, nossa missão é estender essas ações para toda nossa cadeia produtiva”, disse.


Vânia Somavilla, diretora executiva de Recursos Humanos, Saúde e Segurança, Sustentabilidade e Energia da Vale, corroborou essa ideia. “Hoje, vindo para o evento, recebi uma notícia dizendo que o governo da Austrália voltou atrás nas suas normas de redução de emissão de CO2. Os nossos maiores concorrentes estão na Austrália e posso receber a cobrança de investidores, pelo fato de que nós, da Vale, lutamos para reduzir nossas emissões. O meu argumento nesse caso é que temos que sair na frente e, o mais importante, ter coerências nas nossas ações”, afirmou.


Coerência das ações foi justamente um dos pontos mais criticados durante o painel. Para o consultor senior do World Business Council for Sustainable Develepoment (WBCSD), Philippe Joubert, o governo deve ter políticas públicas constantes que recompensem empresas sustentáveis. “As empresas já estão à frente, pois entenderam que não é possível ter sucesso a longo prazo em um mundo que está desmoronando”, disse. O importante agora são políticas públicas que impulsionem as idéias inovadoras das companhias, como reiterou Jorge Soto, diretor de Sustentabilidade da Braskem. “Tive acesso a uma pesquisa que aponta que 76% dos empresários acreditam que projetos de sustentabilidade sejam importantes, porém 67% dessa classe entendem que já promoveram muitas ações e que agora precisam de ajuda. Os primeiros a investir em sustentabilidade deveriam ter incentivo do governo, como forma de minimizar riscos que fazem parte do processo”, destacou.


Marina Grossi encerrou o painel dizendo que o esforço da entidade é justamente fazer com que as empresas busquem além do capital financeiro, o social e o natural. “Por meio de indicadores, exemplos replicáveis e parcerias, podemos promover empresas cada vez mais sustentáveis. Esse é nosso alvo”, concluiu.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.