Hidrogênio

Shell, Raízen, Hytron, USP e SENAI formam parceria para conversão de etanol em hidrogênio renovável

Acordo inédito no País prevê a construção de duas plantas dedicadas à produção de hidrogênio a partir do etanol e um posto de abastecimento veicular para ônibus que circula na Cidade Universitária da USP, em São Paulo

Redação TN/Assessoria
01/09/2022 14:58
Shell, Raízen, Hytron, USP e SENAI formam parceria para conversão de etanol em hidrogênio renovável Imagem: Divulgação Visualizações: 747 (0) (0) (0) (0)

A Shell Brasil, Raízen, Hytron, Universidade de São Paulo (USP) e o SENAI CETIQT assinaram um acordo de cooperação para desenvolvimento de plantas de produção de hidrogênio renovável (H2) a partir do etanol. A parceria tem como foco a validação da tecnologia através da construção de duas plantas dimensionadas para produzir 5 kg/h de hidrogênio e, posteriormente, a implementação de uma planta 10 vezes maior, de 44,5 kg/h.

O acordo inclui também uma estação de abastecimento veicular (HRS - Hydrogen Refuelling Station) no campus da USP, na cidade de São Paulo. Um dos ônibus utilizados pelos estudantes e visitantes da Cidade Universitária deixará de utilizar diesel e os tradicionais motores a combustão interna para começar a utilizar hidrogênio produzido a partir do etanol e motores equipados com células a combustível (Fuell Cell). Com início da operação prevista para 2023, a iniciativa surge como uma solução de baixo carbono para transporte pesado, incluindo caminhões e ônibus, com o primeiro posto a hidrogênio de etanol do Brasil e no mundo.

O hidrogênio a partir de etanol será produzido de forma inovadora com o biocombustível fornecido pela Raízen e a tecnologia desenvolvida e fabricada pela Hytron, que atualmente pertence ao grupo alemão Neuman & Esser Group (NEA Group), com suporte do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT, com financiamento da Shell Brasil. “Estamos empolgados em ver que um projeto que se iniciou como um sonho de estudantes dentro da universidade agora se torna uma solução de alto impacto para a transição energética do País e do mundo”, aponta o CEO da Hytron, Marcelo Veneroso.

Atualmente, o hidrogênio tem uso predominante na indústria química e é produzido em unidades industriais próximas a refinarias a partir do gás natural. No futuro, existe a expetativa que o H2 produzido a partir de energia elétrica renovável, como solar e eólica, terá um papel importante para a descarbonização de vários setores industriais e de transporte pesado. Porém, o transporte deste produto é complexo, pois exige a compressão ou liquefação para armazenamento em cilindros ou em carretas, encarecendo a logística. Neste cenário, a produção do hidrogênio via conversão do etanol representa um avanço na disponibilidade de combustíveis renováveis por meio de uma nova rota tecnológica para expansão de soluções sustentáveis no País e no mundo. “Esta iniciativa é pioneira na produção de hidrogênio renovável, em grande escala, a partir do etanol” sintetiza Julio Romano Meneghini (foto), diretor-executivo e científico do Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI) da USP.

“A produção local, descentralizada e de baixo investimento de hidrogênio renovável por meio da reforma do etanol, é uma alternativa interessante para setores como o de transporte pesado, que tem uma perspectiva de crescimento expressiva na utilização dessa solução, cuja disponibilidade e escalabilidade são essenciais. Além de transporte pesado, neste momento, estamos buscando por parceiros que possuem interesse em aplicar esta tecnologia para a descarbonização de outros setores”, aponta Mateus Lopes, diretor de Transição Energética e Investimentos da Raízen. A empresa será, ao lado da Shell, a responsável pela liderança do desenvolvimento do mercado de H2 a partir de etanol.

Por meio deste acordo para a produção de hidrogênio verde, as empresas iniciam uma nova etapa na produção de renováveis, contribuindo com a descarbonização da economia e ampliando seus portfólios de produtos. “A tecnologia pode ser facilmente instalada em postos de combustíveis convencionais, o que não exigiria mudanças na infraestrutura de distribuição, garantindo que o hidrogênio estará pronto para abastecer os veículos de forma rápida e segura”, explica Alexandre Breda, gerente de Tecnologia em Baixo Carbono da Shell Brasil e vice-diretor executivo do RCGI.  “O uso do hidrogênio não está restrito ao setor de transporte e beneficiará outros segmentos no país, no que diz respeito à substituição de fontes de energia fóssil.”, afirma. O projeto será financiado pela Shell Brasil, por meio da cláusula de Pesquisa e Desenvolvimento da ANP, com investimento de aproximadamente R$ 50 milhões.

Com a produção de hidrogênio a partir de etanol, as empresas e instituições parceiras iniciam uma nova etapa na produção de combustíveis renováveis, contribuindo com a descarbonização não só no setor de transportes, como também na siderurgia, mineração e agronegócio. “A trajetória do etanol no Brasil começa na década de 1950, mas tem um grande incentivo entre os anos 1980 e 2000, quando diminuímos nossa dependência da gasolina”, aponta Marcos Buckeridge, pesquisador do RCGI, considerado uma autoridade internacional em bioenergia. “Entre 2000 e 2020 começamos a produzir o etanol de segunda geração e entramos em uma segunda fase. Agora, devemos iniciar uma nova fase dessa história de sucesso”.

"A USP se transformará em um grande laboratório de pesquisa na área de energias renováveis e no desenvolvimento sustentável. Nesse projeto, estudaremos a viabilidade energética da extração do hidrogênio a partir do etanol e seu uso em ônibus circulares e as soluções encontradas poderão ser transferidas para nossas cidades. Tem sido fundamental para a USP a parceria com empresas que valorizem a pesquisa científica como modo de transformação social", aponta Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Inclusão Profissional
MODEC lança campanha afirmativa para atração de pessoas ...
19/09/24
Sustentabilidade
GE Vernova lança seu primeiro Relatório de Sustentabilidade
19/09/24
Saúde Mental
Nomofobia: mais de 60% dos brasileiros relatam sentir an...
19/09/24
Equidade de gênero
Naturgy apoia pacto por equidade de gênero na Energia
19/09/24
Transição Energética
Posicionamento do IBP sobre a aprovação do PL Combustíve...
18/09/24
Evento
Começa amanhã a Conferência Ethos 360° São Paulo
17/09/24
Recursos Humanos
Trabalho remoto, ESG e inteligência artificial impulsion...
17/09/24
Energia Elétrica
Fórum de Eficiência Energética abre Smart Energy 2024
16/09/24
Goiás
A Força do agronegócio e da agroindústria no desenvolvim...
13/09/24
Etanol
Atualização dos impactos das queimadas para os produtore...
13/09/24
Sustentabilidade
Bahiagás lança primeira edição do seu Relatório de Suste...
13/09/24
Energia Elétrica
Prime Energy oferece benefícios do Mercado Livre de Ener...
12/09/24
Combustíveis
Câmara aprova emendas do Senado ao projeto dos combustív...
12/09/24
Reunião
ORPLANA participa de reunião do Conselho Nacional de Rec...
11/09/24
Comunicação
WayCarbon anuncia novo posicionamento e branding
10/09/24
Baixo Carbono
Estudos de negócios de baixo carbono serão realizados en...
10/09/24
COMUNICAÇÃO + IA
Plataforma oferece insights sobre anúncios digitais dura...
06/09/24
Hidrogênio
ANP produz relatório sobre o marco legal do hidrogênio d...
06/09/24
Segurança no Trabalho
Software de startup brasileira otimiza gestão de EPIs
05/09/24
Publicação
Certificação de hidrogênio verde é tema de livro publica...
03/09/24
Evento
Mais de 700 mulheres debatem transição energética e sust...
03/09/24
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.