<P>A criação do Comitê de Logística da Codesp em março passado, que encampou como tema principal a resolução dos problemas viários do Porto de Santos, abriu um espaço até então inexistente no complexo. De acordo com técnicos e empresários do cais, o fórum institucionalizou o debate per...
A Tribuna - SPA criação do Comitê de Logística da Codesp em março passado, que encampou como tema principal a resolução dos problemas viários do Porto de Santos, abriu um espaço até então inexistente no complexo. De acordo com técnicos e empresários do cais, o fórum institucionalizou o debate permanente entre todos os atores - por exemplo, podem participar todas os terminais, e não apenas um representante do grupo -, numa tentativa de buscar soluções conjuntas para minimizar os gargalos logísticos do complexo.
Mais ainda. Os integrantes do Comitê são os próprios funcionários que lidam diariamente com os problemas do porto. Dele participa o gerente de logística de um terminal que administra a chegada de caminhões, e não somente o presidente dessa empresa.
Ao jogar luz sobre essa comunidade, o Comitê expõe os entraves eminentemente técnicos e logísticos, não revestidos de qualquer caráter político e que, como tais, demandam repostas igualmente técnicas.
A avaliação é não apenas do autor da iniciativa, o diretor de Infra-estrutura e Serviços da Codesp, Arnaldo de Oliveira Barreto, mas também dos próprios empresários que atuam diretamente no cais santista.
“É como se fosse uma audiência pública”, define o executivo da Autoridade Portuária. ??São cerca de 80 pessoas numa reunião aberta, técnica. A grande vantagem desse Comitê foi, em primeiro lugar, nós todos nos conhecermos. Aí ficou fácil discutirmos os problemas com todos os segmentos, com os secretários das prefeituras, com o Estado, com a Ecovias (concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, o principal acesso rodoviário ao porto), com as ferrovias, com as transportadoras e todos os sindicatos??, afirmou Barreto.
Um novo CAP - A percepção geral é que até a implantação do Comitê, a discussão viária do cais ficava enclausurada em gabinetes numa linha direta entre a Codesp e o Ministério dos Transportes. E, quando levada a fóruns mais formais de discussão, entrava numa pauta muito extensa, permanecendo como mais um item a ser observado.
O Conselho de Autoridade Portuária (CAP), por exemplo, que debate temas como infra-estrutra, tem uma natureza mais abrangente, conforme descreve a própria Lei 8.630/93, que criou o órgão. Cabe ao CAP, dentre outras atribuições, baixar o regulamento de exploração das áreas do porto, homologar o horário de funcionamento do complexo e opinar sobre a proposta de orçamento do cais.
Para o coordenador do Comitê de Usuários do Porto do Estado de São Paulo (Comus) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), José Cândido Senna, o Comitê e o CAP se complementam, pois têm funções diferentes. “Eu diria que o Comitê de Logística é muito mais fora da estrutura orgânica do porto organizado e muito mais próximo da necessidade de cada ator de buscar reduzir custos nas suas operações. A diretoria do Arnaldo Barreto percebeu a importância de organizar a discussão e acabou de uma maneira não institucional, mais informal, logrando êxito, porque hoje os atores percebem que têm de se entender”, acrescentou Senna.
O representante da Associação Comercial de São Paulo destaca, no entanto: “Devido à própria estrutura orgânica do CAP, alguns blocos - e aí estou me referindo aos CAPs do Brasil de maneira geral - estão representados por pessoas que nem sempre entendem ou defendem os interesses do segmento”. Essa situação já não ocorre no Comitê, enfatizou.
Surgimento - O Comitê de Logística surgiu após um megacongestionamento no porto, em março do ano passado. Lembra Barreto que no dia 13 daquele mês o cais viveu o pior dia de filas, travando as operações no porto. “A fila chegou lá no trevo de Cubatão, entrou pela (Rodovia) Cônego Domenico Rangoni e instalou-se o caos. Chamei meu pessoal, a Guarda Portuária (Gport), e falei: - vou instalar um comitê aqui e vamos tirar todo mundo para dançar. Todos os atores”.
O cenário do porto à época também não favorecia. “Era preciso fazer algo enquanto não começava a construção da avenida perimetral. Estávamos começando a fazer as pequenas intervenções viárias na Alemoa e o recapeamento do asfalto no Valongo não estava pronto. Ou a gente conversa aqui para programar tudo ou os problemas serão ainda maiores”.
Em poucos dias houve a primeira edição do fórum, criado sem qualquer ato formal, eliminando todo tipo de burocracia tão comumente criticada pelos analistas da estatal.
Fonte: A Tribuna - SP
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