Internacional

Reunião de países produtores pode definir destino dos preços do petróleo

Georgi Kantchev e Kevin Baxter, The Wall Street
13/04/2016 15:20
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Os investidores estão se preparando para uma reunião esta semana dos maiores produtores de petróleo do mundo que deve traçar o futuro dos preços do petróleo.

No próximo domingo, pesos-pesados do setor, como a Arábia Saudita e a Rússia, vão se reunir para discutir um congelamento nos volumes de produção que os investidores esperam poder acabar com o excesso da commodity que há quase dois anos vem pressionando os preços para baixo.

Para chegar a um acordo, esses países têm que lidar também com as complexidades da política do Oriente Médio ao mesmo tempo em que esperam que países produtores que não estão sentados na mesa de discussão, como os Estados Unidos e a Noruega, não queiram tirar proveito da situação e acabem aumentando a produção.

Um exemplo do clima de incerteza é que os analistas não chegaram a um consenso com relação ao que deve ocorrer na reunião que será realizada em Doha, no Catar. Seja qual for o resultado, os investidores esperam uma grande reação do mercado, com o preço do petróleo subindo ou descendo até US$ 5.

De acordo com Michael Wittner, analista-chefe de petróleo do banco francês Société Générale SA, a chance de sair ou não um acordo é exatamente igual. "Se sair, os preços podem saltar rapidamente US$ 5 — mas também cair nessa mesma proporção se as negociações fracassarem."

Ontem, o preço do Brent, referência global, fechou com alta de 4,34%, a US$ 44,69 o barril. O West Texas Intermediate (WTI), referência de preços nos EUA, subiu 4,48%, fechando a US$ 42,17 o barril.

A esperança de um acordo tem influenciado o mercado desde que a Arábia Saudita, Rússia, Venezuela e Catar afirmaram em 16 de fevereiro que congelariam o volume de produção nos níveis de janeiro caso outros produtores aceitassem fazer o mesmo. Alguns países, como o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos, manifestaram apoio à proposta. Isso fez com que os preços subissem cerca de 30% nas semanas seguintes. Mas o movimento de alta parou quando a Arábia Saudita indicou que concordaria em cortar a produção somente se mais países aderissem à ideia.

Isso deve ser difícil. Logo depois da reunião de fevereiro, o ministro do petróleo do Irã considerou o plano "uma piada", minando o otimismo do mercado com relação a um acordo. O Irã só voltou ao mercado internacional de petróleo recentemente, depois que sanções comerciais do Ocidente foram levantadas em janeiro, e o país quer agora conquistar participação de mercado.

"Seria suicídio para os políticos de Teerã se render à Arábia Saudita e congelar a produção", diz Saadallah al-Fathi, um consultor dos Emirados Árabes que já integrou a direção da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep).

Ele ressalta que a Arábia Saudita ampliou sua produção de petróleo para mais de 10 milhões de barris por dia no ano passado numa tentativa de ganhar participação de mercado. O Irã, que atualmente produz 3,1 milhões de barris por dia, planeja elevar sua produção diária para 4 milhões de barris.

As negociações também se depararam com outros obstáculos que produziram ainda mais volatilidade no mercado, incluindo incertezas sobre se o Iraque e a Líbia, membros da Opep, participariam.

Ao mesmo tempo, alguns analistas questionam a efetividade de um congelamento da produção nos níveis atuais. A produção de petróleo da Rússia, por exemplo, bateu vários recordes nos últimos meses.

Mas quando os ministros do petróleo se reunirem em Doha, eles terão em mente os países não presentes. Se um acordo for fechado, ainda assim a produção global pode subir, dizem analistas.

Só os EUA, por exemplo, responde por quase 10% do petróleo mundial.

"É quase impossível chegar a um acordo. Se você limita sua produção, alguém vai ocupar esse espaço no mercado", diz Fereidun Fesharaki, presidente do conselho da consultoria britânica especializada em energia FGE.

Esse é o dilema do mercado. Um acordo pode dar continuidade à atual alta dos preços do petróleo e incentivar novos participantes, como os produtores americanos de xisto, a produzir mais, o que colocaria novamente pressão sobre os preços.

"Qualquer acordo resoluto que apoie os preços a partir dos níveis atuais se provará um fracasso", afirmou o Goldman Sachs Group Inc. em um relatório divulgado na segunda-feira. O banco americano prevê que o preço do barril desça a US$ 35 no segundo trimestre.

Nem todos estão pessimistas. Alguns esperam que os preços subam porque o petróleo barato já causou enormes cortes nos orçamentos para exploração, o que no fim deve causar uma queda na oferta — independentemente do resultado da reunião de Doha.

"Vamos ter muita volatilidade daqui para a frente. Mas, a partir de agora, a tendência é de alta", disse Torbjorn Tornqvist, diretor-presidente da trading suíça Gunvor Group, em uma conferência do setor ontem. Ele acredita que haverá uma recuperação lenta até que o barril chegue a alto entre US$ 60 e US$ 70. Outros altos executivos de tradings que participaram do evento na Suíça também estavam otimistas. Jeremy Weir, diretor-presidente da holandesa Trafigura Group Pte. Ltd., acredita que o mercado vai começar a se reequilibrar no terceiro ou no quarto trimestre.

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