Investimentos

R$10 bilhões e os bons ventos para a indústria naval

Redação TN Petróleo/Assessoria Firjan
27/11/2020 14:07
R$10 bilhões e os bons ventos para a indústria naval Imagem: Divulgação Visualizações: 1397 (0) (0) (0) (0)

Um navio e quatro fragatas começam a agitar as águas brasileiras, após um longo período de calmaria para a economia do mar. A expectativa promissora tem como ponto de partida programas estratégicos da Marinha do Brasil no Cluster Tecnológico Naval do Rio de Janeiro (CTNRJ), que totalizam um montante de R$ 10,25 bilhões, já aportados na Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron).

Voltados para ações em prol da segurança do país e da garantia da soberania nacional, os projetos envolvem a construção de quatro Fragatas Classe Tamandaré e de um Navio de Apoio Antártico. As construções exigem, no mínimo, 30% e 40% de conteúdo local, respectivamente.Carlos Erane, vice-presidente da Firjan e presidente do Conselho de Administração do Cluster Naval, vê com muito bons olhos essa movimentação. Para Erane, o Brasil passa por uma crise, mas é possível avistar no horizonte oportunidades para uma nova retomada da indústria naval.

“Os projetos estratégicos da Marinha do Brasil oferecem perspectivas para o cenário econômico do Cluster. No projeto Classe Tamandaré, prevê-se a estruturação do gerenciamento do ciclo de vida dos navios”, ressalta ele, que também é presidente da Condor Tecnologias Não-Letais e do Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa (Simde).

Estratégia para o país

Na visão de Heber Bispo, especialista de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, os projetos ligados ao Cluster – que conta com a participação da federação desde a criação, em 2019 – “são prova de que existe uma estratégia importante para o país e para o desenvolvimento de fornecedores nacionais”.

Publicidade

As fragatas serão construídas em Itajaí, Santa Catarina, e o Navio de Apoio Antártico ainda não foi licitado. Mesmo assim, a indústria fluminense de navipeças tem muito a ganhar, devido à expertise histórica do estado do Rio nesse campo. Os editais de compras para as fragatas estão sendo distribuídos e o Rio está na disputa. Num mapa de fornecedores identificados pela Emgepron, cerca de 70% são do Rio, conta Bispo.

Existe uma demanda declarada de diversos equipamentos para o plano estratégico da Marinha. Há todo um encadeamento de demanda de defesa naval. Vislumbramos, nos próximos anos, novas oportunidades, além desses grandes projetos atuais, que envolvem a construção e também a operação”, avalia Bispo.

PRINCIPAIS PROJETOS

Programa da Classe Tamandaré

R$ 9,5 bilhões de investimento

De 30% a 40% - mínimo de conteúdo local

Projeto de Obtenção do Navio de Apoio Antártico

R$ 750 milhões de investimento

40% - mínimo de conteúdo local

O que se tem em mente, afirma o vice-almirante Edésio Teixeira, diretor-presidente da Emgepron, é o efeito multiplicador que os programas estratégicos da Marinha do Brasil, num contexto maior de políticas públicas, produzirão em agregados macroeconômicos, como produto, consumo, emprego, exportações, importações, tributos etc.

"Os programas exigem, no domínio de uma das três principais orientações da Estratégia Nacional de Defesa (END), maior participação do conteúdo nacional e a consolidação e sustentação da base industrial, tecnológica e logística de defesa e segurança do país, o que certamente transbordará sobre a economia nacional como um todo”, enfatiza. E o Rio de Janeiro, acrescenta ele, possui todas as condições e vantagens comparativas e competitivas para embarcar e navegar com bons ventos na economia do mar, por ter experiência nesse mercado.

InstitucionalPara Marco Danemberg, diretor-superintendente da EBSE Engenharia de Soluções, empresa centenária fabricante de caldeiraria pesada, o caminho pavimentado está indo na direção certa, e a indústria fluminense vai se beneficiar. Entre os frutos, estão o desenvolvimento da base industrial de defesa, a geração de empregos e a capacitação de mão de obra.

“Estamos num momento bastante adequado, saindo de um período muito ruim – de uma pandemia que impactou o mercado e a economia – e estamos ávidos por retomar nossa atividade produtiva”, destaca. Entretanto, ele critica a desigualdade com que a indústria nacional, em especial a naval, compete com a internacional, por conta do Custo Brasil, que “desequilibra qualquer concorrência”.

Futuro promissor

Marcelo Bonilla, presidente da EBSE, acredita que esses projetos vão animar as empresas. “São investimentos muito grandes. O empresário vai atrás de investir em melhorias de instalação, melhorias de processos. E vai procurar parcerias estratégicas também”, afirma.

“O berço da construção naval sempre foi e sempre será o Rio de Janeiro”, destaca Raul Sanson, 2º vice-presidente da Firjan CIRJ e empresário do setor. Segundo ele, sendo ou não construídos no estado, os navios geram perspectivas para a indústria fluminense de navipeças. “Tem todo o miolo que vai dentro do navio. E isso será estudado, organizado e movimentado pela Marinha no Rio”, pontua.

Sanson também observa um futuro promissor para toda a indústria naval do Rio, que abrange a cabotagem e as áreas de petróleo e militar/defesa. “Esses três mercados serão movimentados daqui para frente, não só pela Marinha. A Petrobras tem um programa que vai precisar de mais de 15 navios-plataformas tipo FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência), gerando muitas oportunidades”, ressalta ele.

Ainda por conta da Marinha, há também o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) e o e-Navigation (navegação aprimorada, estabelecida como conceito obrigatório no âmbito da Organização Marítima Internacional – IMO) que preveem oportunidades para empresas de tecnologia – internet das coisas (IOT), indústria 4.0, inteligência artificial, análise de dados e tecnologia da informação, entre outras áreas.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Rio Pipeline & Logistics 2025
Ministério de Portos e Aeroportos quer ampliar participa...
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Na Transpetro, ações de responsabilidade social atendem ...
09/09/25
Apoio Offshore
Posidonia incorpora PSV Posidonia Lion, sua primeira emb...
02/09/25
Resultado
Porto Sudeste registra recordes na operação de minério d...
02/09/25
Royalties
Valores referentes à produção de junho para contratos de...
29/08/25
Reconhecimento
Porto de Itaguaí vence em crescimento na movimentação de...
29/08/25
Offshore
MODEC firma parceria para desenvolver tecnologia inédita...
28/08/25
IBP
Posicionamento - Operações representam passo fundamental...
28/08/25
Royalties
Valores referentes à produção de junho para contratos de...
27/08/25
PPSA
Leilão de Áreas Não Contratadas será realizado em dezembro
26/08/25
Logística
Vast Infraestrutura inicia construção do parque de tanca...
26/08/25
Biodiesel
Rumo a uma navegação mais sustentável, Citrosuco inicia ...
26/08/25
Evento
Cubo Maritime & Port completa três anos acelerando desca...
22/08/25
ANP
Artur Watt Neto e Pietro Mendes são aprovados para diret...
21/08/25
Indústria Naval
Metizoft marca presença na Navalshore 2025 reforçando su...
20/08/25
Margem Equatorial
Embarcação é um dos recursos que serão colocados em prát...
19/08/25
Certificação
Transpetro recebe certificação inédita por programa de t...
19/08/25
Pré-Sal
Com 900 mil barris de petróleo por dia, Campo de Búzios ...
18/08/25
Portos
Concessões no setor de portos somam R$ 30 bilhões em inv...
18/08/25
Descomissionamento
ABPIP promove debate para otimizar custos e prazos de de...
15/08/25
Fenasucro
Cogeração, biometano e CCS colocam Brasil no centro da t...
15/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23