A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) sinaliza uma queda de 35 milhões de toneladas de cana-de-açúcar produzida na safra 2011/12 do Centro-Sul em relação a sua estimativa inicial, feita no final de março. De acordo com a entidade, a nova projeção aponta para uma moagem de 533,50 milhões de toneladas, uma redução de 6,16% em relação ao total estimado em março de 2011 (568,50 milhões de toneladas), e queda de 4,21% sobre o valor final da safra 2010/2011 (556,94 milhões de toneladas).
Segundo a Unica, os principais fatores que levaram a essa redução no volume de cana disponível para a moagem foram a a idade avançada do canavial, em função da menor renovação da cultura e menor investimento em tratos culturais nos últimos anos, e a estiagem, que prejudicou o desenvolvimento das plantas. O canavial velho reduz o rendimento agrícola da lavoura.
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), parceiro da Unica na previsão, a produtividade agrícola da área colhida até este momento ficou em 76,0 toneladas por hectare, queda de 19,66% em relação ao valor apurado no mesmo período de 2010 (94,6 toneladas de cana por hectare).
Também contribuiu para a perda de produtividade o florescimento do canavial, que faz com que a concentração de açúcar caia de forma expressiva e que está sendo registrada principalmente nos Estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais. Já os Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná também foram prejudicadas pela geada que ocorreu no final de junho. A geada comprometeu a disponibilidade de cana para moagem em várias unidades produtoras. As perdas vão desde a "queima" do ponteiro apical, com inibição do crescimento, até a morte de tecidos da planta.
Segundo Antonio Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, o cenário atual impõe um desafio adicional a qualquer exercício de previsão."Além do canavial desbalanceado, as condições climáticas atípicas e as diferentes respostas fisiológicas da planta dificultam o uso de parâmetros estabelecidos com dados passados", disse.
De acordo com a Unica, as condições que reduziram a produtividade do canavial também trouxeram impacto para a qualidade da matéria-prima. A nova estimativa aponta para um ATR (Açúcares Totais Recuperáveis)de 135,70 kg por tonelada de cana, contra 140,11 kg estimados em março de 2011 e 140,50 kg observado na safra passada (safra 2010/2011).
Mix
Do total de cana projetado para a safra 2011/2012, a Unica estima que 46,94% será destinado à produção de açúcar, um pequeno acréscimo em relação aos 45,56% que foram divulgados no início da safra. Assim, a exemplo dos anos anteriores, a maior parte da cana colhida nesta safra (53,06%) deverá ser utilizada para a produção de etanol.
Dos 22,54 bilhões de litros de etanol que deverão ser produzidos nesta safra, 13,99 bilhões serão de etanol hidratado e 8,55 bilhões de anidro - volume suficiente para atender o mercado doméstico com o nível de mistura vigente, sem levar em consideração possível importação de volume adicional do produto.
Vendas
As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul somaram 2,16 bilhões de litros em junho, dos quais somente 227,00 milhões de litros destinaram-se ao mercado externo.
Do volume total, 677,63 milhões de litros referem-se ao etanol anidro e 1,48 bilhão de litros ao etanol hidratado. No mercado interno, as vendas de etanol anidro alcançaram 636,26 milhões de litros e as de hidratado 1,29 bilhão de litros no último mês.
De abril até 1º de julho, as vendas do produto totalizaram 5,10 bilhões de litros, 17,84% abaixo do montante vendido no mesmo período do ano passado.