Renováveis

Produção de biodiesel a partir de microalgas está sendo pesquisada pela Petrobras

Referência mundial em desenvolvimento tecnológico para produção de biocombustíveis, a Petrobras tenta superar mais uma fronteira na área de energias renováveis. O Centro de Pesquisas (Cenpes) da empresa, em parceria com as universidades federais de Rio Grande e de Santa Catarina, realiza pesq

Agência Brasil
16/03/2009 12:22
Visualizações: 626 (0) (0) (0) (0)

Referência mundial em desenvolvimento tecnológico para produção de biocombustíveis, a Petrobras tenta superar mais uma fronteira na área de energias renováveis. O Centro de Pesquisas (Cenpes) da empresa, em parceria com as universidades federais de Rio Grande e de Santa Catarina, realiza pesquisas para produzir biodiesel a partir de microalgas, que vivem nas águas salinizadas do litoral do Norte e na água proveniente de produção de petróleo do Pólo Industrial de Guamaré.

 

Cerca de 40 espécies de microalgas já foram coletadas e catalogadas, uma quantidade ínfima, porém, perto das 300 mil existentes no mundo. Destas, apenas 30 mil já foram identificadas. De acordo com Leonardo Bacellar, pesquisador e oceanógrafo da Petrobras, nem todas as espécies catalogadas servem como matéria-prima para a produção de biodiesel. “Ainda não está definido o número de espécies de microalgas que podem ser utilizadas para produzir biocombustível. Mas é conhecido que é uma fonte de energia de alta produtividade”, garante.

 

As microalgas, segundo o pesquisador, se reproduzem de 50 a 100 vezes mais rápido do que os vegetais utilizados normalmente para produção de biocombustíveis, como cana-de-açúcar, mamona, dendê e milho. O mesmo ocorre em laboratórios, mantidas as condições ideais para a reprodução. “A área proporcional ao volume desses organismos microscópicos é muito alta, ou seja, a troca de nutrientes é muito rápida, se comparada a fenômenos de transporte entre estruturas mais complexas, como tecidos, por exemplo”, explicou Bacellar.

 

Os primeiros experimentos para verificação do desempenho e da produtividade das espécies coletadas foram realizados nos laboratórios do Departamento de Oceanografia da Furg. Simultaneamente, amostras de água foram submetidas à análise nos laboratórios de química da Universidade de Rio Grande, para verificar os possíveis efeitos positivos e negativos causados pela atuação das microalgas selecionadas. O passo seguinte foi encaminhar as microalgas para o laboratório de Química Orgânica da Furg, para as etapas de extração de lipídios, síntese, purificação e caracterização química do biodiesel, obtidos por meio de modernos equipamentos de análises químicas.

 

O processo de produção de biodiesel a partir de microalgas é realizado com a coleta de uma amostra de água salinizada em um tubo de ensaio. O tubo é fechado e levado ao laboratório, onde é colocado em uma estufa com temperatura e iluminação adequadas para manter as algas vivas. Em seguida, ocorre o isolamento e identificação das espécies, geralmente por meio de mapeamento genético. É um trabalho cuidadoso, pois muitas algas contêm toxinas que as tornam impróprias para a produção do combustível.

 

Depois de isoladas, as diferentes espécies de microalgas são levadas a um tanque cheio de nutrientes para que se reproduzam. As melhores serão as que se reproduzirem mais rápidamente e tiverem maior teor de óleo. Após quatro dias, vão à secagem. Depois de secas, são embaladas para evitar seu contato com a luz e o oxigênio do ar.

 

Na última etapa do processo, as microalgas secas são colocadas em um reator, que realiza dois processos distintos: a extração do óleo que será utilizado na fabricação do combustível e a transformação deste óleo em biodiesel, por meio de reações químicas. Segundo Bacellar, normalmente o resultado fica em torno de 10% a 20% do total de matéria-prima utilizada. Ou seja, para produzir um litro de biodiesel, são necessários cerca de cinco quilos de microalgas.

 

Segundo Bacellar, “o futuro dessa novíssima fonte de biocombustível é tão promissor quanto imprevisível. É preciso conhecer melhor o potencial das microalgas e buscar o melhor caminho para explorá-lo. A pesquisa e o desenvolvimento são de médio e longo prazos. Esse novo trabalho está em ebulição. Há um cenário pouco conhecido, dentro do qual temos que buscar o nosso melhor caminho”, disse Bacellar. O mais importante, avaliou o pesquisador, "é que a Petrobras tenha enxergado essa nova fronteira. O Brasil verá algo que jamais imaginou”, prevê.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Bahia Oil & Gas Energy 2025
Começa nesta quarta (28) o maior evento de petróleo e gá...
22/05/25
Pré-Sal
ANP autoriza entrada em operação de plataforma no campo ...
22/05/25
ANP
Valores referentes à produção de março para contratos de...
22/05/25
Bahia Oil & Gas Energy 2025
Tenaris destaca soluções comprovadas em campo para proje...
22/05/25
Renováveis
Acelen Renováveis dá início ao plantio da macaúba em Cac...
22/05/25
OTC HOUSTON 2025
Empresas brasileiras geram US$ 316 milhões em negócios d...
21/05/25
Acordo
OneSubsea e Petrobras assinam acordo para desenvolver um...
21/05/25
Margem Equatorial
NOTA IBP – Aprovação pelo IBAMA do PPAF da Petrobras na ...
20/05/25
Biodiversidade
Empresas podem acessar até US$ 10 trilhões em oportunida...
20/05/25
Internacional
ApexBrasil lidera delegação brasileira na World Hydrogen...
20/05/25
Resultado
2024 é marcado por investimentos recordes e progresso na...
20/05/25
Resultado
Produção de petróleo em regime de partilha ultrapassa pe...
20/05/25
Margem Equatorial
Petrobras consegue do Ibama autorização de simulado em á...
20/05/25
IBP
Crescimento do mercado e diversidade em destaque no Semi...
20/05/25
Pré-Sal
Interligação submarina do Projeto Búzios 11 terá R$ 8,4 ...
19/05/25
Refino
Parada programada de manutenção da Refap, em Canoas (RS)...
19/05/25
IBP
Naturgy debate perspectivas de expansão do GNV e biometa...
19/05/25
Participação especial
Valores referentes à produção do primeiro trimestre de 2...
19/05/25
Etanol
Hidratado volta a cair e anidro sobe pela terceira seman...
19/05/25
IBP
Setor de gás busca soluções para acelerar o crescimento ...
16/05/25
IBP
Shell Energy Brasil defende integração setorial e estabi...
16/05/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22