A expectativa é de que as cotações de um dos principais insumos para a produção de resinas termoplásticas continuem em queda.
Valor Econômico
Os preços da nafta recuaram 33% nos últimos três meses, como reflexo da desaceleração econômica global, sobretudo dos mercados europeu e asiático. A expectativa é de que as cotações de um dos principais insumos para a produção de resinas termoplásticas continuem em queda, de acordo com analistas ouvidos pelo 'Valor'.
Levantamento feito pelo Valor Data mostra que a tonelada da nafta encerrou na sexta-feira cotada a US$ 756,50, no mercado internacional. Na comparação com o fim de março, o recuo é de cerca de 33%. Na comparação com a média de junho de 2011, as cotações da nafta registram baixa em torno de 23%.
Segundo Otávio Carvalho, diretor da consultoria petroquímica Maxiquim, o cenário é baixista para o curto prazo. "No Brasil, a cotação segue uma fórmula adotada entre Petrobras e Braskem, diferente da usada no mercado internacional. Eles não divulgam o método de cálculo dos preços, mas a indicação é de que os preços da nafta terão um ajuste para baixo a partir de julho", disse.
A nafta é a principal matriz para a produção de produtos petroquímicos no Brasil e sua competitividade em relação ao gás natural. O Brasil está fazendo investimentos para diversificar sua matriz petroquímica e depende do avanço do projeto do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) para depender menos da nafta e utilizar mais o gás natural, outra importante matéria-prima utilizada em larga escala nos Estados Unidos e Oriente Médio. "É um projeto vivo [o Comperj], mas de longo prazo [previsto para operar a partir de 2016]", disse Carvalho.
O pico dos preços da nafta foi registrado no mês de março, no mercado internacional. Desde então, seus preços se mantêm em queda, de acordo com o levantamento do Valor Data.
Relatório da consultoria internacional Platts mostra que os preços médios petroquímicos globais em maio - com base em um índice recém-lançado de uma cesta com sete produtos petroquímicos, o Índice de Petroquímica Platts Global (PGPI, na sigla em inglês) - recuaram 11% em relação a abril, ficando em média em US$ 1.279 por tonelada métrica. A queda nos preços de 11% é a maior baixa percentual de um mês em valores petroquímicos globais desde novembro de 2008, quando as cotações caíram 38% após o início da recessão global. O preço médio mensal de maio caiu 16% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A cesta do PGPI reflete uma compilação das avaliações de preços diários no mercado spot do etileno, propeno, benzeno, tolueno, paraxileno, polietileno de baixa densidade (PEBD) e polipropileno. Todos os sete componentes do PGPI foram inferiores em maio. Propileno e etileno, componentes de olefinas de PGPI, tiveram as maiores perdas, ambos com queda de 17% em maio. Polipropileno e polietileno tiveram baixa de 9% e 8%, respectivamente. Os mercados globais aromáticos registraram quedas brandas, como tolueno e paraxileno, caindo ambos 4%. O índice global de benzeno recuou 2%, de acordo com a Platts.
A escala de queda das cotações neste ano da média mensal de abril a maio não tinha sido observada desde 2008 e pode ser atribuída às constantes preocupações de que a demanda vai cair, sobretudo se a economia europeia piorar, ainda segundo a consultoria Platts.
As incertezas sobre os rumos da economia global também provocam queda nos preços de commodities ligadas à energia. Os insumos petroquímicos são utilizados na produção de materiais plásticos, nylon, borracha e produtos de consumo, embalagens, entre outros.
O Brent fechou sexta-feira cotado a US$ 97,88 o barril, avanço de 7,03%, a maior variação desde o dia 30 de abril de 2010, quando a commodity ganhou 9,35%. O WTI fechou aos US$ 85,37 o barril, com alta de 9,31%, a maior variação desde o dia 21 de janeiro de 2009, quando subiu 11,53%.
Fale Conosco
21