Negócios

Piora o risco de crédito de empresas brasileiras

Avaliação é de agências de classificação de risco.

Valor Econômico
10/12/2013 10:44
Visualizações: 1036

 

Em meio ao enfraquecimento da atividade econômica e com um nível de endividamento superior ao do período da crise financeira, as empresas brasileiras apresentaram uma piora na qualidade de crédito, na avaliação das agências de classificação de risco. A tendência não deve se reverter no curto prazo e vem sendo acompanhada com lupa pelos bancos, embora as companhias contem hoje com mais recursos em caixa do que em 2008.
Neste ano, 12 companhias tiveram sua classificação de risco rebaixada pela agência Fitch Ratings, ante 8 aumentos de nota. O mesmo movimento ocorreu no ano passado, quando houve 15 reduções na avaliação de crédito, ante 11 melhoras de nota. A principal consequência de uma piora na nota de crédito é o aumento nos custos de captação para as companhias.
Enquanto a classificação de risco do país é questionada diante da deterioração fiscal, empresas como a siderúrgica CSN e a distribuidora de energia elétrica Eletropaulo tiveram a avaliação reduzida e perderam neste ano a condição de grau de investimento, o selo de baixo risco tão caro para a percepção dos investidores estrangeiros.
Já pela agência Moody's, foram 13 rebaixamentos de companhias brasileiras nos últimos dois anos, ante apenas cinco elevações de notas. Procurada, a Standard & Poor's informou, via assessoria de imprensa, que não tem como realizar esse tipo de levantamento.
A alta no grau de endividamento corporativo é fruto do maior volume de investimentos realizados pelas firmas nos últimos anos. "As empresas brasileiras precisaram investir para reduzir a falta de competitividade em escala global", afirma Ricardo Carvalho, diretor sênior de empresas da Fitch.
O problema é que o maior desembolso de recursos não veio acompanhado de melhores resultados operacionais para a maior parte das companhias. "Com a menor geração de caixa em relação ao esperado inicialmente, o endividamento aumentou", afirma o diretor da Fitch, que credita parte desse resultado ruim à desaceleração da economia brasileira.
A relação entre a dívida líquida e a geração de caixa (Ebitda) das companhias avaliadas pela agência subiu de 2,2 vezes em 2008, auge da crise financeira, para 2,9 vezes no fim do ano passado. "Não enxergamos um cenário de redução no endividamento", diz o executivo da Fitch.
Embora estejam mais endividadas, as empresas apresentam hoje uma posição de liquidez melhor do que durante a crise de 2008, segundo Carvalho. Isso significa que dispõem de mais caixa para lidar com uma possível piora do cenário econômico no curto prazo, como por exemplo uma eventual restrição no acesso ao crédito.
Tal leitura encontra ressonância nas estatísticas. O grau de endividamento corporativo em relação ao resultado operacional, que era de 128,2% no fim de 2007, passou para 208,8% em junho deste ano, segundo o BC. Mas o serviço da dívida, que representa os pagamentos feitos no curto prazo, pesa menos hoje e representa 82,75% do resultado operacional, ante uma proporção de 87,5% cinco anos antes. Foi uma mudança puxada pelo maior volume de operações com recursos direcionados, que têm prazos mais longos, como os do BNDES, e pelo avanço dos mercados de capitais local e externo como fonte de recursos para empresas.
A Moody's também aponta para uma melhora no perfil da dívida, com uma concentração maior de vencimentos no longo prazo. "Apesar do ambiente econômico mais desafiador, não esperamos uma deterioração na qualidade de crédito", diz Marianna Waltz, diretora da agência para o setor corporativo na América Latina.
Para a Moody's, a piora no risco das empresas brasileiras foi concentrada em apenas alguns setores, como construção civil e petróleo e gás. As incorporadoras vivem desde 2011 pressões com o aumento de custos, fruto de uma estratégia de crescimento acelerado que prejudicou a rentabilidade. "Desde então, a maior parte das empresas do setor já fez o ajuste nas operações", afirma Marianna.
No setor de petróleo, os problemas das empresas ocuparam as manchetes ao longo do ano, dos calotes da OGX de Eike Batista e da Lupatech, às dificuldades da Petrobras em repassar a alta dos custos do petróleo importado para os combustíveis na bomba. Em outubro, a Moody's rebaixou a avaliação da estatal para 'Baa1', dois níveis acima da nota mínima para ser considerada grau de investimento.
A cadeia de fornecedores do setor de óleo e gás é uma das que mais preocupam os bancos para o ano que vem, afirma executivo de uma grande instituição financeira. "O reajuste da Petrobras foi insuficiente e vai acabar comprometendo resultados em todo o segmento", diz, ponderando que as análises de crédito no setor estão mais rígidas.
Um eventual rebaixamento da nota soberana do país pode afetar a classificação de algumas empresas, em especial as que possuem maior exposição ao mercado interno, segundo a diretora da Moody's. Esse cenário, porém, não está no horizonte da agência, que até o momento não mudou a perspectiva da nota soberana do país, como fez por exemplo a S&P.

Em meio ao enfraquecimento da atividade econômica e com um nível de endividamento superior ao do período da crise financeira, as empresas brasileiras apresentaram uma piora na qualidade de crédito, na avaliação das agências de classificação de risco. A tendência não deve se reverter no curto prazo e vem sendo acompanhada com lupa pelos bancos, embora as companhias contem hoje com mais recursos em caixa do que em 2008.

Neste ano, 12 companhias tiveram sua classificação de risco rebaixada pela agência Fitch Ratings, ante 8 aumentos de nota. O mesmo movimento ocorreu no ano passado, quando houve 15 reduções na avaliação de crédito, ante 11 melhoras de nota. A principal consequência de uma piora na nota de crédito é o aumento nos custos de captação para as companhias.

Enquanto a classificação de risco do país é questionada diante da deterioração fiscal, empresas como a siderúrgica CSN e a distribuidora de energia elétrica Eletropaulo tiveram a avaliação reduzida e perderam neste ano a condição de grau de investimento, o selo de baixo risco tão caro para a percepção dos investidores estrangeiros.

Já pela agência Moody's, foram 13 rebaixamentos de companhias brasileiras nos últimos dois anos, ante apenas cinco elevações de notas. Procurada, a Standard & Poor's informou, via assessoria de imprensa, que não tem como realizar esse tipo de levantamento.

A alta no grau de endividamento corporativo é fruto do maior volume de investimentos realizados pelas firmas nos últimos anos. "As empresas brasileiras precisaram investir para reduzir a falta de competitividade em escala global", afirma Ricardo Carvalho, diretor sênior de empresas da Fitch.

O problema é que o maior desembolso de recursos não veio acompanhado de melhores resultados operacionais para a maior parte das companhias. "Com a menor geração de caixa em relação ao esperado inicialmente, o endividamento aumentou", afirma o diretor da Fitch, que credita parte desse resultado ruim à desaceleração da economia brasileira.

A relação entre a dívida líquida e a geração de caixa (Ebitda) das companhias avaliadas pela agência subiu de 2,2 vezes em 2008, auge da crise financeira, para 2,9 vezes no fim do ano passado. "Não enxergamos um cenário de redução no endividamento", diz o executivo da Fitch.

Embora estejam mais endividadas, as empresas apresentam hoje uma posição de liquidez melhor do que durante a crise de 2008, segundo Carvalho. Isso significa que dispõem de mais caixa para lidar com uma possível piora do cenário econômico no curto prazo, como por exemplo uma eventual restrição no acesso ao crédito.

Tal leitura encontra ressonância nas estatísticas. O grau de endividamento corporativo em relação ao resultado operacional, que era de 128,2% no fim de 2007, passou para 208,8% em junho deste ano, segundo o BC. Mas o serviço da dívida, que representa os pagamentos feitos no curto prazo, pesa menos hoje e representa 82,75% do resultado operacional, ante uma proporção de 87,5% cinco anos antes. Foi uma mudança puxada pelo maior volume de operações com recursos direcionados, que têm prazos mais longos, como os do BNDES, e pelo avanço dos mercados de capitais local e externo como fonte de recursos para empresas.

A Moody's também aponta para uma melhora no perfil da dívida, com uma concentração maior de vencimentos no longo prazo. "Apesar do ambiente econômico mais desafiador, não esperamos uma deterioração na qualidade de crédito", diz Marianna Waltz, diretora da agência para o setor corporativo na América Latina.

Para a Moody's, a piora no risco das empresas brasileiras foi concentrada em apenas alguns setores, como construção civil e petróleo e gás. As incorporadoras vivem desde 2011 pressões com o aumento de custos, fruto de uma estratégia de crescimento acelerado que prejudicou a rentabilidade. "Desde então, a maior parte das empresas do setor já fez o ajuste nas operações", afirma Marianna.

No setor de petróleo, os problemas das empresas ocuparam as manchetes ao longo do ano, dos calotes da OGX de Eike Batista e da Lupatech, às dificuldades da Petrobras em repassar a alta dos custos do petróleo importado para os combustíveis na bomba. Em outubro, a Moody's rebaixou a avaliação da estatal para 'Baa1', dois níveis acima da nota mínima para ser considerada grau de investimento.

A cadeia de fornecedores do setor de óleo e gás é uma das que mais preocupam os bancos para o ano que vem, afirma executivo de uma grande instituição financeira. "O reajuste da Petrobras foi insuficiente e vai acabar comprometendo resultados em todo o segmento", diz, ponderando que as análises de crédito no setor estão mais rígidas.

Um eventual rebaixamento da nota soberana do país pode afetar a classificação de algumas empresas, em especial as que possuem maior exposição ao mercado interno, segundo a diretora da Moody's. Esse cenário, porém, não está no horizonte da agência, que até o momento não mudou a perspectiva da nota soberana do país, como fez por exemplo a S&P.

 

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