Jornal do Commercio
O Conselho de Administração da Petrobras deve analisar hoje a compra da Agip Liquigás, distribuidora de gás de cozinha controlada pelo grupo italiano Eni. A operação já estaria acertada entre as duas empresas, segundo fonte que acompanha de perto as negociações, e a transação aguarda apenas o aval do governo brasileiro, controlador da estatal. A transação deve incluir ainda a rede de cerca de 1,5 mil postos de gasolina da Agip, que representam 4,2% do mercado brasileiro de distribuição.
Caso confirmada, a operação marca a entrada da Petrobras na distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP) em botijões de 13 quilos. Atualmente, a estatal tem uma pequena parcela, de 0,5%, nas vendas do produto restritas a grandes consumidores comerciais e industriais. Uma maior presença neste setor é prioritária dentro do novo planejamento estratégico da estatal, que não quis comentar a possibilidade de fechamento do negócio. O objetivo é chegar a uma participação de mercado acima dos 20%. A Agip, por exemplo, detém hoje 21,4% das vendas de GLP no País.
Em entrevista coletiva concedida terça-feira, Rodolfo Landim, presidente da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras para a área de distribuição de combustíveis, limitou-se a confirmar o interesse da estatal nos ativos da Agip. Por se tratar do segmento de distribuição, os ativos serão geridos pela BR. O valor negociado não chegaria aos US$ 600 milhões divulgados na imprensa, segundo a fonte, ficaria abaixo de US$ 500 milhões.
Na Agip, o clima é de suspense sobre as negociações, que vêm sendo conduzidas por executivos da matriz italiana. Existe o temor de que a empresa decida também deixar a área de distribuição de gás natural, onde atua por meio da Gas Brasiliano, concessionária da região Noroeste de São Paulo. Gas Brasiliano, Liquigas e Agip Distribuidora, que cuida dos postos de gasolina, ocupam dois andares de um prédio em São Paulo.
Aprovação - O fato de a operação entrar na pauta de hoje do Conselho de Administração da Petrobras não significa que ela será aprovada. Existe a possibilidade de os integrantes do conselho pedirem mais tempo para avaliar o negócio. No Governo e na própria Petrobras, há correntes contrárias à compra dos ativos da Agip, pois trata-se de uma transação que não privilegia a criação de empregos. Os defensores, porém, dizem que é estratégico para a estatal ter um braço varejista em todos os segmentos em que atua. Hoje, a empresa é líder no segmento de combustíveis automotivos, com cerca 31% das vendas.
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