Refino

Para refinarias, reajuste dos combustíveis foi baixo

Valor Econômico
16/06/2004 03:00
Visualizações: 848


Os aumentos de 10,8% e 10,6% respectivamente para a gasolina e o diesel vendidos nas refinarias da Petrobras não trouxe ânimo para as refinarias privadas que atuam no país: Ipiranga, no Sul, e Manguinhos, no Rio de Janeiro.
"Ainda é preciso um aumento de 14% na gasolina para voltar ao patamar de preços praticado em abril do ano passado", calcula o diretor de assuntos corporativos da refinaria de Manguinhos, Marcus Vasconcellos, que esperava aumento de 24% na gasolina, e não os 10,8% anunciados pela Petrobras.
Mesmo assim, a refinaria de Manguinhos está se preparando para retomar a produção que havia sido reduzida em 40% - caindo de 15,5 mil barris/dia para 9 mil barris/dia - o que deve acontecer em dois ou três dias.
O cálculo é parecido com os da diretora-superintendente da refinaria Ipiranga, no Sul, Elizabeth Tellechea. "Eu estava esperando 10% na bomba, no mínimo, o que resultaria em aumento de 21% a 22% no preço da refinaria e falei isso para a ministra na semana passada", disse Tellechea ao Valor, referindo-se a uma reunião com a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff.
"A ministra não deu qualquer sinalização sobre que providências seriam tomadas, mas nos garantiu que a situação iria melhorar", diz a executiva, para quem a Petrobras aumentou mais o preço do diesel para reduzir despesas com importação.
Pelos cálculos da Ipiranga, o aumento de 10% no preço final ao consumidor seria resultado de uma elevação de pelo menos 21% no preço da gasolina e de 12% a 13% no preço do diesel vendidos na refinaria antes do pagamento de impostos. Por isso, o atual patamar de preços ainda preocupa.
Marcus Vasconcellos, de Manguinhos, afirma que ao contrário do que afirma a Petrobras, os novos preços não são iguais aos praticados até abril do ano passado, data do último reajuste. Segundo ele, o barril de petróleo tipo WTI, usado como referência na Bolsa de Nova York, custava US$ 32,4 em abril de 2003, enquanto o câmbio estava em R$ 2,90.
"Como temos que pagar e vender em reais, isso significava que um barril de petróleo custava R$ 93,96 na época. Hoje, o petróleo está custando US$ 37,5 e o câmbio está em R$ 3,12. É só fazer as contas para ver que hoje, o preço do barril em reais é R$ 117 e isso mostra uma defasagem de 24%."
Tellechea, da Ipiranga, se confessa desanimada com a situação. Ela explicou que, nas conversas com a ministra Dilma, as refinarias privadas sugeriram um leque de alternativas para o curto e longo prazos. Entre elas um aumento imediato de preços (da Petrobras); a venda, pela estatal, de petróleo a preços compatíveis com os derivados comercializados no Brasil; e para o médio e longo prazos a utilização da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) como colchão amortecedor de preços para o consumidor.
"Do jeito que está, é impossível ter outros agentes privados nessa atividade", reclama ela.
Única multinacional que investiu em refino no Brasil, a Repsol YPF, que tem 30% de Manguinhos e 30% da Refap, onde é sócia da Petrobras, preferiu não se prenunciar sobre o assunto. Um executivo do setor lembra que os espanhóis investiram US$ 900 milhões na refinaria do sul. Ele acha que a atual situação é "preocupante" e "não estimula novos investidores".
Para Vasconcellos, os novos preços da Petrobras embutem a expectativa da estatal de que petróleo, câmbio, ou ambos, caiam nos próximos dias. Tellechea disse que a planta da Ipiranga só voltará a produzir combustível à plena carga se conseguir petróleo mais pesado no mercado internacional para que possa reduzir custos.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
iBEM26
Evento internacional de energia abre inscrições para ati...
04/11/25
Etanol
UNICA e Cetesb firmam acordo para fortalecer gestão ambi...
04/11/25
OTC Brasil 2025
Petrobras estuda ter centro logístico no Amapá enquanto ...
03/11/25
Pré-Sal
Campo de Búzios atinge produção recorde de 1 milhão de b...
03/11/25
Mão de obra
Programa de Desligamento Voluntário é lançado pela Petrobras
03/11/25
Etanol
Preços do anidro e do hidratado registram alta
03/11/25
Evento
PPSA reúne CEOs para debater o futuro da indústria de ól...
03/11/25
Evento
Porto do Açu e Porto de Antuérpia-Bruges assinam carta d...
03/11/25
Transição Energética
Fórum Econômico França-Brasil discute transição energéti...
03/11/25
Energia Elétrica
MP do setor elétrico: Órigo Energia ressalta importância...
03/11/25
Posicionamento IBP
PLV 10/2025 prejudica o ambiente de negócios e coloca em...
03/11/25
OTC Brasil 2025
SLB destaca protagonismo e compromisso com a inovação, s...
31/10/25
OTC Brasil 2025
MEQ Energy Hub: Impulsionando o Desenvolvimento Empresar...
31/10/25
OTC Brasil 2025
Foresea é vencedora do 8º Prêmio Melhores Fornecedores P...
31/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil 2025 reúne mais de 23 mil pessoas no Rio de J...
31/10/25
Premiação
Empresa baiana atendida pelo Sebrae vence Prêmio Melhore...
31/10/25
Energia Solar
Axial Brasil inicia montagem de trackers solares em usin...
31/10/25
Bacia de Santos
bp avança nos planos para a significativa descoberta de ...
31/10/25
OTC Brasil 2025
Seagems conquista pela quarta vez o Prêmio Melhores Forn...
31/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil conecta potencial da Margem Equatorial a inve...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Nova versão do Painel Dinâmico de Emissões de Gases de E...
30/10/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.