O desabamento do estoque de minério de ferro que destruiu o píer flutuante do Porto de Santana, na Anglo Ferrous Amapá Mineração, em Santana, continua a ter desdobramentos. Outra mineradora, a Unamgen, que explora ferro em uma mina situada no município de Mazagão e tem contrato de transporte com a Anglo, começa a sentir os efeitos do acidente.
O diretor-presidente da companhia, Lincoln Silva, foi recebido na tarde do último sábado (20) pelo governador do Amapá, Camilo Capiberibe, no Palácio do Setentrião, onde expôs a preocupação da empresa quanto ao escoamento da produção - uma média de 750 mil toneladas por ano -, que era feito no píer da Anglo.
Após uma breve apresentação sobre as atividades desenvolvidas pela Unamgen no Amapá, Silva garantiu ao governador que a empresa não tem planos de dispensar nenhum dos 370 funcionários amapaenses que atuam na companhia. Mas, para isso, ele ressaltou que é fundamental a retomada do embarque do produto. Para tanto, Silva pediu apoio do governo do estado para garantir o escoamento do produto via Companhia Docas de Santana (CDS).
De acordo com Camilo Capiberibe, o Grupo de Trabalho (GT) - que é capitaneado pela Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) - já está articulando junto à direção da CDS não só o cronograma para embarque da produtividade das mineradoras como também locais para estoque da produção.
"Um dos efeitos do incidente na Anglo que mais nos preocupa é com relação aos postos de trabalhos. Por isso, estamos dialogando e prestando auxílio às empresas afetadas para que não haja demissões em massa", asseverou Camilo Capiberibe. Segundo ele, a fase de conversações está na divisão dos custos de manutenção e recuperação que serão gerados pelas operações de embarque de minério.
Segundo o secretário de Estado da Indústria, Comércio e Mineração, Reinaldo Picanço, que comanda o GT, a próxima ação será um encontro com as comunidades do entorno da CDS para esclarecer sobre os efeitos do transporte de minério pelas vias de Santana até as Docas.
O acidente
Por volta da meia noite do dia 28 de março, um desmoronamento na área onde se localizava um píer flutuante da mineradora fez com que caminhões, guindaste e utensílios utilizados na atracação de navios que embarcam minério de ferro fossem jogados no Rio Amazonas. Seis pessoas desapareceram no desmoronamento.
O Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Estado do Amapá (Imap) multou a empresa Anglo Ferrous Amapá Mineração, em R$ 20 milhões, após vistoria técnica realizada no porto de escoamento de minério no município de Santana.
O Imap estabeleceu como parâmetro para definição do valor da multa as informações do parecer técnico, que demonstram alterações sensíveis ao meio ambiente, o porte do empreendimento e a gravidade do dano conforme estabelece a legislação ambiental do Estado do Amapá. Três corpos foram encontrados. Outros três funcionários continuam desaparecidos.