A precificação do gigante asiático deve diminuir os preços das commodities agrícolas em 4,5%, em 2023
Redação TN Petróleo/AssessoriaA China é o maior mercado consumidor de commodities do mundo. Devido a sua dimensão e uma população de mais de um bilhão de habitantes, a potência asiática compra e estoca um número elevado de matérias visando o não desabastecimento do país.
Os chineses são os principais parceiros comerciais do Brasil, tendo exportado, entre janeiro e novembro de 2022, segundo levantamento do ComexStat, cerca de 83,4 bilhões de dólares em commodities. O principal produto enviado para China foi a soja, com US$45,4 bilhões exportados para terras chinesas.
Porém, a política adotada pelo governo chines no combate a pandemia, Covid Zero, interferiu diretamente no mercado mundial de commodities, alterando os preços das matérias e gerando instabilidade nos mercados globais.
Como resultado da Covid Zero, e por conta da desaceleração da economia global, para 2023, o Banco Central Mundial prevê que os preços médios das commodities agrícolas caiam 4,5%. O dado referido aparece no relatório Commodity Markets Outlook e indica que os preços de commodities agrícolas terminarão 2023 aos 117,7 pontos.
Para Luca Panelli (foto), especialista em mercado financeiro e assessor na iHUB Investimentos, as medidas tomadas na política chinesa interferiram diretamente na precificação de commodities no mercado mundial: “Com as restrições impostas, o consumo da população chinesa diminuiu consideravelmente e, como o preço das commodities tem sua precificação atrelada à lei mais clássica da economia, de oferta e demanda, a restrição de mobilidade, por exemplo, imposta pelo governo, impactou o preço do petróleo, uma vez que o número de pessoas andando de carro e avião diminuiu", explica.
Devido a pressões sociais e econômicas, a China decidiu reabrir as fronteiras e aliviar as restrições da política Covid Zero. No último dia 08 de janeiro, o governo derrubou a medida de isolamento para viajantes que chegarem ao país. Agora será necessário apenas obter resultados negativos do teste de Covid dentro de 48 horas antes da partida, de acordo com declaração da Comissão Nacional de Saúde.
Os chineses facilitarão os pedidos de visto para estrangeiros que precisarem viajar para a China, vistos para negócios, estudos e reuniões familiares estão no rol de permissão. O turismo externo, que diminuiu para quase nada durante a pandemia, será retomado de maneira ordenada.
A aplicação da política restritiva trouxe impactos para a parceria entre Brasil e China. No comparativo de 2021 e 2022, a exportação chinesa de commodities teve uma queda de 5,14%, ainda segundo o ComexStat.
“Os lockdowns fizeram a economia chinesa arrefecer, interferindo no preço das commodities no mundo. O Brasil tem a China como o principal mercado exportador, e com a queda da demanda chinesa o país exportou menos”, comenta Panelli.
No mundo, outra commoditie tem sido diretamente afetada pela situação chinesa é o petróleo. No início do ano, os contratos do material fóssil encerraram a primeira sessão de 2023 em forte queda, em meio ao medo de uma possível recessão global e redução da demanda por parte da China nos próximos meses.
O contrato futuro do petróleo Brent para o mês de março fechou em queda de 4,43%, negociado a US$82,10 o barril na ICE, em Londres. Ao mesmo tempo, a referência americana do West Texas Intermediate (WTI), para fevereiro, caiu 4,61%, indo para US$76,93 o barril na Nymex.
Outro fator de interferência no preço das commodities é o “estocar”, modalidade feita pela China. A lei de oferta e demanda tutela o mercado de commodities no globo. Alguns grandes consumidores estão estocando matérias como precaução de abastecimento e com a finalidade de controlar preço, posteriormente liberando parte dos estoques no mercado físico. Esse controle gera precificação; na China, o controle resulta de forma negativa no mundo.
Para os investidores, um olhar atento às notícias chinesas deve ser algo rotineiro. “O mercado de commodities é volátil, oferta e demanda definem preços e o mercado físico é de extrema importância para saber realmente para onde os preços vão. É o mercado que realmente está sendo negociado no dia a dia”, finaliza Luca.
Fale Conosco
21