O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo está preocupado com o abastecimento de etanol na próxima entressafra, que começa em dezembro deste ano e se estende até abril do ano seguinte.
Ele afirmou que o governo e os empresários do setor produtor de etanol estão em conversações para que a oferta seja garantida. As distribuidoras também estão engajadas no diálogo. "Prevemos alguma dificuldade para o próximo ano", disse o ministro durante o Ethanol Summit, evento que começou ontem em São Paulo.
O ministro disse que o governo não quer reduzir a mistura de etanol (anidro) na gasolina, atualmente em 25%, mas se for preciso, a medida poderá ser tomada. Ele afirmou que as medidas para estocagem de etanol (warrantagem) devem ser anunciadas "em breve" e descartou o aumento dos preços da gasolina, apesar das altas internacionais do petróleo.
A oferta apertada de etanol é resultante da desaceleração dos investimentos em novas usinas no país, consequência da crise que abateu o setor em 2008. Segundo o presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar, Marcos Jank, o nível de crescimento da moagem de cana caiu para 3,5% ao ano desde a safra 2008/09, ante o ritmo anual de 10,4% que ocorria desde 2003/04.
Por causa de demandas antigas, anteriores a 2010, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) conseguiu desembolsar R$ 7,6 bilhões ao setor no ano passado, um recorde. Desse total, segundo Luciano Coutinho, presidente do banco de fomento, quase R$ 4 bilhões foram direcionados à compra de máquinas e equipamentos. Para 2011, Coutinho afirma que a tendência é que o volume de desembolso se mantenha. Não foram fornecidos, porém, dados sobre as operações.
Ele afirma que o banco está se preparando para atender à grande demanda por financiamento que virá do setor nos próximos anos. A instituição estima desembolsar de 2011 a 2014 entre R$ 30 bilhões e R$ 35 bilhões ao setor.
Os recursos, explica, serão direcionados à expansão da capacidade produtiva e dos canaviais, integração da rede de gasodutos, melhoria da logística e desenvolvimento tecnológico. "Precisamos acelerar os investimentos, começando pela renovação dos canaviais", destacou Coutinho.
A própria Petrobras Biocombustível (PBIO) revisa seu plano de investimentos para os próximos anos em produção de etanol, segundo Miguel Rossetto, presidente da PBIO. A intenção, diz ele, é que o ritmo de aportes seja mais intenso do que foi até agora. "Entre 2010 e 2014 vamos aplicar US$ 1,9 bilhão no setor, parte já em andamento. A ideia é avançar", disse o executivo.
Também ontem, no Ethanol Summit, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que as usinas em São Paulo terão redução de 12% para zero de ICMS na aquisição de bens de capital utilizados em cogeração de energia elétrica com bagaço de cana.