Energia Elétrica

Geração de bioeletricidade da cana para a rede cresce quase 30% nos primeiros meses de 2023

De janeiro a abril foi ofertado 1,8 milhão de MWh, o equivalente a atender o consumo anual de energia elétrica de quase três milhões de pessoas

Redação TN Petróleo/Assessoria UNICA
19/06/2023 15:48
Geração de bioeletricidade da cana para a rede cresce quase 30% nos primeiros meses de 2023 Imagem: Divulgação Visualizações: 786 (0) (0) (0) (0)

Da cana nada se perde, tudo se transforma, costuma dizer quem conhece o setor sucroenergético. E é bem assim mesmo: parte dos resíduos da fabricação de açúcar e etanol, principais produtos da indústria sucroenergética, voltam para o campo, na forma de fertilizantes naturais. Já o bagaço e a palha são matéria-prima para a geração de energia elétrica, garantindo autossuficiência energética para as usinas e contribuindo com a rede elétrica nacional.

Nos primeiros meses deste ano, de janeiro a abril, a oferta de energia elétrica para a rede a partir da biomassa da cana-de-açúcar foi de 1.858.699 MWh, segundo levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). "Essa geração renovável é equivalente a atender ao consumo anual de energia elétrica de quase três milhões de pessoas ou a 8% da geração térmica a gás no país em 2022", compara o gerente de Bioeletricidade da organização, Zilmar Souza.

Em termos percentuais, trata-se de um aumento de 28,7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foi ofertado 1.443.954 MWh para a rede. "É um aumento bastante considerável, especialmente se levarmos em conta que nesse período estávamos praticamente na entressafra da cana", comenta o gerente da Unica.

Zilmar Souza explica que, com o início oficial da safra sucroenergética na região Centro-Sul em abril, a bioeletricidade para a rede, envolvendo todas as biomassas, representou 3,7% da geração total no país naquele mês, ocupando a terceira posição em termos de representatividade. Esse percentual supera a geração fotovoltaica e a geração térmica a gás. Já em maio, representou 6,2% da geração total no país. No acumulado de janeiro a maio, o indicador da bioeletricidade em geral foi de 3% na geração total no país.

Capacidade instalada

A geração de bioeletricidade no Brasil remonta à década de 1980, quando teve início em usinas da região metropolitana de Ribeirão Preto (SP). Em 1987, a São Francisco, do Grupo Balbo e associada à Unica, foi a primeira a exportar energia elétrica obtida de uma fonte 100% renovável para a CPFL Energia. Na sequência, a São Martinho, de Pradópolis (SP), e a Vale do Rosário, em Morro Agudo (SP), iniciaram seus projetos de geração de bioeletricidade.

Atualmente, cinco estados brasileiros detêm 89% da capacidade instalada pela bioeletricidade sucroenergética. São Paulo lidera o ranking, com 208 usinas termelétricas (UTEs), representando 50% da capacidade instalada. Em seguida vem Minas Gerais (13%), com 48 UTEs; Goiás (12%), com 35 UTEs; Mato Grosso do Sul (9%), com 24 UTES; e Paraná (5%), com 29 UTEs. No total, são 422 usinas termelétricas que utilizam o bagaço e a palha da cana-de-açúcar.

A biomassa de cana-de-açúcar representa 72% de toda a capacidade instalada de bioeletricidade no Brasil -- em São Paulo, esse percentual é de 90,5%. Trata-se da quarta fonte mais importante na matriz elétrica brasileira, com 6,3% da capacidade instalada no país. Se forem consideradas todas as biomassas, a capacidade instalada totaliza 17.082 MW, representando 8,8% da potência instalada na matriz elétrica do Brasil.

Geração estratégica

Segundo o levantamento da Unica, nos últimos 10 anos, de 2013 a 2022, a fonte biomassa acrescentou 6.914 MW novos à matriz elétrica brasileira, equivalente a quase metade da potência instalada pela usina Itaipu, hidrelétrica que em 2022 gerou o equivalente a 13,7% do consumo de energia elétrica no Brasil.

Zilmar Souza ressalta que a bioeletricidade ofertada pelo setor sucroenergético é sempre uma geração estratégica para o país. Ele exemplifica com o ano de 2021, quando o Brasil passou pela pior crise hidrológica no setor elétrico brasileiro desde a década de 1930. Naquele ano, a energia da biomassa da cana poupou 14% da capacidade total de se armazenar energia sob a forma de água nos reservatórios das hidrelétricas do submercado Sudeste/Centro-Oeste, por conta da maior previsibilidade e disponibilidade da bioeletricidade no período seco e crítico para o setor.

Em comparação com energia de origem fóssil, a bioeletricidade da cana é uma solução muito mais sustentável. "É uma fonte de energia sustentável, pois é gerada a partir de matéria orgânica de origem vegetal, o que faz com o gás carbônico emitido por ela seja absorvido pelas plantas, diferentemente de como ocorre com uma fonte fóssil", explica Zilmar Souza.

Ele detalha que a bioeletricidade gerada pelo setor, somente em 2022, evitou as emissões de gás carbônico em quase quatro milhões de toneladas, em valores estimados, marca que somente seria atingida com o cultivo de 27 milhões de árvores nativas por 20 anos.

Ambientalmente, mesmo em comparação com outras culturas do campo, a cana se destaca. Após a colheita, a palha fica no solo, oferecendo proteção natural contra a erosão e ervas daninhas, reduzindo a necessidade de defensivos agrícolas. Outro subproduto do canavial, a vinhaça, é utilizado como fertilizante natural, além de também se poder gerar energia elétrica por meio do biogás.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Startups
Ocyan fica entre as empresas que melhor se relacionam co...
18/10/24
Negócio
Descarbonização: Petrobras vende diesel com conteúdo ren...
18/10/24
Pré-Sal
MODEC celebra 10 anos do FPSO Cidade de Mangaratiba MV24
18/10/24
Espírito Santo
Brasil recebe mais de 400 líderes internacionais em even...
18/10/24
ANP
Oferta Permanente de Partilha (OPP): ANP faz consulta pú...
18/10/24
BNDES
Com R$ 500 mi do Fundo Clima, BNDES apoia usina de etano...
18/10/24
Rio de Janeiro
PortosRio e Polícia Federal assinam Termo de Cessão de U...
18/10/24
Hidrogênio
ExxonMobil Brasil e USP colaboram em projeto de transpor...
18/10/24
Biocombustíveis
CETENE e Embrapii se unem para otimizar produção de bioc...
17/10/24
ANP
Oferta Permanente de Concessão (OPC): ANP aprova novas v...
17/10/24
Firjan
Mais de 100 fornecedores de produtos e serviços particip...
17/10/24
Logística
Temadre passa a receber navios maiores, com capacidade a...
17/10/24
Combustíveis
Etanol fecha valorizado pelo 10º dia consecutivo; Açúcar cai
17/10/24
Reconhecimento
thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul é reconhecida, pelo se...
17/10/24
Sergipe
Petrobras anuncia nova licitação de plataformas do Sergi...
16/10/24
Etanol de milho
BNDES aprova R$ 500 mi para planta de etanol de milho no...
16/10/24
Gás Natural
Petrobras reduz preço do gás natural em 1,41% em relação...
16/10/24
SPE
Segurança Operacional é pauta permanente
16/10/24
Lançamento
Mapa TN de E&P e Logística Offshore 2024
15/10/24
Bacia de Campos
FPSO Maria Quitéria entra em operação no pré-sal da Baci...
15/10/24
Segurança
Shell celebra a 4ª edição do Fórum & Prêmio Shell de Lid...
15/10/24
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

20