Iniciativa inclui soluções como a Super Bateria de Hidrogênio, Armazenamento de Energia com Ar Comprimido e Hidrogênio Azul no Pré-Sal, visando melhorar o aproveitamento de energia no país, além de desenvolver novas fontes e reduzir emissões de carbono.
Redação TN Petróleo/Assessoria RCGINa foto: Pedro Costa (centro) ao lado de Julio Meneguini (à esq.) e demais coordenadores do hub de pesquisa.
O Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da USP anunciou ontem (6/11), durante a Conferência Internacional sobre Transição Energética (ETRI 2024), em São Paulo, a criação do GeoStorage, um hub de pesquisa que visa posicionar o Brasil como líder global em sistemas de armazenamento em larga escala de energia e carbono. Esse novo hub amplia o já robusto portfólio do RCGI, dedicado ao desenvolvimento de tecnologias cruciais para a transição energética, fortalecendo ainda mais o papel do centro na inovação e sustentabilidade energética.
"O Brasil tem um potencial extraordinário para se destacar neste setor, alinhando-se às principais iniciativas internacionais. As tecnologias do GeoStorage são fundamentais para a transição energética, e o crescente interesse de empresas globais em aplicá-las reforça a relevância do hub no cenário energético", afirma o diretor executivo e científico do RCGI, Julio Meneghini. "Com a demanda por hidrogênio limpo, projetada para 2050, e a captura de carbono estimada para alcançar 115 gigatoneladas até 2060, o impacto dessas tecnologias é claro e transformador para o futuro da energia sustentável", complementa o pesquisador Pedro Vassalo Maia da Costa, diretor do hub.
Super Bateria de Hidrogênio – Um dos principais temas de pesquisa do GeoStorage, o desafio aqui é resolver o problema da intermitência das energias renováveis, como a eólica e a solar. Utilizando cavernas de sal para armazenar hidrogênio produzido por eletrólise nos momentos de baixos preços e excedente de energia, a tecnologia permite converter o hidrogênio de volta em eletricidade durante períodos cujos preços estão mais elevados e há necessidade de se preservar os reservatórios das hidrelétricas. Este sistema oferece uma capacidade de armazenamento em larga escala, variando de centenas de GWh até TWh, com um custo 240 vezes menor que o dos sistemas de bombeamento hidráulico e 2000 vezes menor que o das baterias de lítio.
Armazenamento Sustentável com Ar Comprimido (CAES) – Esta proposta pioneira no Brasil visa gerenciar as flutuações de carga da rede e apoiar a integração das energias renováveis. O sistema funciona comprimindo ar nas cavernas subterrâneas utilizando o excesso de energia gerado nos períodos de baixa demanda energética. Quando a demanda aumenta, o ar comprimido é liberado e passa por turbinas que convertem essa energia de volta em eletricidade. Seu custo de implantação é a metade do das hidrelétricas reversíveis e até 20 vezes menor que o das baterias de lítio.
Hidrogênio Azul no Pré-Sal – Este projeto visa transformar o gás natural associado de reservatórios do pré-sal brasileiro, ricos em CO₂, em hidrogênio azul diretamente nas plataformas offshore. Utilizando um processo de reforma a vapor ou pirólise, o gás natural é convertido em hidrogênio, com armazenamento em cavernas de sal. A tecnologia maximiza o aproveitamento econômico do gás natural, evitando os altos custos e riscos relacionados à reinjeção contínua de CO₂ nos reservatórios de petróleo. Além disso, reduz a dependência de gasodutos e infraestruturas terrestres.
Separação Gravitacional em Cavernas de Sal – O RCGI desenvolveu uma tecnologia, já patenteada, que realiza a separação gravitacional de metano (CH₄) e CO₂ em cavernas de sal, resolvendo o problema do alto teor de CO₂ no gás natural do pré-sal. A nova tecnologia substitui a filtragem por membrana, que é cara e exige a reinjeção contínua de CO₂, o que pode comprometer os poços. Com essa solução, o CO₂ e o CH₄ são armazenados separadamente, reduzindo custos e aumentando a eficiência da recuperação de gás natural.
GeoStorage CO₂ & Hidrogênio – Focado na Bacia Sedimentar do Paraná, uma das maiores e mais promissoras da América do Sul para o armazenamento de gases, o projeto combina dados geofísicos, geomecânicos e geoquímicos para monitorar a integridade dos reservatórios. A bacia oferece condições ideais para o sequestro de CO₂ e o armazenamento de hidrogênio, fundamentais para a transição energética.
Descarbonização da Amazônia – Avalia o potencial da Bacia Sedimentar Amazônica para o armazenamento geológico de CO₂, enquanto simultaneamente explora a produção de gás natural. Utilizando ferramentas avançadas de modelagem geológica e sísmica, o projeto visa consolidar um banco de dados geofísico e geológico para o uso de xistos negros como reservatórios de CO₂ e gás de xisto, promovendo a descarbonização da região.
O GeoStorare consolida a expertise do RCGI no desenvolvimento de tecnologias inovadoras para o armazenamento geológico de carbono e hidrogênio no Brasil, destacando-se pela patente da tecnologia de separação gravitacional de metano e CO₂ em cavernas de sal, vencedora do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica em 2019. O hub também conta com renomados especialistas, como o professor Colombo Tassinari, do Instituto de Energia e Ambiente da USP, que recebeu o Prêmio ANP de Personalidade Científica em 2023. Além disso, está ancorado em uma base robusta de estudos científicos validados por publicações e apresentações em importantes congressos internacionais.
Sobre o RCGI – O Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) é um Centro de Pesquisa em Engenharia, criado em 2015, com financiamento da FAPESP e de empresas por meio dos recursos previstos na cláusula de P,D&I da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) dos contratos de exploração e comercialização de petróleo e gás. Além Além dos 11 projetos do GeoStorage, atualmente estão em atividade cerca de 60 projetos de pesquisa ativos (em um histórico de 110), ancorados em oito programas: NBS (Nature Based Solution); CCU (Carbon Capture and Utilization); BECCS (Bioenergy with Carbon Capture and Storage); GHG (Greenhouse Gases), Advocacy, InnovaPower, Decarbonization e Centre 2 Centre (projetos em colaboração direta com centros de pesquisa dos Estados Unidos). O RCGI, que conta com cerca de 600 pesquisadores, mantém colaborações com diversas instituições, como Oxford, Imperial College, Princenton e o National Renewable Energy Laboratory (NREL). Saiba mais.
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