Energia Renovável

Geografia faria lusos liderarem energia limpa, diz especialista

A geografia de Portugal e o acesso à energia solar, eólica e hidro-elétrica "dão-lhe grandes oportunidades de liderar nas energias renováveis", assegura Nicholas Stern no livro "O Desafio Global", que a editora Esfera do Caos acaba de publicar.

Agência Lusa
25/06/2009 18:25
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A geografia de Portugal e o acesso à energia solar, eólica e hidro-elétrica "dão-lhe grandes oportunidades de liderar nas energias renováveis", assegura Nicholas Stern no livro "O Desafio Global", que a editora Esfera do Caos acaba de publicar.


Numa nota à edição portuguesa, o autor - que ficou internacionalmente conhecido pelo "Relatório Stern" - salienta ainda que "Portugal tomou uma importante iniciativa no seu empenho na economia de baixo carbono e no investimento em eletricidade renovável, em particular eólica e solar".


Um investimento justificado porque, entre outros fatores, "Portugal, como a totalidade da Europa do Sul, é extremamente vulnerável às alterações climáticas", escreve o economista britânico.


Segundo Nicholas Stern, "emissões não controladas podem, para o fim deste século, começar a fazer com que grande parte da Europa Meridional se pareça com o deserto do Saara", sendo Portugal "inevitavelmente envolvido nas migrações de centenas de milhões de pessoas da África e outras paragens que se seguiriam à transformação do planeta ocasionada por alterações climáticas não controladas".


Esta é apenas uma das previsões que Stern inclui em "O Desafio Global - Como Enfrentar as Alterações Climáticas criando uma nova Era de Progresso e Prosperidade", onde salienta a urgência de reduzir as emissões dos gases com efeitos de estufa, destacando a importância das políticas públicas e o papel de cada cidadão.


Como podem as emissões ser reduzidas e a que custo, qual o papel das empresas nas políticas públicas, quais as metas para os países ricos, como pode a comunidade internacional apoiar a adaptação nos países em desenvolvimento às alterações climáticas, quais os custos da inação - estes são alguns dos aspectos focados no livro.


A obra marca o início da Coleção Gulbenkian Ambiente, dirigida pelo acadêmico e ambientalista Viriato Soromenho-Marques, que assina o prefácio à edição portuguesa e para quem a atual crise econômica e financeira tem "nas suas raízes mais fundas e nas suas consequências mais distantes" uma ligação essencial "com a negligência com que a Humanidade tem habitado e malbaratado este planeta".



De acordo com Nicholas Stern, a história do livro tem início quando Gordon Brown, então ministro das Finanças do Reino Unido, lhe pediu para "dirigir uma investigação sobre a economia das alterações climáticas". Dessa pesquisa resultaria o "Relatório Stern sobre a Economia das Alterações Climáticas", divulgado em outubro de 2006 e no qual assenta "O Desafio Global", obra desenvolvida ao longo dos dois anos subsequentes.


"Como é possível que, em face das esmagadoras provas científicas e lógicas, ainda exista quem negue os perigos e a urgência da ação?" - questiona o autor, para quem "agir pensando que o futuro será igual ao passado é simplesmente uma tolice".


"Mesmo que sejamos prudentes, as emissões do passado combinar-se-ão com as que emitiremos no futuro próximo e teremos de lidar com prováveis temperaturas médias acrescidas de 2-3º C, possivelmente mais, face a 1850. Estes efeitos tornar-se-ão muito mais intensos e a adaptação será essencial e dispendiosa", exigindo que se planeje antecipadamente, explica Nicholas Stern.

 

Apesar de realçar a importância de um compromisso a nível das políticas públicas dos vários países, a responsabilidade individual não é esquecida pelo economista, que indica exemplos de ação comunitária como Woking, uma pequena vila do Reino Unido que gera energia no local em que é utilizada, principalmente a partir de moinhos de vento locais, "reduzindo as perdas por transmissão e aumentando a eficiência".


Stern aponta também como um êxito o sistema de aquecimento do distrito de Copenhague, "que fornece aquecimento limpo, confiável e acessível a 97% da cidade".


"Criado em 1984, o processo captura simplesmente o calor desperdiçado pela produção de eletricidade - normalmente libertado no mar - e canaliza-o de volta, através de tubagens, para as residências", o que permitiu reduzir as contas de energia das habitações em 1.400 euros anuais e poupou, ao distrito de Copenhague, o equivalente a 665.000 toneladas de CO2, conta o pesquisador.


Para Nicholas Stern, apesar dos vários casos de sucesso conhecidos, a dificuldade em mobilizar os indivíduos para a ação resulta da combinação de dois fatores: "a menos que as pessoas tenham visto ou sentido um problema, é difícil persuadi-las de que é necessária uma resposta" e como "os efeitos das alterações climáticas só se tornam patentes ao fim de um longo período de tempo"... as mudanças ficam muitas vezes por concretizar.


Todavia, se em vez de levar o problema a sério o mundo esperar até que Bangladesh, a Holanda ou a Flórida estejam submersos, "será demasiado tarde para sairmos de um enorme buraco", alerta Stern.


Lembrando que as alterações climáticas são um fenômeno não equitativo, em que "os países ricos são responsáveis pela maior parte das emissões, mas os países pobres são atingidos mais cedo e mais duramente", o autor insiste na necessidade de um compromisso global.


Um acordo que "tem de ser eficaz no sentido de fazer baixar as emissões na escala necessária; tem de ser eficiente quanto a manter baixos os custos; e tem de ser equitativo em relação às capacidades e responsabilidades, levando em conta tanto as origens como o impacto das alterações climáticas", conclui.


Nicholas Stern, de 63 anos, é docente da Escola de Economia de Londres, professor convidado da Universidade de Oxford e presidente do Instituto de Pesquisa Grantham sobre Alterações Climáticas e Ambiente.


Foi conselheiro especial do presidente do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (1994-1999) e vice-presidente e economista-chefe do Banco Mundial (2000-2003), sendo consultor do governo britânico e da Comissão Europeia para as Alterações Climáticas e Desenvolvimento.
 
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