A comitiva gaúcha, formada pela Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seinfra), portos do Rio Grande e de Porto Alegre, Conselho de Autoridade Portuária do Rio Grande (CAP/RG), Sindicato dos Portuários e Prefeitura de Pelotas estiveram na última sexta-feira, 23, realizando visita técnica ao porto de Suape (Pernambuco), onde conheceu o estaleiro Atlântico Sul. A visita teve como objetivo conhecer a experiência do estaleiro, tendo em vista a implantação do polo naval em Rio Grande.
O primeiro compromisso da agenda foi a visita a administração do Complexo Industrial Portuário de Suape. Na ocasião, a comitiva foi recebida pelo diretor vice-presidente de Suape, Sidnei José Aires, que realizou uma apresentação abordando a infraestrutura, os novos investimentos e quais são as estratégias de crescimento do porto, que tem forte foco na área naval. Com previsão de investimentos públicos de R$ 768 milhões em 2010, o Porto de Suape pretende qualificar sua estrutura para até 2016 atingir uma movimentação anual de 48 milhões de toneladas. Considerado um porto-indústria, o porto pernambucano possui mais de 90 empreendimentos em operação (indústria, terminais portuários, empresas de serviços) e outros 30 em fase de implantação, totalizando investimentos da ordem de US$ 18 bilhões, com geração de 21 mil empregos direto.
Dentro deste contexto está o estaleiro Atlântico Sul, considerado pela administração do porto como um fator importantíssimo no desenvolvimento regional, com atração de empresas, geração de emprego e renda. A integração entre o porto e o estaleiro possibilitou a implantação do Centro de Treinamento Engenheiro Francisco Vasconcelos, destinado à qualificação de profissionais para as diversas funções na área naval. A estrutura, que foi construída pelo estaleiro, após a conclusão do programa de formação de mão de obra da empresa, passará a ser gerido pelo Porto de Suape e utilizado na capacitação de trabalhadores para outras empresas da região.
Após a visita ao porto, a comitiva foi recebida no estaleiro Atlântico Sul por seu presidente, Angelo Bellelis, pelo membro do Conselho Diretor, Paulo Haddad, e pelo diretor Geral da Quip, Miguelangelo Thome. A comitiva conheceu a planta do estaleiro, seu funcionamento e os projetos em andamento. Criado em 2005 o estaleiro Atlântico Sul tem como sócio os grupos Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, a sul-coreana Samsung Heavy Industries (SHI) e a empresa PJMR, sendo considerada a maior e mais moderna empresa do setor de construção e separação naval e offshore do Hemisfério Sul. Com investimentos de R$ 1,4 bilhão, o estaleiro possui capacidade instalada de processamento de ordem de 160 mil toneladas de aço por ano. A estrutura está instalada em um terreno de 1,6 milhão de metros quadrados, com área industrial coberta de 130 mil metros quadrados e um dique seco de 400 metros de extensão, 73 de largura e 12 metros de profundidade. O dique conta com dois pórticos de 1,5 ml toneladas. Ainda possui cais de 730 metros de extensão. O Atlântico Sul é focado na produção de navios cargueiros: tankers, conteineiros, graneleiros e de carga gerais, entre outros - além de plataformas offshore. Em sua carteira já constam 22 navios.
Na ocasião, a comitiva ainda acompanhou a construção do casco da P-55, que posteriormente será transportado para o estaleiro Rio Grande onde será integrado aos módulos que estão sendo executados no porto gaúcho.
Ainda foram apresentados à comitiva os projetos na área social. Com nove mil funcionários e preocupado com o desenvolvimento da região, o estaleiro Atlântico Sul reservou vagas para empregar moradores de comunidades carentes de cinco municípios do entorno do complexo de Suape. Também desenvolve programa de educação para os alunos do Ensino Fundamental e Médio da rede pública do município onde está instalado. Além disso, a comunidade ainda é beneficiada com programas de alfabetização e de estímulo ao hábito da leitura e escola de ensino profissionalizante. Para os funcionários são oferecidos um leque de benefícios extensivos aos familiares, além de programas internos e do programa de habitação, que inclui a construção de moderno condomínio com duas mil casas.
De acordo com o superintendente do Porto do Rio Grande, Jayme Ramis, a viagem foi de grande aprendizado para conhecer de que forma se deve estar preparado para o crescimento da indústria naval em Rio Grande. "O trabalho que eles estão desenvolvendo com integração do porto e dos governos estadual e municipal está transformando uma região historicamente pobre em uma área próspera com forte investimento em infraestrutura e em implantação de novos empreendimentos. É dessa forma que queremos que a indústria naval se desenvolva em Rio Grande", finalizou Ramis.