Empresas

Furnas revela sócios em Três Irmãos e encerra suspense

FIP Constantinopla é o acionista majoritário, com os 50,1%.

Valor Econômico
31/03/2014 13:58
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Furnas decidiu terminar o suspense e revelou no sábado (29) a identidade dos cinco investidores que integram o Fundo de Investimento em Participações (FIP) Constantinopla. Os nomes não são muito conhecidos no setor elétrico, pelo menos à primeira vista. O fundo associou-se à subsidiária do grupo Eletrobras no Consórcio Novo Oriente, o único que participou do leilão da hidrelétrica paulista de Três Irmãos, realizado na sexta-feira (28) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), na sede da Bovespa.
Furnas detém 49,9% do consórcio, enquanto o FIP Constantinopla é o acionista majoritário, com os 50,1% restantes. Ao ver que não teria concorrentes, o consórcio venceu o leilão sem oferecer deságio sobre a remuneração máxima permitida para operar a usina, de R$ 31,6 milhões por ano.
Os investidores do FIP são a GPI Participações e Investimentos S.A., Goldenbank Participações S.A, Darjan Participações S.A., Cialo Participações S.A. e Cypress Associates Gestão e Participações Ltda. Esta última também é a gestora do fundo Constantinopla, cujo administrador, Eduardo Borges, foi o único representante dos cotistas que participou da entrevista na sexta-feira. No passado, Borges fui sócio do Banco Modal, que estruturou o fundo Coliseu, dando origem à Taesa.
Apesar de encerrar o sigilo, Furnas não forneceu maiores informações sobre as atividades das empresas. "Ao fim de um processo de chamada pública que durou seis meses e do qual participaram 16 interessados entre empresas e fundos, o FIP Constantinopla foi selecionado por Furnas para formar parceria no leilão da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, administrado pela Cypress Gestão", informou a estatal, em e-mail enviado ao 'Valor'.
"Além do administrador do Fundo, as demais companhias investidoras estão voltadas para investimentos em infraestrutura, notadamente energia elétrica e saneamento, além de experiência em operação e manutenção de PCHs [pequenas hidrelétricas], através de empresa subsidiária", diz a nota de Furnas.
O mistério sobre o fundo causou estranheza e alimentou especulações na sexta-feira. O sigilo serviu de munição para o governo paulista, que foi contrário à exclusão das duas eclusas e o canal dos ativos de Três Irmãos. O secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, disse que o segredo em torno dos sócios de Furnas gerava "suspeitas" e chamou o sigilo de "esculhambação".
A pedido do governo paulista, o Tribunal de Contas da União (TCU) impediu, na sexta-feira à tarde, a Aneel de assinar o novo contrato de concessão da hidrelétrica, até que haja uma deliberação em torno da operação das eclusas e do canal. O governo federal alega que o Estado de São Paulo é o responsável pelos ativos de navegação.
O presidente da Eletrobras, José da Costa, afirmou que Furnas "vai agir" para garantir a assinatura do contrato, após ser informado pelo 'Valor' sobre a medida cautelar do TCU. "Ainda não vi detalhes, mas o que posso dizer é que vamos tomar todas as providências no sentido de demover essa decisão", disse Costa, que prevê resolver a questão "o mais breve possível".
A decisão do TCU foi comemorada por Aníbal e pelo diretor do departamento hidroviário do governo de São Paulo, Casemiro Carvalho. "O próximo passo é trabalhar para inclusão das eclusas e do canal", disse Carvalho.
"Eles terão de fazer outro leilão", afirmou Aníbal, que também se queixou da portaria assinada pelo governo federal, que parcela em sete anos o pagamento de R$ 1,7 bilhão devido à Cesp pela usina Três Irmãos. "Parece carnê de consórcio de automóvel", disse o secretário, que afirmou que enviaria uma carta ao ministro Lobão.
Os diretores da Aneel, André Pepitone e Romário Batista, a diretora de novos negócios de Furnas, Olga Simbalista, e o executivo da Cypress tentaram desfazer o estranhamento causado pelo mistério em torno do FIP Constantinopla. Entre os motivos alegados, foram mencionados impedimentos relacionados às regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Borges disse que a identidade dos cotistas também não era informada porque as empresas não estavam presentes, na sexta-feira, à entrevista.
A sistemática do leilão de Três Irmãos foi semelhante à aplicada nos certames de linhas de transmissão, mas a Aneel promoveu uma alteração, permitindo que a verificação da habilitação das empresas só fosse realizada após o oferecimento dos lances.
Pepitone procurou diminuir o fato do leilão ter atraído apenas um consórcio formado pela Eletrobras, que vai operar a usina. O leilão foi o "sucesso do sucesso", disse o diretor da Aneel, para quem a participação do FIP Constantinopla mostra o interesse do capital privado. "Furnas fez história no setor elétrico ao vencer o leilão da primeira hidrelétrica sob a égide da nova lei", disse Pepitone.
Olga, de Furnas, declarou que a estatal acredita "ter um retorno muito bom" com o novo modelo de remuneração criado pela Lei 12.783, que extinguiu os contratos de concessão do setor elétrico que terminam até 2017. Furnas pretende participar dos próximos leilões, sobretudo das usinas paulistas de Ilha Solteira e Jupiá, disse Olga.
Fontes do setor pensam o oposto. Guilherme Schmidt, do escritório L.O. Baptista, afirma que a Eletrobras pode ter de assumir as demais hidrelétricas que serão devolvidas. "O resultado do leilão mostra que o setor privado rejeitou o novo modelo. O governo não passou no teste", disse o executivo.
A Aneel vai leiloar sete usinas em 2015: Capivari (Copel), Ilha Solteira e Jupiá (Cesp), Itutinga, Salto Grande, Três Marias e Miranda (Cemig).

Furnas decidiu terminar o suspense e revelou no sábado (29) a identidade dos cinco investidores que integram o Fundo de Investimento em Participações (FIP) Constantinopla. Os nomes não são muito conhecidos no setor elétrico, pelo menos à primeira vista. O fundo associou-se à subsidiária do grupo Eletrobras no Consórcio Novo Oriente, o único que participou do leilão da hidrelétrica paulista de Três Irmãos, realizado na sexta-feira (28) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), na sede da Bovespa.

Furnas detém 49,9% do consórcio, enquanto o FIP Constantinopla é o acionista majoritário, com os 50,1% restantes. Ao ver que não teria concorrentes, o consórcio venceu o leilão sem oferecer deságio sobre a remuneração máxima permitida para operar a usina, de R$ 31,6 milhões por ano.

Os investidores do FIP são a GPI Participações e Investimentos S.A., Goldenbank Participações S.A, Darjan Participações S.A., Cialo Participações S.A. e Cypress Associates Gestão e Participações Ltda. Esta última também é a gestora do fundo Constantinopla, cujo administrador, Eduardo Borges, foi o único representante dos cotistas que participou da entrevista na sexta-feira. No passado, Borges fui sócio do Banco Modal, que estruturou o fundo Coliseu, dando origem à Taesa.

Apesar de encerrar o sigilo, Furnas não forneceu maiores informações sobre as atividades das empresas. "Ao fim de um processo de chamada pública que durou seis meses e do qual participaram 16 interessados entre empresas e fundos, o FIP Constantinopla foi selecionado por Furnas para formar parceria no leilão da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, administrado pela Cypress Gestão", informou a estatal, em e-mail enviado ao 'Valor'.

"Além do administrador do Fundo, as demais companhias investidoras estão voltadas para investimentos em infraestrutura, notadamente energia elétrica e saneamento, além de experiência em operação e manutenção de PCHs [pequenas hidrelétricas], através de empresa subsidiária", diz a nota de Furnas.

O mistério sobre o fundo causou estranheza e alimentou especulações na sexta-feira. O sigilo serviu de munição para o governo paulista, que foi contrário à exclusão das duas eclusas e o canal dos ativos de Três Irmãos. O secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, disse que o segredo em torno dos sócios de Furnas gerava "suspeitas" e chamou o sigilo de "esculhambação".

A pedido do governo paulista, o Tribunal de Contas da União (TCU) impediu, na sexta-feira à tarde, a Aneel de assinar o novo contrato de concessão da hidrelétrica, até que haja uma deliberação em torno da operação das eclusas e do canal. O governo federal alega que o Estado de São Paulo é o responsável pelos ativos de navegação.

O presidente da Eletrobras, José da Costa, afirmou que Furnas "vai agir" para garantir a assinatura do contrato, após ser informado pelo 'Valor' sobre a medida cautelar do TCU. "Ainda não vi detalhes, mas o que posso dizer é que vamos tomar todas as providências no sentido de demover essa decisão", disse Costa, que prevê resolver a questão "o mais breve possível".

A decisão do TCU foi comemorada por Aníbal e pelo diretor do departamento hidroviário do governo de São Paulo, Casemiro Carvalho. "O próximo passo é trabalhar para inclusão das eclusas e do canal", disse Carvalho.

"Eles terão de fazer outro leilão", afirmou Aníbal, que também se queixou da portaria assinada pelo governo federal, que parcela em sete anos o pagamento de R$ 1,7 bilhão devido à Cesp pela usina Três Irmãos. "Parece carnê de consórcio de automóvel", disse o secretário, que afirmou que enviaria uma carta ao ministro Lobão.

Os diretores da Aneel, André Pepitone e Romário Batista, a diretora de novos negócios de Furnas, Olga Simbalista, e o executivo da Cypress tentaram desfazer o estranhamento causado pelo mistério em torno do FIP Constantinopla. Entre os motivos alegados, foram mencionados impedimentos relacionados às regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Borges disse que a identidade dos cotistas também não era informada porque as empresas não estavam presentes, na sexta-feira, à entrevista.

A sistemática do leilão de Três Irmãos foi semelhante à aplicada nos certames de linhas de transmissão, mas a Aneel promoveu uma alteração, permitindo que a verificação da habilitação das empresas só fosse realizada após o oferecimento dos lances.

Pepitone procurou diminuir o fato do leilão ter atraído apenas um consórcio formado pela Eletrobras, que vai operar a usina. O leilão foi o "sucesso do sucesso", disse o diretor da Aneel, para quem a participação do FIP Constantinopla mostra o interesse do capital privado. "Furnas fez história no setor elétrico ao vencer o leilão da primeira hidrelétrica sob a égide da nova lei", disse Pepitone.

Olga, de Furnas, declarou que a estatal acredita "ter um retorno muito bom" com o novo modelo de remuneração criado pela Lei 12.783, que extinguiu os contratos de concessão do setor elétrico que terminam até 2017. Furnas pretende participar dos próximos leilões, sobretudo das usinas paulistas de Ilha Solteira e Jupiá, disse Olga.

Fontes do setor pensam o oposto. Guilherme Schmidt, do escritório L.O. Baptista, afirma que a Eletrobras pode ter de assumir as demais hidrelétricas que serão devolvidas. "O resultado do leilão mostra que o setor privado rejeitou o novo modelo. O governo não passou no teste", disse o executivo.

A Aneel vai leiloar sete usinas em 2015: Capivari (Copel), Ilha Solteira e Jupiá (Cesp), Itutinga, Salto Grande, Três Marias e Miranda (Cemig).

 

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